Temporal de 12 horas mata 36, pára o Rio e isola Região Serrana
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- Temporal de 12 horas mata 36, pára o Rio e isola Região Serrana
- Das 21h de domingo às 9h de ontem choveu no Rio em intensidade superior à média de dezembro, de 169mm³. Foram 259,6 no Sumaré e 245,8 na Tijuca, no maior temporal ocorrido no mês em 30 anos.
Há registros de pelo menos 36 mortos e centenas de desabrigados em todo o estado. Quatro de uma mesma família foram soterrados pelo desabamento de uma casa no Morro do Alemão. Houve uma vítima em Vila Isabel.
Na Baixada Fluminense, seis pessoas morreram em Duque de Caxias, uma em Nova Iguaçu e duas em Paracambi. Petrópolis, onde morreram 20 pessoas, está sob estado de emergência. Houve também duas vítimas em Niterói. A meteorologia prevê chuvas fortes no Norte Fluminense.
No Rio, a véspera de Natal foi tumultuada. O trânsito parou nas ruas alagadas. Os rios que cortam a cidade transbordaram, impedidos de seguir o curso pelo acúmulo de lixo.
Duas quedas de barreiras na Serra de Petrópolis bloquearam a Estrada Rio-Juiz de Fora (BR-040) nos dois sentidos. Pela manhã, a Rio-Teresópolis ficou fechada por uma hora. (pág. 1, 12 a 14)
- Nos próximos cinco dias os cariocas vão cruzar pela cidade com o exército de garis encarregado de limpar a sujeira das ruas. São 240 toneladas, segundo cálculos da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb).
A água arrasta a terra dos morros que se mistura a papéis, sacos e garrafas de plástico atiradas a esmo. Ao longo dos anos, o Rio tem sido vítima do descaso do público e do poder público.
Um suja. O outro finge que limpa. A natureza, com as chuvas de verão, denuncia o pacto perverso entre o cidadão e o estado. (pág. 1)
- O governo Adolfo Rodríguez Saá aceitará pedidos de extradição de militares que violaram direitos humanos durante o período ditatorial. A decisão foi anunciada pelo novo secretário de Justiça, Alberto Zuppi, e atende à reivindicação das Mães da Praça de Maio. Pela primeira vez, desde 1984, elas foram recebidas na Casa Rosada, sede do governo.
Em decreto assinado na semana passada, o ex-presidente De la Rúa havia bloqueado as extradições de militares argentinos processados em outros países. Um deles é o capitão reformado Alfredo Astiz, acusado numa corte de Roma pelo desaparecimento de três cidadãos italianos. (pág. 1 e 7)
- A questão não é se os Estados Unidos vão atacar o Iraque, mas quando. A informação foi revelada na edição desta semana da 'Newsweek'. Fontes diplomáticas ouvidas pela revista afirmam que o governo americano prepara grande ofensiva para derrubar Saddam Hussein.
A operação, que prevê o envio de 100 mil soldados para o Oriente Médio, teria sido ordenada diretamente pelo presidente Bush, que teme a fabricação de armas de destruição em massa no Iraque. (pág. 1 e 10)
- O ano de 2001 vai chegando ao fim e o quadro da sucessão presidencial ganha contornos mais definidos. Mesmo que alguma água ainda vá passar embaixo da ponte, as peças vão se encaixando. Candidaturas se firmam e outras começam a definhar.
Dois cenários parece, certos, porém: em 2002 haverá mais candidatos competitivos do que nas duas eleições anteriores, e dificilmente deixará de haver segundo turno.
O quadro estará mais parecido ao de 1989, do que ao de 1994 ou 1998. Ademais, dificilmente haverá um fator decisivo na eleição, como foi o Plano Real nas duas últimas, e a base governista deve caminhar dividida. (pág. 3)
- A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), que foi a grande novidade nas pesquisas dos últimos meses, ao se firmar em segundo lugar, começa a se tornar vidraça na disputa presidencial.
O deputado petista Aloizio Mercadante (SP) já cunhou a expressão Piorão, numa alusão às condições sociais de Maranhão e Piauí, com o intuito de alvejar a candidatura de Roseana. E aí parece mesmo haver farto material para os ataques.
Roseana não tem sequer a justificativa de que não poderia, em dois mandatos, mudar um quadro crítico de décadas. Afinal, o clã encabeçado por seu pai, o senador José Sarney (PMDB), controla a política no estado há muito tempo. (pág. 3)
- (Maceió) - O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB) mantém contatos políticos e negocia acordos em Alagoas, preparando-se para disputar a eleição ao Senado ou ao governo do estado, em 2002.
