SP recomendará à Anvisa que proíba venda do Prexige



Folha de S.Paulo - Quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Folha de S. Paulo

A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo recomendará à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a suspensão da venda do antiinflamatório Prexige no Brasil, segundo colocado em vendas no país na sua classe. O remédio do laboratório suíço Novartis já teve sua comercialização vetada na Austrália, nos EUA e, no início de outubro, no Canadá.

A Folha apurou que o CVS (Centro de Vigilância Sanitária), ligado à secretaria, enviará hoje um relatório à Anvisa contando haver 147 casos suspeitos de reações graves causadas possivelmente pelo uso do remédio, a maioria relacionada à apresentação de 400 mg.

Na última decisão desfavorável à Novartis, o Canadá levou em consideração quatro casos de pacientes que tomavam a dose de 100 mg e que tiveram "sérios problemas hepáticos" -sendo dois deles no país. Isso aconteceu dias após os EUA negarem o registro do produto.

Em agosto, a Austrália já havia recolhido o produto após serem reportados oito casos de pacientes de diferentes países que tomaram o remédio e tiveram problemas hepáticos, sendo que dois deles morreram. Na Nova Zelândia, seguiu-se uma proibição parcial. O medicamento é vendido atualmente em mais de 50 países.

Dois dos casos foram registrados no Brasil, onde o remédio está disponível em 100 mg e 400 mg e figura entre as preferências para tratamento de dores agudas, osteoartrite, artrite reumatóide e cólica menstrual.

O CVS informará à Anvisa que o uso do Prexige pode estar associado a complicações como hepatites medicamentosas e úlceras agudas. Amanhã, o centro ainda deverá emitir alerta aos médicos pedindo que evitem prescrever o remédio.

Até o momento, a Anvisa mantém a posição de que não há elementos para modificar a decisão tomada no momento do registro de que a relação risco-benefício é favorável a que o produto esteja no mercado.

Segundo Sérgio Nishioka, do núcleo de gestão do Sistema Nacional de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária, "a Anvisa continua acompanhando casos registrados no mundo e no Brasil". Ele diz que eles geram dúvidas. "Não é só esse medicamento que pode causar dano para o fígado."

Segundo João Navarro, gerente médico da Novartis no Brasil, provavelmente os casos do Canadá "foram de artrite reumatóide, em que o paciente utiliza diversos medicamentos hepatotóxicos". "Todo medicamento usado da forma preconizada, no tempo, dose e pacientes certos, e com acompanhamento, é útil", afirma.

A Anvisa exigiu que a Novartis fizesse modificações na bula, deixando mais claro o risco de problemas hepáticos e publicou informações no site orientando sobre o uso "seguro" do produto. Mas isso foi pouco, na opinião do presidente do Conselho Federal de Farmácia, Jaldo de Souza Santos. Para ele, "a Anvisa está muito condescendente com os laboratórios internacionais".



10/17/2007


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