Simon oferece apoio a Garibaldi, mas critica Lula, Sarney e PMDB
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que o Senado e os senadores estão vivendo um momento realmente importante porque existe a possibilidade de a Casa procurar a independência em relação ao Palácio do Planalto e conseguir diminuir o envio das medidas provisórias que, em sua opinião, atravancam a pauta de votações. O senador garantiu não estar pregando a afronta ao Executivo, mas ponderou que uma boa convivência não quer dizer subserviência. Nesse patamar de boas relações, Simon hipotecou seu apoio ao novo presidente, Garibaldi Alves Filho, e desejou-lhe êxito em sua difícil missão de resgatar a credibilidade e a imagem do Senado.
Quanto ao PMDB, Pedro Simon fez questão de dizer que há muito tempo tem restrições ao comando do partido e os que vêm comandando o partido nos últimos anos, como Jáder Barbalho, José Sarney, Ney Suassuna e Renan Calheiros, também têm restrições a ele. Justificou, no entanto, suas posições dizendo que essas já foram as posições da maioria do partido - "na época do Dr. Ulysses, do Dr. Tancredo, do Dr. Teotônio, na época áurea das grandes lutas, quando o MDB era um partido que parecia um grupo de malucos imaginando que podia mudar o mundo". Para ele, o partido mudou muito desde então.
- O que era o PMDB? Éramos pelas Diretas Já, pela democracia, pelos direitos humanos. Não é o que o PMDB é hoje. O mesmo grupo do PMDB que apoiou FHC [o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso] agora está apoiando Lula - ressaltou.
Em seu discurso, Pedro Simon também cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicações sobre as declarações do presidente de que ele, Pedro Simon, era imprevisível e não era de confiança. Ele lembrou que ao longo da vida política de Lula, sempre gozou de sua confiança e da sua amizade, e que só se afastou do presidente após as primeiras denúncias de corrupção envolvendo funcionários do governo.
- Perdão, presidente Lula, eu sou previsível, porque sou coerente nas posições que sempre defendi, desde os tempos da ditadura. É preciso que o presidente Lula diga, à Nação, os motivos que tem para não confiar em mim - protestou.
Simon também fez duras críticas em seu discurso em relação ao senador José Sarney (PMDB-AP). Ele ressaltou que, após as primeiras denúncias de corrupção envolvendo o então assessor da Presidência da República Waldomiro Diniz, Sarney - na época presidente do Senado - recusou-se a indicar os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, e que, para fazê-la funcionar, foi necessário que um grupo de parlamentares, no qual ele estava incluído, recorresse ao Supremo Tribunal Federal.
- É por isso que o presidente Lula diz que o senador Sarney é homem de sua confiança e que, nas horas mais difíceis, ele esteve a seu lado - afirmou.
Pedro Simon fez questão de explicar que não deixa o partido por suas divergências com o comando do PMDB porque tem a convicção de que "o velho PMDB" vai voltar.
- Eu não teria como dizer a meus filhos: Saí do PMDB, deixei o Sarney na Presidência, porque o PMDB não é mais o mesmo partido. Eu não posso fazer isso por que o Dr. Sarney passa, o PMDB fica; O Dr. Sarney passa, nós ficamos - destacou.
Simon disse, no entanto, ter visto um ponto bom no processo de sucessão à Presidência do Senado: ter conseguido de Sarney a promessa, na reunião do PMDB que escolheu o indicado do partido para o cargo na terça-feira (11), de que ele não disputaria a Presidência do Senado agora e nem daqui a dois anos.
12/12/2007
Agência Senado
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