Trabalho da CPI da Pedofilia incentiva novas denúncias em Catanduva
A reunião, na quarta-feira (18), da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia em Catanduva (SP) resultou no surgimento de novas denúncias de abuso sexual de crianças da cidade. A CPI, que investiga a existência de uma rede de pedofilia em Catanduva, foi procurada por familiares de vítimas que ainda não haviam se pronunciado às autoridades locais e que agora deverão ser ouvidas.
- A presença [da CPI] fortalece a convicção de que os fatos serão investigados e haverá perspectiva de punições para os envolvidos, o que dá confiança às pessoas para denunciarem novos casos - afirmou o senador José Nery (PSOL-PA).
Em entrevista à Agência Senado, o senador lembrou que também durante os trabalhos da CPI em Belém, realizados nos dias 5 e 6 de março, 20 novas denúncias foram apresentadas aos parlamentares.
José Nery integra grupo que toma depoimentos em Catanduva, juntamente com o presidente da CPI, Magno Malta (PR-ES), e o vice-presidente, Romeu Tuma (PTB-SP). Os trabalhos desta quinta-feira (19) na cidade do interior paulista começam com o depoimento de duas mães que tiveram filhos abusados sexualmente e que afirmam não terem sido ouvidas nos inquéritos instaurados para apurar o caso.
Delação premiada
Também é grande a expectativa em torno dos depoimentos de José Barra Nova de Melo, conhecido como Zé da Pipa, e de seu sobrinho, Willian Mello de Souza, previstos para esta quinta-feira. Os dois estão presos, acusados de abusar sexualmente dos menores, e podem recorrer ao benefício da delação premiada.
- Nossa expectativa é de que pelo menos o Willian, que foi identificado por todas as vítimas, possa se sentir mais seguro com o benefício da delação premiada e contar tudo o que sabe - disse José Nery.
Para o senador, as informações dos dois denunciados poderão "desvendar a rede de crimes praticados contra filhos e filhas de famílias pobres da cidade".
Outros dois depoimentos - do médico Wagner Rodrigo Brida Gonçalves e do empresário José Emanuel Volpon Diogo - também devem mobilizar as atenções da CPI nesta quinta-feira. Convocados pela comissão, os depoentes ainda não foram encontrados e estão sendo procurados pela Polícia Federal. Caso não se apresentem à CPI até o fim dos trabalhos do colegiado na cidade, previsto para sexta-feira (20), os dois passarão a ser procurados como fugitivos.
Falhas
Na quarta-feira, após o depoimento de Rosana da Silva Vanni e de Maria Cecília Castro Sanches, duas delegadas responsáveis por inquéritos sobre o caso, os senadores consideraram "problemáticos" os procedimentos adotados por elas durante as investigações. Conforme José Nery, o primeiro inquérito teria sido "muito superficial", levando apenas à prisão de José Barra Nova de Melo e Willian Mello de Souza, sem que se tenha buscado "os verdadeiros criminosos, que têm poder de mando na cidade".
Sobre o outro inquérito realizado em Catanduva, ficou constatado que a delegada avisou ao advogado do médico Wagner Gonçalves que seria feita operação de busca e apreensão na casa de seu cliente. Com isso, o acusado teria tido tempo de retirar todas as provas existentes na casa, como computadores onde estariam armazenadas fotos contendo pornografia infantil.
- Mais do que um erro, [a conduta da delegada] foi uma condescendência com o crime, favorecendo o poder representado pelo investigado - opinou José Nery.
Após pedido da CPI de intervenção do Ministério Público de São Paulo no caso, as investigações estão senado conduzidas por autoridades policiais de São José do Rio Preto, cidade vizinha a Catanduva.
19/03/2009
Agência Senado
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