Trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas concedida nesta quarta-feira, dia 18, após
Parte Única
PRÓ-ESTRADA Repórter: Fala um pouco das máquinas, governador. Covas: Hoje não foram entregues todas. São 320 máquinas, um conjunto de pás-carregadoras, motoniveladoras, escavadeiras e tratores. O conjunto custa R$ 500,00. Foram comprados 80 conjuntos, portanto R$ 40 milhões. Esses 80 conjuntos vão ser entregues a 80 consórcios, cada um deles trabalhando em 6 municípios. Vamos atender 480 municípios que têm menos de 40 mil habitantes. As máquinas vão ficar nos consórcios, que por sua vez vão determinar como serão os serviços nesses municípios. Cada município vai pagar por mês R$ 1.400,00. Ao fim de 60 meses a máquina fica com os municípios e esse dinheiro não vem para o Tesouro, vai entrar num fundo que vai renovar a compra de m áquinas. É um projeto bastante bom que resolve um problema municipal muito significativo no Interior. As estradas vicinais, as estradas de terra sem pavimentação representam milhares de quilômetros e tem que ter conservação. Se chove, não sai a mercadoria, não sai o plantio, não sai a colheita. Portanto, a conservação de estradas é de extrema necessidade econômica para quem trabalha na terra. EXAMES MÉDICOS Repórter: O senhor recebeu o resultado dos exames, como o senhor recebeu isso, como está... Covas: Só recebi o resultado pela “Folha”. O que fui informado pelos médicos é que os exames foram feitos e que quinta-feira eles estariam reunidos. Iriam analisar os exames e em seguida falariam a mim e falariam a vocês aquilo que poderia interessar, sem esconder nem o bom nem o ruim. Repórter: – Este foi o primeiro compromisso externo depois que o senhor passou na quinta-feira... Covas – Não. Sábado e domingo não sai realmente. Mas na segunda-feira eu sai, terça também. Ontem fui à inauguração do CPD (Centro de Detenção Provisória), segunda fui inaugurar um serviço médico na Penitenciária Feminina. Nada me afetou do ponto de vista de mobilidade. Repórter – Procede que os exames estão sendo analisados também nos Estados Unidos? Covas – Não me perguntem informações sobre isso, porque sou tão informado sobre isso quanto vocês. Sou apenas um paciente. Quem fala a respeito disso são os médicos. Hoje como ontem e como sempre eles estão inteiramente liberados para contar aquilo que for. Repórter – O senhor falou que viu essa notícia só nos jornais. O que os médicos conversaram com o senhor não coincide com que o jornal publicou? Covas – Não sei nem o que o jornal publicou. Repórter – A Folha de S. Paulo publicou que teria dado positivo seu exame, que teria realmente tumor maligno no intestino. Covas – Então você tem que perguntar para a “Folha”, não para mim. Estou dizendo que os médicos, no dia que eu estava no hospital, marcaram para esta quinta-feira reunião para ver o resultado do exame e anunciarem a vocês. E eu ia perguntar como eles iriam anunciar? Eles tem absoluta liberdade. Repórter – O senhor não foi informado pelos médicos ainda? Covas – Só teremos o resultado amanhã, até onde eu presumo. Parece que a “Folha” anda mais rápido, ela tem o resultado das coisas antes dos outros... Repórter – O senhor ficou chateado com... Covas – Não, não fico chateado com nada. Repórter – Como o senhor está se sentindo... Covas – Estou muito tranquilo. Se eu tiver alguma coisa, a gente enfrenta. Se não tiver, melhor. Repórter – O que o senhor achou da notícia da “Folha”? Covas – Eu não acho. Repórter – Jornalisticamente foi uma postura ética? Covas – Não sou jornalista. Sou só governador. Estou abaixo do nível de vocês. Repórter – O senhor está preparado para qualquer resultado, vai atrapalhar o trabalho do senhor? Covas – Não sei, não posso lhe dizer. Por enquanto isso não me preocupa, estou trabalhando normalmente. Repórter – O senhor ficou irritado com a notícia? Covas – O que isso acrescenta se eu disse se fiquei ou não? Você ficou satisfeito com a notícia? Repórter – Não, ninguém ficou. Covas – Então. E eu não posso dar informação nenhuma a vocês porque desde o dia que estava internado no hospital combinei com os médicos que eles na quinta-feira se reuniriam, examinariam os resultados e teriam toda liberdade de dizer a vocês. Se vocês procurarem por eles amanhã, eles irão dizer com absoluta transparência. E vou ganhar se eu tiver alguma coisa. Da mesma maneira que da outra vez. É mais fácil que ganhar do Maluf. Repórter – O senhor teria a mesma disposição para enfrentar... Covas –10/18/2000
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