SILÊNCIO DE FRANCISCO LOPES NA CPI É PREJUDICIAL, DIZ PEDRO SIMON



Se o ex-presidente do Banco Central, Francisco Lopes, se recusar a responder às perguntas dos senadores durante seu depoimento na CPI do sistema financeiro, ainda a ser marcado, estará assumindo publicamente uma confissão de culpa, afirmou, nesta quinta-feira (dia 29), o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Autor do requerimento para que a CPI do sistema financeiro volte a convocar o ex-presidente do Banco Central, aprovado na quarta-feira (dia 28) pela comissão, Simon disse que considera "grave" a posição assumida por Lopes, de declarar-se réu antes mesmo de prestar qualquer esclarecimentos no Senado.O senador disse que Lopes será ouvido pela CPI como indiciado e não mais como testemunha, pelo fato de se ter recusado a assinar o compromisso para falar a verdade. A partir desse episódio, observou o senador, não será mais necessário que Lopes assine o termo de compromisso na comissão, mas o Código Penal lhe garante o direito de ficar em silêncio quando não quiser responder a qualquer pergunta feita pelos senadores.- Se ele quiser ficar em silêncio o problema é dele, mas acho que ficando calado ele será ainda mais prejudicado - afirmou Simon.Para o senador gaúcho, a decisão da CPI de voltar a convocar Lopes foi importante, pois os senadores poderão decidir a data do depoimento quando acharem conveniente, obrigando o ex-presidente do Banco Central a comparecer ao Senado, sob pena de Francisco Lopes ser conduzido preso à comissão. A data do depoimento, segundo Simon, deverá ser marcada para mais adiante, quando os senadores tiverem reunido mais provas, documentos e informações sobre a atuação de Lopes no Banco Central.- Ele pensou que iria nos dar uma rasteira, mas não vai não. Ele vai voltar aqui e quando nós quisermos - observou.Simon disse que não está preocupado com a possibilidade de outros depoentes venham a adotar a estratégia utilizada por Francisco Lopes na CPI, de não assinar o termo de compromisso para dizer a verdade. - Não estou nem um pouco preocupado com a possibilidade de outros depoentes imitarem Francisco Lopes, porque de duas uma: ou estarão fazendo isso por que se sentem incriminados e se confessam réus, ou estarão sendo vítimas da incompetência de seus advogados de defesa - explicou.No caso de os depoentes se confessarem réus, negando-se a assinar o compromisso de falar a verdade, a CPI poderá aprovar, de imediato, a quebra do seu sigilo bancário, fiscal, telefônico e postal, esclareceu o senador.Segundo Simon, a prisão de Francisco Lopes, decretada pela CPI na última segunda-feira (dia 26) e sua libertação pela Justiça em seguida, foi "um ótimo acontecimento" para que a opinião pública perceba que a CPI não pode colocar ninguém na cadeia. Ele relembrou as decisões e recomendações de outras CPIs, dentre as quais a que culminou com o impeachment de Fernando Collor e a cassação dos chamados "anões do orçamento". Para Simon, essas CPIs "não terminaram em pizza", como dizem, e resultaram em decisões importantes para o país, mas a opinião pública precisa entender que as prisões só podem ser feitas e mantidas pela Justiça e não pelo Senado.

29/04/1999

Agência Senado


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