TEOTÔNIO EXIGE POLÍTICA ENERGÉTICA PARA AÇÚCAR E ÁLCOOL



O senador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL) defendeu, hoje (02), uma diretriz para o setor sucro-alcooleiro, compatível com a estabilidade do real e que garanta auto-sustentabilidade para a atividade, transferindo para a população os benefícios sócio-ambientais que o setor pode e deve dar ao país."Precisamos impedir o sucateamento de uma atividade que representa um diferencial positivo do Brasil - combustível limpo e energia renovável", enfatizou.

Teotônio admite que, ao insistir na defesa da atividade canavieira, está pensando no seu estado de Alagoas, onde a cana-de-açúcar é a garantia de sobrevivência da maior parte da população. "Mas, como economista, defendo a ênfase na questão energética brasileira, que considero uma viga-mestra na construção de uma nação mais rica e justa".

"Sempre preguei a valorização de nossa biomassa energética no sentido mais amplo do termo: além da cana, precisamos cuidar do plantio de árvores e plantas ricas em óleos que podem, com baixo custo e eficiência, abastecer de energia elétrica regiões distantes como o Acre, onde a eletricidade produzida com óleo diesel, transportado de caminhão, é dez vezes mais cara do que a média do país", ressaltou Teotônio.

Para o senador, o Brasil tem o custo médio de produção de açúcar mais baixo do mundo e, em função do uso do álcool carburante, tem a matriz de combustíveis mais limpa e ambientamente favorável do planeta. "Bill Clinton telefonou, recentemente, a Fernando Henrique acenando com uma proposta de entendimento entre os dois paísesporque os Estados Unidos são o maior gerador mundial de efeito estufa e nós apresentamos a maior capacidade de neutralizar esse efeito, em função do uso do álcool combustível".

PORNOGRAFIA

Teotôniose queixou da conotação "quase pornográfica" que adquiriu no Brasil qualquer medida que se proponha em favor da produção canavieira."É coisa para atender ao lobby dos usineiros", alegam, impedindo que sejam adotadas as medidasnecessárias para que não desperdicemos nosso patrimônio na produção canavieira, no mercado de açúcar e na liderança dos combustíveis renováveis. "Isso é um disparate."

A sistemática ação desmoralizante do álcool combustível nos levou à situação atual, onde um estoque de álcool de 2 bilhões de litros avilta preços e rentabilidade, colocando em risco toda a cadeia produtiva de cana. "Isso acontece ao mesmo tempo em que, nos Estados Unidos, se subsidia diretamente o produtor de álcool para tornar o produto competitivo com o derivado do petróleo. Eles descobriram que o álcool é ambientalmente mais saudável, gera empregos e novas tecnologias. Há um mês, o Congresso americano votou a prorrogação desse subsídio até o ano de 2020", garantiu.

- No Brasil existe o vício de se desprezar as peculiaridades de nossa competência, nos imobilizando na crítica do 'ontem' e impedindo que planejemos nosso futuro. É esse vício que não permite a adoção de uma política energética, com um lugar claro para o álcool e demais fontes alternativas de energia renovável. Não podemos deixar que se liquide o programa do álcool no exato momento em que cresce, no exterior, a produção e o uso dos combustíveis renováveis - ressaltou Teotônio.

02/04/1998

Agência Senado


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