Tráfico de animais silvestres no Brasil atinge US$ 1 bilhão, diz Patrocínio



O tráfico de animais silvestres no Brasil movimenta valores equivalentes a US$ 1 bilhão por ano, segundo denúncia feita nesta sexta-feira (9) no Plenário pelo senador Carlos Patrocínio (PTB-TO). Por conta desse tráfico, que segundo o senador envolve grandes multinacionais da indústria de medicamentos, são mortos anualmente no país 12 milhões de animais.

O tráfico de animais silvestres no mundo, segundo Carlos Patrocínio, movimenta cerca de US$ 10 bilhões, conforme dados apurados pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), perdendo somente para o tráfico de drogas e de armas, que ocupam, respectivamente, os primeiro e segundo lugares.

Carlos Patrocínio disse que em cada dez animais capturados no Brasil apenas um sobrevive. Milhares de famílias pobres no país são usadas pelos que praticam esse tráfico no trabalho de captura, observou o senador, afirmando que existe também a participação de grandes empresas multinacionais. Para dar um exemplo, Carlos Patrocínio disse que um dos maiores exportadores de veneno de jararaca do mundo é a Suíça, onde não existe esse animal, tipicamente brasileiro.

A cotação do veneno da jararaca no mercado internacional, segundo informou, é de US$ 600 o grama. O veneno da cascavel vale US$ 1.200 o grama. O veneno de cobras é utilizado como matéria-prima básica de uma série de medicamentos, principalmente nos anti-hipertensivos, que movimentam anualmente meio milhão de dólares no mundo.

À medida em que a ciência descobre a utilização de novos medicamentos a partir da utilização dos animais dos trópicos, aumentam ainda mais os perigos do tráfico de animais silvestres no Brasil. Carlos Patrocínio exemplifica que, recentemente, descobriu-se uma substância anestésica provinda de sapos da Amazônia que é 247 vezes mais potente que a morfina. Essa substância, disse vai revolucionar o mercado farmacêutico mundial.

Sobre a disparidade dos valores envolvidos no tráfico de animais silvestres, Carlos Patrocínio disse ainda que um mico-leão dourado é vendido no interior do Brasil por US$ 180, sendo facilmente vendido na Europa por US$ 15 mil. Um melro é vendido no Sul do país pelo equivalente a US$ 150, e chega a US$ 13 mil nos Estados Unidos.

Carlos Patrocínio destacou, em seguida, o esforço que vem sendo feito no Brasil para combater o tráfico de animais silvestres, um trabalho que tem envolvido o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), a Polícia Federal e várias organizações não-governamentais (ONGs). Estão sendo desenvolvidos, também, programas de conscientização das populações e de criação de alternativas de trabalho para as famílias pobres que hoje sobrevivem com a captura de animais silvestres, informou o senador.

09/11/2001

Agência Senado


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