Sociedade Brasileira de Mastologia tenta tranquilizar mulheres com próteses mamárias
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), José Luiz Pedrini, tentou tranquilizar as mulheres com próteses mamárias de silicone. Em audiência pública nesta terça-feira (14), ele destacou estudo mostrando que, em condições normais, o índice de ruptura dessas próteses chega a 15% aos dez anos de implantação. No entanto, observou que, conforme as mesmas análises, o material extravasado não causa câncer ou qualquer problema sistêmico para a saúde da mulher.
- A maioria dos implantes mamários pode estar rompida há algum tempo. Mas até hoje não foi observado se a troca ou não troca teria consequência a longo prazo para essas mulheres - afirmou.
Pedrini foi um dos convidados de audiência conjunta das comissões de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e de Assuntos Sociais (CAS) que debateu o problema de próteses de silicone adulteradas, como as das marcas PIP, da França, e Rofil, da Holanda. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cancelou os registros das próteses devido a adulterações no material. A estimativa é de que aproximadamente 15 mil brasileiras tenham implantado próteses dessas marcas.
Sem se referir ao problema específico, Pedrini confirmou que, na ocorrência de vazamento, o silicone pode ir para o tecido mamário e vasos linfáticos das axilas e mesmo para o fígado. Além disso, o material também pode ser confundido com tumores, ou ainda dificultar o diagnóstico de câncer. O médico ressaltou, porém, que o silicone por si mesmo não seria cancerígeno nem provocaria outros problemas de fundo.
Retirada dos implantes
No caso das marcas defeituosas, a diretriz do governo é para que as pacientes sejam avaliadas pelo cirurgião responsável e submetidas à retirada dos implantes caso estes apresentem ruptura, suspeita de ruptura ou algum problema clínico.
O vice-presidente da SBM observou, entretanto, que exames habituais de imagem possuem eficácia limitada para detectar problemas. Segundo ele, o único exame com alta capacidade de diagnóstico é a ressonância magnética, mas com custo elevado, que pode chegar a R$ 1.500.
Pedrini observou ainda que as portadoras sem sintomas serão registradas e acompanhadas a longo prazo e periodicidade regular. Destacou que, nesse caso, os custos com exames ao longo do tempo representarão encargos mais pesados que a troca imediata das próteses, já que o valor global do procedimento fica em torno de R$ 2 mil pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Depois de lembrar que está sendo formada uma comissão para estudar a questão dos implantes mamários no país, Pedrini alertou para importância da manutenção da garantia do direito legal assegurado às mulheres de fazer esse tipo de cirurgia reparadora para as indicações já previstas, incluindo a retirada da mama em casos de câncer. Segundo ele, curar a mulher, mas deixar uma invalidez "física e emocional" representa o "triunfo do mau gosto" das habilidades terapêuticas.
Médicos e vítimas
O médico Rodrigo Wobeto, que preside a Associação das Vítimas da PIP, disse que os cirurgiões que optaram por essa marca de prótese também são vítimas e, hoje, precisam prestar assistência continua às clientes que correm para seus consultórios, aterrorizadas com as notícias divulgadas.
- Não são problemas médicos. O maior é o medo devido ao pânico criado. Pensam que uma bomba vai romper dentro do peito - disse.
Wobeto observou que a marca PIP era uma das mais conceituadas, com mais de 20 anos no mercado, contando com certificação dos órgãos sanitários no Brasil e no exterior. Também disse que não há fundamento nos comentários de que se tratava de produto inferior, de baixo custo, ressaltando que o preço chegava a R$ 1.700.
14/02/2012
Agência Senado
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