Tamar consolida pesquisa sobre tartarugas marinhas



Para encontrar soluções mais eficazes para os problemas enfrentados pelas tartarugas marinhas, o Projeto Tamar realiza, de forma contínua, estudos em todas suas bases de pesquisa. Os temas variam de acordo com as necessidades de apoio às ações de conservação, cooperação entre pesquisadores de outras instituições, a progressão e aprimoramento das coletas de dados com mais de 20 anos de informações sistematizadas.

Na temporada 2013-14, iniciada em setembro, são estudados temas como comportamento migratório de filhotes de tartaruga cabeçuda, áreas mais visitadas por fêmeas de cabeçudas na Bahia e no Espírito Santo, efeitos das alterações climáticas sobre as tartarugas na costa brasileira, efeitos da iluminação artificial sobre filhotes no Espírito Santo, idade das tartarugas oliva mortas em Sergipe, entre outras.

Pesquisas

A pesquisa de telemetria com tartaruguinhas, realizada na temporada anterior, em parceria com a Universidade Atlântica da Flórida e o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), terá mais uma rodada de solturas, considerando a mesma metodologia para comparar dados e saber se o comportamento dos filhotes em relação às correntes marítimas é ativo ou passivo.

Outro estudo em parceria com a NOAA vai instalar transmissores em fêmeas adultas para monitorar seu deslocamento. Ele complementa uma pesquisa que vem sendo realizada há cinco anos para saber o número de vezes que uma tartaruga cabeçuda (Caretta caretta) desova em uma temporada reprodutiva e com que frequência essa espécie volta à praia de nascimento para fazer seus ninhos, além de outros indicadores demográficos.

A pesquisa com as fêmeas vai testar a hipótese de que existem dois grupos diferentes na Bahia. Um grupo que chega no início da temporada, faz seus ninhos e depois vai em busca de alimento no sul do país, e um outro grupo, que chega no final da temporada, faz ninhos e vai se alimentar no norte do Brasil. A coordenadora de pesquisa e conservação do Tamar, Neca Marcovaldi, explica que essa definição de rota pode estar associada às prevalências da direção das correntes oceânicas no momento da eclosão dos filhotes. Serão investigados também marcadores com isótopos para tentar identificar as diferentes áreas de alimentação das cinco espécies.

Hibridismo

Para estudar alguns indivíduos suspeitos de hibridismo e ampliar o conhecimento sobre comportamento migratório, o Tamar fixou transmissores em quatro animais, localizados em Sergipe no início de 2012. O objetivo da pesquisa 'Hibridismo em tartarugas marinhas na costa brasileira: uma análise genética, ecológica e comportamental' é entender o hibridismo entre as espécies cabeçuda, de pente e oliva. O estudo ampliará o conhecimento sobre a relação entre as espécies, além de esclarecer algumas curiosidades sobre o deslocamento dos animais após a reprodução e o comportamento em áreas de alimentação. Para esse trabalho, o Tamar conta com a colaboração do Archie Carr Center(Dra. Karen Bjorndal, Dr.Alan Bolten e MS Luciano Soares) e do College of Staten Island (Dra. Eugenia Naro-Maciel).

Mudanças climáticas

Para avaliar os impactos das mudanças climáticas sobre as populações de tartarugas cabeçudas (Caretta caretta) e tartarugas de pente (Eretmochelys imbricata) na costa brasileira, um estudo em parceria com a pesquisadora Mariana Fuentes, da James Cook University, na Austrália, vai realizar visitas anuais às bases do Tamar localizadas na Bahia, em Sergipe, no Espírito Santo e Rio de Janeiro, e instalar dispositivos eletrônicos para medição de temperatura e umidade (dataloggers) que permitirão acompanhar as variações térmicas das praias. O principal objetivo do estudo é compreender potenciais impactos das mudanças no clima sobre as populações de tartarugas marinhas e seus habitats no Brasil. A partir destes dados, pretende-se criar estratégias de conservação que possam ser aplicadas como resposta a estes eventos climáticos.

Análise de esqueletos

Em Sergipe, uma pesquisa em parceria com o curso de oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (UFRGS) vem analisando os ossos das tartarugas oliva (Lepidochelys olivacea) para determinar a idade dos animais que encalham. A confirmação da idade destes animais adultos e ativos em termos reprodutivos trará novos subsídios para as ações prioritárias de conservação da população de tartarugas dessa espécie, que precisam de proteção nas praias alagoanas, sergipanas e baianas.

Fotopoluição

No Espírito Santo, os pesquisadores querem encontrar soluções para combater a fotopoluição em áreas de desova de tartarugas marinhas. A temporada anterior 2012-2013 foi piloto para avaliar a metodologia aplicada em Povoação e Regência, com base no trabalho realizado pelo Tamar no Rio de Janeiro e na Bahia. Os resultados parciais confirmaram a desorientação tanto de filhotes quanto de fêmeas em áreas com incidência de luz artificial. Ações já foram tomadas, como o contato com a prefeitura de Linhares para ajustes em refletores e luminárias em alguns pontos onde houve desorientação. Com a metodologia definida, o objetivo é aprimorar a coleta de dados nesta temporada e sensibilizar a população.

Padrões reprodutivos

Também no Espírito Santo, como acontece na Bahia e em Pernambuco, os pesquisadores buscam determinar padrões reprodutivos das tartarugas através do esforço intensivo de marcação e recaptura de fêmeas na área de concentração de ninhos ao redor da foz do rio Doce. Um grupo de estudo foi formado para definir ações que serão realizadas nesta e nas próximas temporadas.

Fonte:
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade



13/10/2013 10:39


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