TÉCNICAS DO IPEA FALAM À COMISSÃO MISTA SOBRE O COMBATE À POBREZA



O Orçamento da União para o ano 2000 contém 50 programas, distribuídos por vários ministérios, com recursos de R$ 3,3 bilhões, que poderão combater a pobreza se forem bem direcionados, afirmou, nesta terça-feira (dia 21), Ana Peliano, técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), durante palestra na Comissão Mista Especial para Erradicação da Pobreza. A outra técnica do IPEA que participou dos debates na comissão, Sônia Rocha, disse que os dois grandes focos de pobreza no país ainda são o Nordeste e as áreas metropolitanas do Rio e de São Paulo.
Segundo Sônia Rocha, os planos de estabilização econômica proporcionaram ao país maior desenvolvimento e crescimento econômico, mas mantiveram o alto índice de desigualdade na distribuição da renda nacional. Ela disse que a renda média mensal dos mais pobres no país é de R$ 56,00, enquanto a dos mais ricos é de R$ 7,068 mil.
Ana Peliano citou dados de 1996, que são os mais atualizados, feitos pelo IPEA, o IBGE e a Cepal, indicando que existem no país 21, 3 milhões de pessoas indigentes. Essa pesquisa levou em conta, segundo Ana Peliano, o nível de renda e a distribuição de cesta básica. Para um programa sério de combate à pobreza, a técnica do IPEA disse que é necessário levar em conta as diversidades sociais do país, de norte a sul, e aplicar políticas sociais com um bom gerenciamento de recursos.
O problema não pode ser tratado de forma global e única, disse Ana Peliano. Os recursos previstos em 50 programas do orçamento de 2000, embora insuficientes, observou, são bastante expressivos e devem ser aprimorados para atender às realidades existentes no país. A técnica do IPEA defendeu a criação de um fundo, a exemplo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), para combater a pobreza. O principal desafio, afirmou, é desburocratizar a aplicação dos recursos disponíveis em programas sociais.
Sônia Rocha disse que só o crescimento econômico não resolve o problema.
- É preciso levar em conta que existem várias carências nas áreas de saúde, educação e demais necessidades básicas dos que estão abaixo da linha da pobreza - ponderou. Ela acrescentou que a situação nas regiões metropolitanas é grave, devido ao aumento do desemprego.
- O rendimento global advindo do trabalho estagnou. E os rendimentos caem principalmente para quem tem menos de quatro anos de educação - disse Sônia Rocha.

21/09/1999

Agência Senado


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