Subcomissão ouve experiências bem-sucedidas de prevenção e tratamento de dependentes químicos
Em mais uma audiência pública da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outras Drogas, realizada na tarde desta quinta-feira (7), representantes do Sesi, do Sesc e da Petrobras apresentaram aos senadores experiências e iniciativas bem sucedidas de prevenção e tratamento de dependência química entre trabalhadores do comércio e da indústria. Conduzida pelo presidente do colegiado, senador Wellington Dias (PT-PI), a reunião também contou com a participação da vice-presidente da subcomissão, senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS).
O gerente corporativo de Saúde da Petrobras, Sérgio Antonio Rossato, apresentou as ações desenvolvidas pela estatal por meio da divisão de Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde (SMES), cujas atividades iniciaram na década de 1980. Ele explicou que essas ações seguem as orientações e diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Rossatto afirmou que a SMES tem programas específicos para tratar do uso, abuso e dependência de drogas lícitas, ilícitas e também de medicamentos. De acordo com as diretrizes internacionais seguidas pela Petrobras, a dependência química é considerada uma doença e assim é tratada.
Prevenção
O gerente da Petrobras informou que a empresa capacita funcionários para que a ideia de prevenção às drogas seja disseminada por todas as áreas e localidades onde a estatal atua. Ele acrescentou que são feitos investimentos em tratamento de dependentes e na reinserção ao trabalho dos recuperados.
As ações da SMES são interdisciplinares e envolvem funcionários, supervisores, gerentes, contratados, estagiários, familiares de trabalhadores e comunidade em geral. Também são mantidos "ambientes livre de tabaco" nas instalações físicas da Petrobras e subsidiárias.
Rossato disse ainda que a empresa promove campanhas como a Semana da Saúde, a celebração do Dia Internacional do Combate às Drogas, atividades de sensibilização para os períodos de Carnaval e férias e também palestras e seminários sobre outros assuntos como a violência no trânsito. Também são feitas campanhas de incentivo à prática de hábitos e alimentação saudáveis.
A assessora técnica da Gerência de Saúde do Departamento Nacional do Serviço Social do Comércio (Sesc), Luciana Garritano Barone do Nascimento, expôs as ações promovidas pelo Sesc e pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com ela, essas ações de prevenção e combate às drogas são realizadas entre os comerciários e seus familiares e também com a comunidade em geral. Desde 2002 essas atividades contam com parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas, acrescentou.
Os projetos são desenvolvidos em vários estados do país, tanto em áreas urbanas quanto em rurais e envolvem palestras e campanhas educativas que levam em conta a realidade de cada local.
Parceria
Além disso, CNC, Sesc e Senac promovem em parceria programas de rádio onde o tema drogas é constantemente abordado. Esses programas radiofônicos são disponibilizados para mais de mil rádios comunitárias espalhadas pelo país. O tema álcool e outras drogas também é trabalhado junto a alunos e professores das escolas do Sesc, informou Luciana Barone.
Por sua vez, a gerente da Unidade Estratégica de Resultados de Responsabilidade Social do Departamento Regional do Serviço Social da Indústria (Sesi) do Rio Grande do Sul, Rosângela Lengler, apresentou aos senadores o Programa de Prevenção do Uso de Drogas no Trabalho e na Família, projeto desenvolvido desde 1994 pelo Sesi e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).
Segundo Rosângela Lengler, o programa busca desenvolver uma "cultura de prevenção às drogas" junto aos trabalhadores do setor industrial, com foco também na redução do uso de drogas lícitas como tabaco e álcool. As estratégias envolvem, além da prevenção, pesquisas entre os empregados das indústrias e também tratamento de saúde para os dependentes.
O programa já funciona em 18 estados brasileiros e também em quatro outros países sul-americanos, envolvendo 97 empresas e já contabilizando mais de 216 mil trabalhadores atendidos.
Resultados
Os resultados, segundo a representante do Sesi, são animadores: houve redução em 16% do número de fumantes; diminuição de 12,5% no consumo de álcool; redução de 10% no número de falta de trabalhadores, de 30% nos atrasos e, ainda, diminuição em 34% no número de acidentes de trabalho.
No início da audiência pública, Wellington Dias chamou a atenção para a importância de debates deste tipo e disse que o Brasil já possui cerca de 18 milhões de dependentes químicos de drogas lícitas e ilícitas. Ele também afirmou que outras empresas públicas e estatais como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil deveriam seguir o exemplo da Petrobras nesse campo.
Ana Amélia elogiou as instituições representadas na reunião pelos programas e projetos desenvolvidos e aproveitou para fazer diversos questionamentos acerca da organização dessas iniciativas, dos resultados alcançados e também sobre outros detalhes operacionais, tudo para subsidiar os trabalhos da subcomissão.
A Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outras Drogas, que funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal, já tem outra audiência pública agendada para a próxima terça-feira (12). Uma das convidadas será a embaixadora da Suécia no Brasil, que vai explicar as experiências daquele país em relação às drogas.
07/07/2011
Agência Senado
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