Collor está fora de Alagoas desde o ano passado, quando tentou concorrer à prefeitura de São Paulo. No fim da campanha teve a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral.
Na primeira aparição pública, sexta-feira, Collor participou de festa de confraternização com funcionários da Organização Arnon de Mello e foi atração no show dos cantores sertanejos Zezé di Camargo e Luciano. A dupla foi contratada para animar o aniversário de 50 anos do grupo empresarial João Lyra, pai de Tereza Collor, ex-cunhada de Collor.
O ex-presidente volta para Alagoas num momento tenso da administração do governador Ronaldo Lessa (PSB), seu principal inimigo político. (...) (pág. 3)
- Depois de não ter sucesso no esforço para conseguir o apoio do PDT, de Leonel Brizola, o pré-candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, pode ser abandonado também pelo PTB. Os petebistas reclamam do discurso duro de Ciro em oposição ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Eles garantem que a atitude viola um acordo feito com o candidato do PPS. Uma ala da legenda simpatiza com a candidatura da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que assumiu o segundo lugar nas pesquisas eleitorais. (...) (pág. 4)
- Antes da legislação atualmente em vigor, o Fundo Partidário era uma mera peça de ficção financeira. Os recursos que fornecia eram tão pequenos que tinham pouca validade para os partidos políticos. Em 1994, por exemplo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) destinou apenas R$ 729,1 mil aos 18 partidos existentes.
A captação de dinheiro para as atividades partidárias era praticamente toda feita junto a contribuintes privados. Isso gerava distorção na quantidade de recursos dos partidos.
Ao lado de campanhas eleitorais riquíssimas, havia outras em que legendas ou candidatos só contavam com o próprio esforço ou o trabalho voluntário de filiados ou simpatizantes para tentar a vitória. (...) (pág. 4)
- O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai submeter a contabilidade dos partidos políticos a uma operação pente-fino. O presidente do TSE, Nelson Jobim, anunciou que pretende cruzar as contas apresentadas pelos partidos à Justiça Eleitoral com os dados disponíveis na Receita Federal sobre a cobrança da CPMF. Com isso, a caixa-preta partidária pode estar chegando ao fim. (...) (pág. 4)
Colunistas
COISAS DA POLÍTICA - Dora Kramer
O ministro José Serra está viajando hoje, dia de Natal, com a família para a Europa, onde fica, no mínimo, uma semana. "Preciso tirar a cabeça daqui", diz, não como justificativa para um descanso - "não estou cansado" -, mas, como argumento de quem precisa de uma pausa para meditação, antes de se jogar no projeto mais importante de sua vida: a disputa pela Presidência da República.
Nessa altura, já não é mais uma questão de decisão. Ela está tomada e a longo tempo vem sendo maturada. Trata-se, pois, de organizar a cabeça longe do disse-me-disse das preliminares eleitorais, para, na volta, começar a preparar o roteiro propriamente dito. (...) (pág. 2)
(Informe JB - Ricardo Boechat) - O Ministério da Saúde deflagra uma blitz em janeiro para fiscalizar a venda de laboratórios brasileiros de análises clínicas a grupos internacionais.
No Rio, São Paulo, Porto Alegre e Florianó polis já foram dez.
O Banco Chase Manhattan está atuando forte nesse setor. (pág. 6)
Editorial
"A grande jogada" - Ao mesmo tempo em que a Otan, a instância dos EUA, decide adaptar suas estruturas para combater o terrorismo, aproxima-se o momento em que a Rússia fará parte dela.
Trata-se de um movimento impensável até há pouco, quando a URSS, líder do Pacto de Varsóvia, era o inimigo figadal da Otan. A rivalidade entre os dois blocos era o combustível básico da Guerra Fria, que se evaporou simultaneamente com o desmantelamento do Muro de Berlim.
É sem dúvida jogada inteligente do presidente russo Vladimir Putin, que aposta na aproximação acelerada com o antigo adversário. (...)
Um dos problemas atuais da Rússia é a falta dramática de pequenas e médias empresas. Na Polônia, na República Tcheca, na Hungria, 60% dos assalariados trabalham em empresas pequenas e médias, proporção comparável à situação da Europa Ocidental. Na Rússia esta taxa é inferior a 30%.
Apesar do calcanhar-de-aquiles da Chechênia, a adesão da Rússia à Otan é a grande jogada política de Putin. Trata-se de uma virada de 180 graus. (pág. 8)
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12/23/2001
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