Tenente-poeta da PM conquista prêmio em Portugal



Policial militar é terceiro colocado em cocurso de poesia de Portugal

“O quintal de pedras e os antigos canteiros / ainda estavam lá – “campo de futebol”. / Mas sem as plantas e sem estarem cobertos / Pelas sombras estampadas das videiras. / Sem os pardais e sem os doces frutos dos / mamoeiros – somente o rachar do sol.”... Assim começa a poesia de Mauro Martiniano de Oliveira, profissão 1º tenente da Polícia Militar, que, aos 44 anos, colhe os frutos do sucesso com A Visita, terceiro lugar no concurso de Poesia Jogos Florais de Algarve, 2007. A homenagem ocorre hoje, em Portugal.

Do seu quartel-general, uma pequena sala instalada no 4º andar da sede da Polícia Militar do Estado de São Paulo, na Avenida Cruzeiro do Sul, há uma boa vista da cidade de São Paulo. É ali que Oliveira trabalha, mais precisamente no Centro de Despesa de Pessoal (CDP), numa atividade burocrática desvinculada da sua grande paixão, a poesia. “Impossível misturar as duas coisas”, diz, com os olhos fixos na aglomeração de casas e prédios que sobem e descem à sua volta.

Feliz com a premiação na Portugal de Camões, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa, o tenente-poeta faz um balanço da sua vida, a partir da incursão pelo mundo das palavras. Aos 10 anos, em Araraquara, cidade natal e de onde vem grande parte da sua inspiração, já fazia trovas, “com rimas pobres”. Aos 15, no curso técnico de agrimensura, certa noite cabulou aula, foi para a biblioteca municipal e começou a escrever cartas imaginárias. Muitas delas destinadas a um amor platônico, surgido nas diversas viagens de trem de Araraquara a São Paulo. “Que saudades do trem, minha inspiração até hoje”.

Por essa época, começou a ler Machado de Assis e José de Alencar, mas hoje, seus livros de cabeceira são de Vinícius de Morais e Carlos Drummond de Andrade, ambos poetas e funcionários públicos como ele.

Das cartas à poesia foi um pulo, conta. “Percebi que poderia me valer das histórias inventadas nas cartas, deixá-las em forma de poesia e acrescentar rima, métrica e ritmo”. Daí surgiu Uma Fresta no Presente, a primeira de uma série que já beira 300 trabalhos, incluídas as crônicas e contos, todos registrados no escritório de direitos autorais. O próximo passo é a publicação de livros. Não o fez até hoje porque prefere participar de concursos, colecionar prêmios, para ganhar nome e visibilidade, diz Oliveira, formado em Letras e na Academia Militar do Barro Branco, casado, dois filhos. “Espero que alguma editora reconheça meu trabalho e se interesse em publicá-lo”. Com A Visita, Mauro, o poeta, como é carinhosamente chamado pelos colegas da PM, alcança a marca de 211 poesias, muitas das quais premiadas. Ao todo, são 25 prêmios na modalidade de contos e poesias.

“E a bicicleta preta? E as sementes do rosário? / Meus Deus, que visita!... Que saudades... ai, ai. / E a rede do velho? E o caixote de pinho para / Picar o fumo de corda?... E o meu pai...?

Maria das Graças Leocádio

Da Agência Imprensa Oficial

(M.S.)



12/01/2007


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