SUPLICY ANUNCIA PEDIDO DE EXPLICAÇÕES SOBRE CRÉDITO DO BNDES PARA EMPRESAS



O Bloco Oposição, anunciou o senador Edurdo Suplicy (PT-SP) nesta quarta-feira (dia 28), está entrando com requerimento solicitando esclarecimentos ao ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Celso Laffer, sobre notícia de que o BNDES irá realizar uma operação de crédito para financiar as 90 maiores empresas brasileiras, endividadas em moeda estrangeira. Com isso, essa empresas poderão alongar seus débitos. Entre outras questões, a oposição quer saber qual o valor dessa dívida que o BNDES vai ter de trocar, qual o amparo legal para o lançamento desses títulos, que garantias as empresas endividadas darão ao BNDES e quais os efeitos dessa iniciativa sobre a concentração de renda e riqueza.Segundo Suplicy, na arquitetura dessa operação estaria incluída a criação de uma empresa nas Ilhas Cayman com finalidade de lançar títulos no mercado internacional em troca dos papéis de empresas brasileiras emitidos no exterior. O senador pergunta por que o BNDES está escolhendo um paraíso fiscal e não o próprio Brasil para essa operação. - No momento em que esta Casa está averiguando, na CPI do Sistema Financeiro, o favorecimento de determinadas empresas na troca de suas dívidas, essas operações de socialização de prejuízos anunciadas pela imprensa devem, no mínimo, passar pela análise do Senado - defendeu o senador petista. O senador Artur da Távola (PSDB-RJ), em aparte, fez uma referência à primeira parte do discurso, quando Suplicy afirmou que autoridades tomam decisões para beneficiar grupos, passando, muitas vezes, informações privilegiadas. Para Távola, se Suplicy está convicto dessa afirmação, não deveria participar da CPI, já que dá a entender que tem uma posição formada, não precisando, portanto, realizar apuração. Suplicy aceitou a ponderação de Távola, dizendo que realmente a CPI ainda não concluiu seus trabalhos. Suplicy observou, no entanto, que há certo tipo de relacionamento entre o poder público e empresas que lhe pemitem dizer que "há segmentos que nitidamente estão sendo objeto de favor por parte de instituições oficiais", correspondendo a laços que envolvem tanto a informação como também a liberação de recursos. Ele afirmou ainda que, na sua avaliação do processo de privatização, o governo, ao conceder empréstimos a taxas de juros menores, com recursos do BNDES, a grupos empresariais para adquirirem patrimônio público, contribui para gerar concentração de renda. Em aparte, o senador Lauro Campos (PT-DF) relembrou entrevista do presidente Fernando Henrique Cardoso ao programa Roda Viva, em que este justificou a escolha de Chico Lopes para o Banco Central, afirmando que "quem não tem cão caça com gato". O senador perguntou quem era o cão e quem era o gato e ironizou o fato de o governo não possuir um cão, no momento. Lauro defendeu uma CPI para o BNDES.

28/04/1999

Agência Senado


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