Tombamento de centros históricos será avaliado por conselho cultural
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural estará reunido pela última vez esse ano, no próximo dia 27 de novembro, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em Brasília. O encontro terá início às 9h, com a presença da Ministra da Cultura, Marta Suplicy, e da presidente do Iphan, Jurema Machado, que também preside o Conselho Consultivo.
Estão na pauta da 74ª reunião as propostas de tombamento do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA) e do Terreiro de Candomblé Ile Axé Oxumaré, também em Salvador. À tarde será avaliada a proposta de registro como Patrimônio Cultural Brasileiro da Festividade do Glorioso São Sebastião da Cachoeira do Arari, no Pará. Os conselheiros e visitantes também participarão do lançamento da publicação Terreiros do Distrito Federal e Entorno, do Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI/IPHAN) e da Superintendência do Iphan no Distrito Federal.
Este ano, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural esteve reunido outras duas vezes. Em abril, foram aprovados o tombamento do Edifício A Noite, no Rio de Janeiro, e o registro da Festa do Divino Espírito Santo de Paraty, também no estado do Rio. Em junho, os conselheiros aprovaram o tombamento da Igreja do Divino Pai Eterno, na cidade de Trindade, em Goiás, e o registro da Festa do Bonfim, em Salvador (BA).
Teatro Castro Alves
O mais frequentado equipamento cultural do estado da Bahia e um dos mais importantes do Brasil, além de seu valor histórico, é também um marco da arquitetura moderna brasileira e palco privilegiado de acontecimentos culturais que marcaram a história recente do Brasil. Inteiramente dedicado à música, dança e artes cênicas, o projeto arquitetônico do Teatro Castro Alves foi executado pelo arquiteto José Bina Fonyat Filho, com a colaboração do engenheiro Humberto Lemos Lopes, durante o governo do médico Luis Régis Pacheco. O edifício guarda em sua forma arquitetônica uma série de elementos que lhe garantiram o destaque na arquitetura brasileira do século XX.
Entre 1960 e 1963, recebeu o Museu de Arte Moderna da Bahia, originalmente dirigido por Lina Bo Bardi, e expôs obras de artistas plásticos como Carybé, Mário Cravo, Emanuel Araújo. Na música e artes cênicas, foi palco de grandes apresentações recebendo nomes como Raul Seixas, Gilberto Gil, Chico Buarque, João Gilberto, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Flávio Venturini, Paulo Autran, Montserrat Caballé, Mikhail Baryshnikov, os Balés Bolshói e Kirov, o maestro Zubin Metha e a Filarmônica de Israel.
Terreiro de Candomblé Ile Axé Oxumaré
Considerado um dos mais antigos centros de culto afro-brasileiro da Bahia e de grande reconhecimento social, o Terreiro de Candomblé Ile Axé Oxumaré é um conjunto destinado às práticas religiosas, localizado na Avenida Vasco da Gama, nº 343, Federação, Salvador, com comprovada e duradoura tradição na Bahia, já declarado Território Cultural Afro-Brasileiro. A solicitação de tombamento do Ilê Axé Oxumarê foi feita em 18 de setembro de 2002, pelo sacerdote Babalorixá Agoensi Danjemin, supremo dirigente do Ylê Oxumarê e pelo presidente da Sociedade Cultural Religiosa São Salvador – Ylê Oxumarê, Silvanilton Encarnação da Mata.
A Oxumarê é o orixá do movimento e dos ciclos vitais que geram as transformações, que o santuário é consagrado. Na tradição ioruba, os orixás correspondem a ancestrais divinizados e que correspondem às forças da natureza. Portanto, seus arquétipos estão diretamente relacionados às manifestações dessas forças.
Festividade do Glorioso São Sebastião da Cachoeira do Arari
A tradicional festividade de São Sebastião na região do Marajó, no Pará, é realizada há mais de 150 anos e atrai centenas de visitantes até o município de Cachoeira do Arari. Os lados religiosos e profanos fazem parte dessa manifestação com músicas, brincadeiras e celebrações da paróquia. O festival também resgata os tradicionais eventos esportivos marajoaras. Existente em outros municípios da região, a festividade em Cachoeira do Arari é reconhecida por atrair pessoas de diversas regiões.
O culto a São Sebastião surgiu no século IV e atingiu auge nos séculos XIV e XV. Em Portugal há pelo menos 92 igrejas em sua homenagem. No Brasil, o santo é padroeiro de 144 paróquias. Supostamente, essa devoção foi levada à região do Marajó no período da colonização portuguesa.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho que avalia os processos de tombamento e registro é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
A 74ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural também marcará a posse dos novos conselheiros, nomeados em outubro.
Fonte:
25/11/2013 16:36
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