Tombini pede a empresas brasileiras endividadas em dólar que se protejam



O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez nesta terça-feira (5) um alerta às empresas brasileiras que tomam empréstimos no exterior: o câmbio, que hoje está favorável a quem compra moeda estrangeira, em algum momento poderá mudar.

Ele observou que o câmbio flutua para os dois lados, numa advertência à exposição das empresas ao risco de uma eventual alta do dólar, que aumentaria os valores dos empréstimos contratados na moeda norte-americana.

- Como as empresas faturam em real, é preciso que se protejam nessas operações - assinalou, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

O aviso foi dado em resposta a preocupação manifestada pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ) com o crescente endividamento das empresas brasileiras no exterior. A captação no primeiro semestre deste ano chegou a US$ 30 bilhões, na onda de juros baixos nos Estados Unidos e na Europa.

Famílias

O número de pessoas com operações de crédito acima de R$ 5 mil pulou de 8 milhões, em 2004, para 28 milhões neste ano. O dado, citado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, como um indicador positivo da inclusão dos brasileiros no mercado de crédito, gerou apreensão entre os senadores que participaram de. Cristovam Buarque (PDT-DF) perguntou se há riscos devido ao endividamento das famílias, internamente, e das empresas no exterior.

O presidente do Banco Central afirmou que alguns fatores contribuíram para a ampliação no número de tomadores de empréstimos, como o ingresso de 35 milhões de pessoas na classe média, a saída de 20 milhões da linha de pobreza e a maior formalização das relações de trabalho.

Entretanto, fatores de riscos foram identificados pelo Banco Central no ano passado, conforme o relato de Tombini na CAE: a rápida expansão do crédito ao consumo, a ampliação do número de prestações e os prazos de financiamento incompatíveis com as garantias.

Para enfrentá-los, o BC adotou medidas como o reforço do capital dos operadores de crédito ao consumo, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nessas operações e a elevação do percentual do pagamento mínimo das faturas dos cartões de crédito.

Mesmo com a expansão no crédito, o endividamento das famílias continua baixo, conforme Alexandre Tombini. No Brasil, as famílias comprometem em média 42% de suas rendas líquidas com empréstimos - a proporção chegaria a 171% no Reino Unido e a 148% no Canadá.



05/07/2011

Agência Senado


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