Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida após posse de delegados e inv



Parte II

Parte II CPI Pergunta: Governador, em relação à CPI que está ameaçando ser instalada, o que o senhor acha que o Governo deve fazer em relação a isso e em relação ao ato do senador Jader Barbalho? Alckmin: Eu acho que a CPI, ela é totalmente fora de hora. Quer dizer, num momento bom que o País está vivendo, sob o ponto de vista econômico. Em vez de a gente aproveitar esse bom momento para implementar reforma política, para questões de base, questões estruturais, uma CPI sobre o quê? Fatos desconexos entre si, alguns fatos antigos, muitos deles já apurados até pelo Ministério Público. Não vejo razão para que isso seja feito e acho que isso pode prejudicar o País. Veja a dificuldade que está a Argentina. Veja a diferença com o Brasil. Então eu acho que nós temos que aproveitar esse bom momento da economia brasileira para fazer um esforço ainda maior no crescimento econômico sustentável. Pergunta: O presidente deve ter pulso firme para evitar essa CPI, evitar que o Congresso paralise? Alckmin: Isso depende do Congresso. Mas eu acho que o Congresso vai colaborar com o País devido a esse bom momento que o Brasil está vivendo, depois de superar sacrifícios, depois de superar crises anteriores, da gente fazer crescer ainda mais a economia. Pergunta: Se o senhor implantasse uma CPI, qual seria sua atitude? Alckmin: O que justifica uma CPI? Quando você tem um fato grave que você precisa esclarecer. O que você tem? Você tem um manifesto político. Você tem um conjunto de coisas, mais para manifesto político do que para um fato específico. E você tem “n” maneiras de investigar e apurar. Então, o presidente Fernando Henrique é um homem sério, um Governo que tem uma história de seriedade. Bate-boca no Congresso Pergunta: Governador, o senhor estava falando que uma CPI poderia prejudicar o bom andamento da economia, agora, como o senhor avalia esse bate-boca que segue no Congresso? O presidente recém-eleito chamando o ACM de 'prostituta velha', o outro respondendo que ele é ladrão. Isso também não prejudica o bom andamento da economia? Não impede votação de reforma essa briguinha? Alckmin: Infelizmente, o que nós tivemos? Uma disputa longa na Câmara e no Senado e uma disputa cheia de seqüelas. Uma disputa muito forte, digamos assim. Porque disputa sempre houve, por cargos da mesa, presidência, isso faz parte do Parlamento, é normal que ocorra. Até o doutor Ulysses quando era candidato a presidente da Câmara não era eleito por unanimidade. Tinha disputa, tinha chapa, debatia. O que nós estamos tendo ainda é a seqüela dessa disputa longa e penosa. Pergunta: Parece que a disputa ainda não terminou. Continua o xingamento como antes da eleição das mesas da Câmara e do Senado. Ou não? Alckmin: Eu acho que a gente tem que... Pergunta: Porque está tudo paralisado. Há um mês que o Jader foi eleito, há um mês que não se vota nada. Está tudo do mesmo tamanho de antes da eleição. Alckmin: A melhor coisa para isso é você pôr à frente uma agenda positiva, quer dizer, discutir coisas que se não forem discutidas e aprovadas esse ano, não vão ser nos próximos dois anos. Como a Reforma Tributária, a Reforma Política, completar a reforma da Previdência. Pergunta: Como o presidente da República pode fazer andar essa agenda positiva se as lideranças no Congresso perdem tempo discutindo? Alckmin: Mas ele tem um papel importante, fazendo a sua parte. Por exemplo, hoje o secretário da Fazenda, o doutor Dall’Acqua, foi para Brasília. Pergunta: Para? Alckmin: Para discutir a Reforma Tributária. Então, o Governo pode fazer a sua parte, antecipar esse debate e aí o Congresso vai participar. Eu tenho certeza. Pergunta: O Congresso não é para votar? Se eles ficam batendo boca... Alckmin: Então, mas você precisa aprimorar o texto. Quer dizer, o Governo também tem uma participação importante, não é só o Congresso. E você chegar num texto que você concilie municípios, Estado, União, contribuinte. O Congresso tem a sua tarefa, mas o Governo também. Qual é o texto da Reforma Tributária? Pergunta: Governador, que ponto exatamente o secretário foi discutir? Por acaso seria a unificação do ICMS? Na legislação do ICMS? Alckmin: Ele vai discutir a Reforma Tributária. O que se deseja com a Reforma Tributária? O que se deseja são três pontos: simplificação do modelo tributário; evitar a guerra fiscal, ela é predatória, ela é ruim para o País; e reduzir o Custo Brasil, ou seja, substituir os chamados impostos em cascata. Esses são os três pressupostos que se deseja numa reforma tributária. Como chegar a isso? Aí, é discussão, é estudo. Para isso que ele foi para essa reunião. Pergunta: Reunião com quem? Alckmin: Eu não sei especificamente, posso até verificar. Quem tem participado são os secretários da Fazenda. Na última reunião, o próprio ministro, Pedro Malan. Pergunta: Mas não é reunião do Confaz, né? Alckmin: Não, não. É a reunião sobre Reforma Tributária. Racionamento de água Pergunta: Só retomando uma questão sobre racionamento de água. O senhor disse que o Governo deposita todas as esperanças no mês de abril. Significa que não vai haver racionamento até, pelo menos, o final de abril? Alckmin: Não, não. Pode haver racionamento antes. A situação mais crítica é Alto e Baixo Cotia, essa é a que tem um nível de reservatório menor. É claro que a Sabesp vai verificar o momento adequado para fazer. O que faz já é a campanha. A população tem dado uma resposta importante na campanha. E, a hora que tecnicamente se entender que é necessário, o racionamento é feito. Sucessão presidencial Pergunta: Governador, só mais uma questão sobre sucessão presidencial. O PFL tem cogitado o nome do senhor para a sucessão do presidente Fernando Henrique. O que o senhor acha? É uma estratégia? Como o senhor vê o PFL indicando o senhor como sucessor? Alckmin: Eu não sou candidato. Eu acho que eleição não é para discutir nesse momento. E também eu tenho até dito que não dou o passo maior do que a perna. Ou seja, eu acho que no meu caso não me ocorre e, ao mesmo tempo, acho que não é o momento dessa discussão. Leia também: Pa

03/22/2001


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