SP amplia atendimento a crianças vítimas de abuso sexual



Mudança na cultura e incentivo à denúncia são apontados como as causas do aumento

O número de crianças vítimas de abuso sexual atendidas no hospital estadual Pérola Byington, na capital, triplicou nos últimos 10 anos. Em 2001, 352 crianças receberam atendimento na unidade. Já em 2011, os registros com pacientes até 12 anos totalizaram 1.088. Entre os adolescentes, foram 198 casos em 2001 e 759 em todo o ano de 2011. Para os especialistas do hospital, os dados demonstram não um aumento da violência, mas uma mudança de comportamento.

"Antes não havia essa consciência, as pessoas não sabiam onde procurar ajuda, não acreditavam tanto na palavra de uma criança num relato de violência sexual. Hoje a sociedade está muito mais sensibilizada ao tema e sabe onde procurar ajuda", afirmou a psicóloga do Núcleo de Violência Sexual do Pérola Byington, Daniela Pedroso. Na maioria dos episódios de violência infantil, os agressores estão dentro de casa: são os próprios pais, padrastos e madrastas.

Segundo o médico Jeferson Drezett, coordenador de gerência do Núcleo de Violência Sexual do hospital, a sociedade passou a denunciar esse tipo de ocorrência e a postura de pais e professores em relação a situações suspeitas está mais atenta. "Houve uma mudança cultural no país nos últimos dez anos em relação ao abuso sexual contra criança, que antes era encarado de forma velada e que passou a ser repudiado publicamente”, disse.

Daniela Pedroso destaca que o mais importante é, sob qualquer possibilidade de suspeita, procurar um serviço de saúde, antes mesmo de ir à delegacia. A vítima deve ser submetida a exames e administração de medicamentos contra doenças sexualmente transmissíveis e contracepção de emergência. O Núcleo de Violência Sexual do Pérola Byington funciona 24 horas. “Nossa equipe é preparada para oferecer atendimento médico, psicológico e social à vítima de violência sexual”, destacou a psicóloga.

Proteja o menor da violência e abuso sexual:

Os cuidadores de crianças (pais, avós, vizinhos, professores) devem ficar sempre atentos e desconfiar de mudanças abruptas de comportamento.

. Na escola, os professores devem se atentar a qualquer queda no rendimento sem explicação.

. Uma vez detectada a mudança, o ideal é buscar o diálogo com a criança de forma muito sutil e discreta.

. Uma pequena parte das vítimas procura um adulto de confiança para contar sobre o abuso. Os relatos das crianças não podem ser encarados como mera fantasia. Eles devem ser levados a sério e averiguados.

. Oriente as crianças e os jovens sobre cuidados com estranhos em locais públicos. Porém, a grande parte das ocorrências acontece em espaços privados, como na casa de vizinhos ou na escola.

. Diante de uma situação suspeita, o ideal é denunciar o caso para o Conselho Tutelar mais próximo. O Conselho é o órgão que tomará as medidas imediatas de proteção da criança ou do adolescente. A denúncia pode ser feita de forma anônima.

 

Do Portal do Governo do Estado



03/22/2012


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