Tecnologia não diminui importância do professor



Os especialistas ressaltam a importância da utilização de novas tecnologias pedagógicas, mas advertem que elas não representam uma solução em si – e dependem da formação e competência do professor.

Especializada em engenharia de softwares, Hilda Carvalho de Oliveira, professora do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), câmpus de Rio Claro, argumenta que computadores e outras inovações eletrônicas ajudam a ampliar a visão do tema abordado e servem como ferramenta rápida de pesquisa. “Docentes e instituições de ensino que não levam em conta as novas tecnologias de ensino correm o risco de deixar os alunos à margem dos fenômenos da cultura e da ciência”, comenta. “Por outro lado, sem a criatividade, a habilidade pedagógica e a capacidade dos docentes de envolver os alunos didaticamente, elas pouco podem acrescentar.”

Professor de licenciatura em Física da Faculdade de Ciências, câmpus de Bauru, Francisco Lavarda considera que esses recursos somente funcionam quando estão inseridos em uma metodologia definida. “Se for apenas para atrair atenção para o ensino, por exemplo, o computador poder ser substituído por atividades criativas em grupo”, argumenta. Lavarda mantém em seu site pessoal 78 experimentos, elaborados com objetos simples do dia-a-dia que simulam fenômenos da Física.

Eugênio Ramos, docente do Instituto de Biociências (IB), em Rio Claro, concorda que a eficácia do arsenal da informática depende de uma utilização adequada. “Mesmo com programas de computador, uma aula pode ser muito chata; porém, se o aluno for desafiado a procurar soluções diversas para suas questões, usando a interatividade de um software de simulação, por exemplo, há mais chances de ele aprender”, garante. Ramos reconhece que os próprios cursos de formação de professores na UNESP dão pouca ênfase às novas tecnologias no ensino básico ou superior. “Estamos formando no século XXI professores com perspectivas e instrumental do século XX”, assinala.

Em sua dissertação de mestrado, defendida no Programa de Pós-Graduação em Matemática do IGCE, a pedagoga Renata Moro Sicchieri constatou que a maioria dos professores do ensino fundamental e médio da rede pública demonstra interesse em cursos de capacitação em informática. “De maneira geral, eles valorizam o uso do computador, mas reclamam que não há continuidade do que é ensinado”, observa. “Eles também criticam a falta de manutenção dos equipamentos e da restrição ao acesso às salas de informática.”

Julio Zanella

Do jornal da Unesp

(I.P.)



09/08/2007


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