SP vira capital nacional do artesanato no mês do Natal



Feira “Nossas Mãos”, promovida pela Secretaria Estadual do Emprego, será aberta hoje pelo governador José Serra

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Atualizada às 16h51

Às vésperas do Natal, São Paulo se transforma na capital nacional do artesanato. Nesta quarta-feira, 12, o governador José Serra abriu a 1ª edição da “Nossas Mãos – Feira do Artesanato Brasileiro”, no Palácio das Convenções do Anhembi, na capital. A feira prossegue até o dia 21 e reúne o melhor do artesanato de diversos estados do país e é uma alternativa para o consumidor que está fazendo as compras de fim de ano e busca produtos originais, a preços acessíveis.

“Essa feira é um incentivo ao emprego”, afirmou o governador José Serra, ao abrir o evento. No Brasil, o artesanato responde por 8 milhões de empregos e movimenta mais de R$ 28 bilhões por ano. “Também significa um intercâmbio entre os estados participantes”, completou o governador. “A intenção é ampliar essa participação nas próximas edições, atingindo as 27 unidades da federação”.

Segundo o secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, a idéia de que o artesanato é um produto sofisticado que atinge um público muito restrito é um mito. “O que acontece, na verdade, é que os artesãos têm dificuldades de chegar aos grandes mercados. Por isso, o objetivo dessa feira é justamente aproximar o artesão dos consumidores”, disse ele. 

A Nossas Mãos é uma iniciativa da Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco), autarquia vinculada à Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho. É a maior feira de artesanato brasileira, com a previsão de receber cerca de 70 mil visitantes.

O evento incentiva a venda de produtos nacionais nos dias que antecedem o Natal, possibilitando assim, que os artesãos brasileiros concorram com os produtores estrangeiros que dominam o mercado. E com uma vantagem, apontou Serra: o trabalho de nossos artesãos pode ser uma alternativa mais atraente que os produtos externos pelo caráter local da produção e pela criatividade. Nesta edição da Nossas Mãos as vendas serão feitas somente no varejo.

Já para o consumidor, essa é uma boa opção de compra e a oportunidade de conhecer artigos confeccionados em todo o país, como cestas, peças decorativas e outros objetos, com preços para todos os bolsos.

Variedade

Participam da Nossas Mãos quase 600 artesãos, de 14 estados brasileiros: além de São Paulo, estão presentes Minas Gerais, Alagoas, Maranhão, Amazonas, Pernambuco, Mato Grosso, Tocantins, Espírito Santo, Goiás, Sergipe, Pará e Ceará.  Do total de expositores, 240 são paulistas.

Com o apoio do Banco Nossa Caixa e do SEBRAE, a feira ocupa uma área de mais de 2.000 metros quadrados, dos quais 360 metros quadrados foram destinados ao estande da Sutaco.

Os visitantes poderão encontrar uma variedade grande de artigos feitos dos mais diversos materiais. Tem artigos de palha, de fibras naturais, tapeçaria, couro, produtos de madeira e pedras semipreciosas, móveis, objetos de decoração, brinquedos artesanais, bolsas, sandálias – além de chocolates da Amazônia e doces típicos mineiros.

A Sutaco e os artesãos

O papel da Sutaco é auxiliar os artesãos na comercialização de produtos e no reconhecimento profissional, além de trabalhar para fortalecer a atividade, oferecendo oportunidade de geração de emprego e renda aos trabalhadores. A autarquia conta hoje com cerca de 57 mil artesãos cadastrados.

Para rechear seu estande na Nossas Mãos, a Sutaco comprou em torno de 5 mil peças dos 240 artesãos paulistas, num investimento de R$ 50 mil. Em seu estande podem ser encontrados carrinhos, aviões e helicópteros de madeira, delicados brinquedos decorativos do artesão José Aparecido Castilho, de Ferraz de Vasconcelos, que custam entre R$ 40 a R$ 80.

Eletricista de manutenção, José perdeu o emprego aos 45 anos e não conseguiu uma recolocação. Então, oito anos atrás, ele melhorou a técnica de produção e decidiu transformar o hobby de construir carrinhos de brinquedo em ganha-pão. Conta com a ajuda da mulher e de 4 dos 6 filhos que ainda moram com ele. Em média, costuma tirar R$ 1 mil por mês. “A Sutaco é uma mão na roda. Quando tem feiras desse tipo sempre procuro colocar os meus trabalhos. Se eu tivesse que ir por conta própria não conseguiria pagar as despesas”, diz ele.

Deilon Gomes de Lima, de São Caetano do Sul, produz luminárias imitando galinhas d’angola e presépios dentro do coco verde. Antes ele trabalhava em agência de publicidade e, depois da aposentadoria, viu no artesanato uma  forma de extravasar a criatividade. Ele não depende da venda dos objetos para sobreviver, mas garante que tem conseguido fazer boas vendas: nos últimos 3 meses ganhou mais de R$ 3 mil com a comercialização dos objetos. O presépio dentro do coco, que pode ser iluminado, custa R$ 50 na feira.

No ramo de móveis de vime, junco e apuí, José Anestor Lima e sua família estão presentes na feira com um jogo de sofás vendido a R$ 750 e peixes decorativos para parede feitos de junco (entre R$ 350 a R$ 500). Ele era motorista e ganhava salário de R$ 700 reais. Depois que começou a trabalhar com artesanato, há 6 anos, auxiliado pela mulher e os dois filhos, a renda familiar subiu para R$ 1 mil – e tem meses que chega a R$ 2 mil. “E o melhor é que estou fazendo o que gosto e as pessoas reconhecem o nosso trabalho”, diz ele.

Os artesãos que vieram de outros estados também têm boas histórias para contar. Maria José Corazzi trouxe do Tocantins trabalhos feitos com o famoso capim dourado, uma marca do artesanato local. Ela conta que as peças são produzidas em uma fazenda por 30 famílias, que progrediram com a atividade. Muitas já estão trocando as casas de pau-a-pique por moradias de alvenaria. "Essa atividade garante uma renda média de R$ 1 mil para cada família”, diz ela.

Serviço:

Nossas Mãos – Feira do Artesanato Brasileiro

De 12 a 21 de dezembro de 2007 - das 13 às 21 horas

Local: Palácio das Convenções do Anhembi - avenida Olavo Fontoura, 1209 – Portão 35

Entrada: R$ 5,00 (de 12 a 59 anos) e R$ 2,00 (a partir de 60 anos)

São aceitos os cartões Visa e Mastercard

 

Cíntia Cury com Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho

(I.P.)



12/12/2007


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