Suplente de Saturnino confirma negociação de mandato



O 1º suplente do senador Roberto Saturnino (PT-RJ), Carlos Lupi, afirmou nesta terça-feira (2) aos membros do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que Saturnino assinou um acordo com ele (Lupi) se comprometendo a dividir o mandato de oito anos, caso saísse vitorioso nas eleições de 1998 para o Senado. Pela negociação, explicou, metade do mandato caberia ao PSB, partido de Saturnino à época, e a outra metade ao PDT, partido de Lupi, que fez um relato do episódio e disse que a idéia de partição do mandato foi do próprio senador Roberto Saturnino, a quem conhece há mais de 22 anos.

- A palavra e a honra devem valer muito. Se houve queda da ética ela não foi minha, por ter aceito esse acordo, pois nunca procurei o senador Saturnino para pedir nada. Eu não prometi o que eu não tinha. Não vendi, não negociei e não participei de nenhuma negociação para poder levar meu nome como suplente. A retidão é uma regra em minha vida - declarou o depoente, que acusa o senador eleito de não haver cumprido com o que foi acertado em composição política porque ele (Saturnino) passou para o PT.

Em resposta ao relator do caso no conselho, senador João Alberto (PMDB-MA), que questionou se o depoente dispunha de provas, Lupi informou que Saturnino assinou uma ata do PSB e uma carta ao presidente do PDT, ex-governador Leonel Brizola, dando anuência ao acordo. Disse também que a negociação foi noticiada em jornais da época. Ele entregou cópia da carta, de 6 de junho de 1998, ao senador João Alberto.

Lupi admitiu, respondendo ao senador Juvêncio da Fonseca (PDT-MS), que o motivo pelo qual aceitou a proposta foi a possibilidade de assumir quatro anos como senador.

- Não vamos fazer da política uma hipocrisia. Claro que sim, mas foi ele (Saturnino) quem propôs que a divisão do mandato seria a coisa mais equilibrada para se ganhar as eleições e eu aceitei - disse o pedetista, negando novamente que sua atitude tenha sido antiética.

Para o senador Demostenes Torres (PFL-GO), a questão poderia ser caracterizada, em termos jurídicos, como -torpeza bilateral- dos envolvidos. Já o corregedor, senador Romeu Tuma (PFL-SP), concordou com a idéia de que a questão é ética e afirmou que, apesar de a maioria dos senadores confiar na conduta ética de Saturnino, o episódio precisa ser apurado.

O depoente contestou ainda a versão dos fatos dada por Saturnino - citada por Tuma e por João Alberto -, de que teria assinado os documentos por coação.

- Como isso poderia acontecer, se houve acordo entre cinco partidos (PDT, PT, PC do B, PCB e PSB) e mais de 700 convencionais participaram da composição da chapa? - indagou Carlos Lupi.

O relator comentou, aproveitando resposta do depoente, que considerava grave o fato de a combinação sobre o mandato, se realmente houver acontecido, ter sido feita sem conhecimento dos eleitores do Rio de Janeiro. -Esse é mais um componente grave nesta questão, além do fato de o mandato não poder ser negociado-, disse João Alberto.

A 2ª suplente do senador Roberto Saturnino, Yara Vargas, que estava sendo esperada para depor neste mesmo dia, não compareceu mas enviou uma carta em que reconhece a existência do acordo.



02/12/2003

Agência Senado


Artigos Relacionados


Suplente de Kátia Abreu reassume mandato

Suplente de Romeu Tuma assumirá o mandato até fevereiro

Belini Meurer, suplente de Ideli, assume mandato de senador

João Thomé Mestrinho, suplente, assume mandato por quatro meses

Assume o mandato a senadora Niura Demarchi, suplente de Raimundo Colombo

Segundo suplente de Lobão evita comentar possibilidade de assumir mandato