Simon elogia postura de Saturnino



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) elogiou a atuação de Roberto Saturnino (PSB-RJ) como relator, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, da fraude no painel de votação eletrônica. Para ele, Saturnino é um dos poucos homens públicos do país "acima do bem e do mal".

O discurso de Simon foi um desagravo a Saturnino, que subira antes à tribuna contrariado com a manchete desta sexta-feira (dia 4) estampada pelo Jornal do Brasil. O matutino carioca divulgou que Saturnino já decidira seu parecer pela cassação dos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido - DF), envolvidos no episódio que resultou na violação do painel eletrônico para extração da lista de votos da sessão secreta que cassou o senador Luiz Estevão. O senador enfatizou que nada disse à imprensa.

Para Simon, é "difícil encontrar no Senado uma dupla que corresponda à dignidade e ao respeito como o relator e o presidente do Conselho de Ética" (o senador Ramez Tebet, do PMDB do Mato Grosso do Sul). Disse que ambos tiveram uma atuação excepcional na "seriedade, correção e busca da verdade" com que os trabalhos foram conduzidos. Lembrou que a escolha de Saturnino para a relatoria do caso foi difícil, tendo demorado semanas.

O representante do Rio Grande do Sul afirmou que o Conselho "conseguiu um milagre" por ter reconstruído todos os fatos da fraude no painel de votação. Elogiou a isenção dos técnicos da Universidade de Campinas (Unicamp), cuja perícia permitiu detectar a fraude, e também dos funcionários do Senado na condução do inquérito administrativo sobre o episódio.

- Acho que chegamos aos finalmente com rara felicidade, porque eu achava muito difícil chegar onde nós chegamos, já que não tínhamos as provas - afirmou Simon.O senador ressaltou que outros jornais da sexta-feira diziam que o relator fora "muito mole" na condução do interrogatório aos dois senadores acusados de perpetrar a fraude.

- Não digo que foi frouxo, mas concordo que não foi áspero - lembrando que Saturnino, que lutara pela democracia nos tempos da ditadura, tinha como interrogado o senador Antonio Carlos Magalhães, "com todo o seu passado".

Para Pedro Simon, o jornal fez "o jogo do senhor Antonio Carlos", que estaria interessado em postergar a votação do relatório. Segundo o parlamentar, ao pedir mais tempo para sua elaboração, Saturnino estaria caindo nesse jogo, mesmo contra a vontade.

Em aparte, Roberto Saturnino afirmou ter sido "absolutamente enfático" ao declarar a todos os jornais que nada iria dizer antes da apresentação de seu relatório, o que faria na quinta-feira da semana que vem. Para ele, a manchete do Jornal do Brasil foi "realmente um abuso, resultado de disputa entre órgãos de imprensa para vender e lucrar mais".

O relator afirmou que isso acaba "criando um clima de caça às bruxas, que devemos evitar de todas as formas". Disse que a manchete realmente o machucou, justificando seu pedido de adiamento da entrega do relatório por ter se sentido "submetido a um clima que não é realmente o de serenidade que devemos ter". Em outro aparte, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) ressaltou que o jornal Correio Braziliense trazia a mesma manchete do JB.

Simon descartou a possibilidade de que os principais partidos que dão sustentação ao governo - PFL, PMDB e PSDB - façam ou tenham feito um acordo para que os senadores não sejam cassados, em troca da não instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de corrupção na esfera federal. Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) indagou a Simon se Antonio Carlos e Arruda, então presidente do Senado e líder do governo, respectivamente, não teriam contado ao presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a fraude.

- Acho difícil ele (Arruda) não ter contado ao presidente - respondeu Simon, acrescentando que o Senado conseguirá sair desse episódio com dignidade.

04/05/2001

Agência Senado


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