Simon pede que CPI investigue "sem restrições"



Em um longo pronunciamento nesta quinta-feira (14), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) lamentou que o Senado comece o ano discutindo a criação da comissão parlamentar de inquérito sobre os cartões corporativos, em vez de se debruçar sobre a reforma política ou a reforma tributária. Mas o parlamentar afirmou que o assunto deve ser investigado, sem restrições, para que o Congresso Nacional possa manter sua dignidade.

O parlamentar disse que a CPI deve discutir o uso dos cartões, não quais foram as despesas dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

- Quero que se comece a CPI discutindo os cartões, o que está certo, o que está errado, e apurar o que aconteceu. Se chegar no Lula, não vamos cair fora porque é o Lula; no filho do Lula, não vamos cair fora porque é o filho do Lula; no Fernando Henrique, não vamos tirar fora porque é o Fernando Henrique - disse.

Para Simon, é correto que Lula argumente serem sigilosas as contas de sua família. Mas observou que algumas coisas "são ridículas", citando as contas da filha de Lula em Florianópolis.

- Cá entre nós, sete seguranças, três carros, é meio grosseiro. O Itamar me telefonou para dizer. Ele foi presidente da República, tem duas filhas, e nunca nenhuma das duas filhas tiveram um segurança - afirmou.

Simon opinou que a obediência ao regimento na escolha dos dirigentes da CPI, com o presidente sendo indicado pelo maior partido do Senado, o PMDB, e a relatoria pelo maior partido da Câmara, o PT, não é o melhor para o país: para ele, o presidente deveria ser de um grupo e o relator de outro.

- O ideal seria que nem o PSDB nem o PT estivessem na presidência ou na relatoria, porque, afinal, são os dois que estão mais envolvidos.

Simon disse não conseguir entender por que o governo federal distribuiu mais de 11 mil cartões corporativos.

- Foram feitas as biografias dessas 11 mil pessoas? - perguntou Simon, que disse não dar cheque em branco nem para seu filho.

O representante gaúcho afirmou também não entender por que o presidente Fernando Henrique criou os cartões corporativos. Sugeriu que a CPI convide o governador de São Paulo, José Serra, para explicar por que implantou o uso dos cartões no governo daquele estado.

Simon criticou a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pela decisão de impedir ministros de usar os cartões, mas permitir seu uso por assessores.

- Isso é tirar o sofá da sala. Essa foi uma decisão, na minha opinião, grotesca, uma decisão meio ridícula de alguém que quer abafar e não resolver.

Reformas

Simon defendeu que o Congresso Nacional altere a tramitação das medidas provisórias, impedindo que elas tranquem a pauta de votação. Ele defendeu também que, na ausência de sua votação, as MPs percam a validade, não podendo ser reeditadas.

O senador pediu também coragem ao Senado para votar as reformas política e tributária. Lembrou que o ex-governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminha reforma tributária ao Congresso Nacional no dia 21.

- É bom, mas não vamos esquecer que o Fernando Henrique já trouxe e, na hora de votar, não deixou votar, que o Lula já trouxe e, na hora de votar, não deixou votar. Mas fazer uma reforma tributária, fazer uma reforma política, racionalizar as medidas provisórias e ter dignidade na condução da CPI são coisas muito importantes na hora que estamos vivendo - afirmou.

14/02/2008

Agência Senado


Artigos Relacionados


Simon para Dilma: 'Investigue o que tiver que investigar'

Simon lamenta que Congresso não investigue irregularidades na venda de estatais

Simon quer que Conselho de Ética investigue comportamento de integrantes da CPI do Cachoeira

Simon critica Dilma e compara restrições a novos partidos ao 'pacote de abril' da ditadura

NABOR PEDE QUE SE INVESTIGUE DENÚNCIA DE INFILTRAÇÃO NO MST

Mozarildo pede à PGR que investigue liberação de emendas parlamentares