Transp. Metropolitanos: CPTM duplica potência elétrica da subestação Campo Limpo Paulista
Subestações transformam energia de corrente alternada, recebida da concessionária, em corrente contínua, que alimenta os trens
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) dobrou a capacidade de energia na Subestação Campo Limpo Paulista, que fornece eletricidade para os trens circular entre esta cidade e Jundiaí, trecho denominado de extensão da linha A (Luz-Francisco Morato). Agora, os trens daquele intervalo têm à disposição a potência de 4 MW (megawatt) em vez da antiga de 2 MW, aumento que reduz a possibilidade de falhas no sistema de circulação de trens, por queda de energia, propiciando maior segurança ao patrimônio da empresa e ao passageiro.
Para isso foi necessário intenso trabalho de recuperação de equipamentos que estavam inativos em outras subestações. Aproximadamente 15 técnicos da própria empresa participaram dos reparos, sendo cinco da equipe de manutenção de Campo Limpo e de Francisco Morato e o restante das subestações Caieiras e Tietê, esta última em Pirituba.
Subestação é uma instalação elétrica que recebe energia em corrente alternada (CA) e a transforma em contínua (CC), a que alimenta os trens. Nas linhas A e D (Luz-Rio Grande da Serra), que são complementares, e formam juntas a antiga Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, existem sete subestações, sendo quatro primárias e três secundárias. As primeiras recebem a energia diretamente da concessionária e repassam parte às secundárias, como Campo Limpo, que é abastecida de corrente alternada da subestação primária de Morato.
As subestações transformam CA em CC, por meio do grupo retificador de energia, sistema formado por transformador, o próprio retificador e disjuntores. O primeiro reduz a tensão (voltagem) e o segundo passa de CA para CC. Já os disjuntores distribuem a energia no sistema ferroviário e, em caso de sobrecarga, desligam-se automaticamente para segurança das instalações e do passageiro.
Desliga e liga
A Subestação de Morato recebe 138 mil kV (quilovolt) da concessionária em CA, baixa para 34,5 kV e envia parte para Campo Limpo. Nesta, o transformador reduz a energia para 2,45 kV, ainda em CA, e depois o retificador passa para 3 mil V, agora em CC. Corrente alternada é usada na transmissão elétrica em longas distâncias e permite que a tensão (Volts) seja manipulada (aumentada ou reduzida) pelo usuário.
O supervisor de manutenção das linhas A e D, Durval Maggioni Finotto, lembra que até 1999 a retificação de energia em Campo Limpo era obtida por grupo do tipo vapor de mercúrio. Por ser antigo, não houve jeito de consertá-lo quando queimou. Foi substituído, então, por outro de Caieiras, do tipo de silício, com 2 MW.
Dois anos depois, a circulação de trens aumentou. Porém a potência continuou a mesma, o que ocasionava sobrecarga de energia, com desligamento automático dos disjuntores e posterior religamento manual, alguns minutos depois. Entre uma ação e outra, as composições paravam nos trilhos.
Peso-pesado
Para corrigir o problema, em 2003, informa Durval, técnicos da CPTM começaram a reformar outro retificador que estava quebrado na subestação Caieiras e, ao mesmo tempo, um transformador de quase 20 toneladas na Tietê. Terminada a primeira empreitada, Campo Limpo tinha um novo retificador, mas o outro equipamento, por ser muito pesado, teve de esperar para ser transferido, o que ocorreu somente maio último.
O transporte foi o único serviço pago pela CPTM a outra empresa em todo o processo de duplicação de potência em Campo Limpo. O gigantesco transformador chegou depois de aproximadamente seis horas de viagem entre as subestações Tietê e Campo Limpo Paulista. Durval estima que foram quase 36 horas de trabalho entre carga, transporte e descarga do equipamento.
Assim que o novo grupo retificador começou a funcionar, Campo Limpo dobrou sua potência. O transformador foi instalado na parte de fora do prédio da subestação, por tratar-se de uma máquina construída especialmente para operar em ambiente externo. Já o retificador e os enormes disjuntores estão fixos dentro do prédio, não podem ficar ao relento.
O engenheiro das linhas A e D, Mauro Kamitani, que trabalha com Durval, observa que agora o trabalho de manutenção na subestação ficou bem mais fácil. A equipe Campo Limpo/Morato dispõe hoje do período de 9 às 15 horas para fazer manutenção num grupo desligado, deixando o outro para alimentar o sistema. Neste espaço de tempo, que não leva em conta os horários de pico, as composições circulam com apenas um grupo retificador ligado. “Essa é uma das vantagens de termos 4 mil MW à disposição”, explica Mauro.
Antes, com apenas um grupo retificador em operação, o serviço de manutenção era realizado somente pela madrugada, porque só podiam desligar o sistema quando os trens paravam de operar. “Tínhamos somente duas horas de tempo para trabalhar”, lembra Mauro.
Ele conta também que não existe mais o perigo de sobrecarga ou parada de trens durante as viagens. Certa feita, na época de apenas um grupo de retificação, eles chegaram a constatar 120 desarmes (desligamento automático) dos disjuntores, num mesmo mês, número considerado muito alto.
Vanderson Silotto é um dos funcionários que participaram da instalação do retificador em Campo Limpo, depois de sua reforma em Caieiras. “Foram quatro meses de trabalho”, lembra o técnico.
Ele e seus companheiros atuavam normalmente na manutenção cotidiana da linha e reservavam as duas últimas horas de cada dia para instalar o equipamento que converte CA em CC. Prepararam a infra-estrutura (fiação, tomadas e disjuntores) para que o novo retificador funcionasse em conjunto com o transformador.
A Subestação de Campo Limpo Paulista é uma das primeiras no processo de eletrificação de ferrovias no Estado, iniciado em 1950. No Rio de Janeiro, a troca iniciou-se treze anos antes. Os elétrons vieram para substituir o diesel e o vapor. O primeiro trecho em São Paulo movido a eletricidade foi entre Campinas e Jundiaí, que hoje só opera para transporte de cargas.
Ot
06/13/2006
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