Trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas na cidade de Santos



Última parte

ABCD Repórter – O ABCD foi uma das regiões que mais recebeu investimentos do Governo do Estado contra enchentes? Covas – Sim. Recebeu seis piscinões e nesse ano, receberá mais seis. Agora, se o volume de chuvas for maior do que o volume que comporta os piscinões, vai ter enchente. Você pode melhorar a situação mas inviabilizar você não pode. A gente não comanda o espaço e o tempo em que a chuva cai. Nós fizemos todo o aprofundamento da calha do Tietê desde o Cebolão até a barragem Edgar de Souza. Lá, você pode levar 1.200 m³/segundo. Normalmente é 800. E foi feito por um preço que nos permite pedir aos japoneses usar o dinheiro que sobrou que eles nos emprestaram para terminar o que falta. Ou seja, do trevo até a barragem da Penha. Repórter – Qual o valor do empréstimo? Covas – O empréstimo era de US$ 500 milhões, que hoje representa um pouco mais. Nós não gastamos US$ 350 milhões. Então, ainda temos, com sobra para fazer o outro trecho. Só que nós não recebemos ainda autorização deles para usar o mesmo dinheiro. Repórter – Isso está sendo feito com parceria com a Prefeitura? Covas – As obras do Tietê são do Estado. A prefeitura atua mais em córregos dentro do município e na drenagem superficial. Nós estamos muito mal acostumados realmente. Nós não damos à cidade o valor que ela merece. Basta ver em São Paulo o que se grafita os prédios da cidade. Isso é um desapreço à coletividade inaceitável. Não se vê em outras cidades do mundo, prédios sujos e pintados como nós vemos aqui. Ontem, inauguramos uma obra de R$ 113 milhões, um coletor tronco que sai do rio Pinheiros, entra do lado do Tietê, vai até a Estação de Tratamento de Barueri. Só tinha funcionário da Sabesp na inauguração, porque, na realidade, isso não interessa a ninguém. Só interessa quando um carro é roubado, aí é boa notícia. Uma obra que tira 30% de esgotos do rio Pinheiros não chega a ser uma boa notícia, mas, essa obra não tira mais do que isso porque ela......o esgoto chamado difuso, que é sujeira que tem nas ruas, que a chuva leva para os bueiros, você não consegue tirar assim. Quando deixa de chover seis meses, como nós ficamos, os bueiros enchem, e se não houver o cuidado de esvaziá-los, na hora que vem a chuva não entra água mesmo. Do ponto de vista operacional, o Estado está fazendo obra no Tietê que nunca foi feito antes no rio. Aquelas obras que se faziam de tirar terra do Tietê, custava R$ 25 reais o metro cúbico. Nós estamos tirando por R$ 4,20. Repórter – O Estado promete entrar em parceria com a Prefeitura de Santos na revitalização aqui do Valongo? Covas – Essas coisas ou a gente assume compromisso ou não. Eu assumo esse compromisso perante você e Deus. PERUEIROS Repórter – Governador, o senhor fez ontem uma crítica à falta de ação da guarda municipal de São Paulo, no caso dos perueiros... Covas – Não, eu não fiz crítica. Esse negócio é gozado. Eu fui na missa e após a missa, o prefeito Celso Pitta saiu logo. Eu fui onde estavam os jornalistas, e fiquei cumprimentando outras pessoas dentro da igreja. Mas como vocês têm uma enorme vocação para o pega pra capá, entrevistaram a ele. Quando eu cheguei lá, fora, vieram me perguntar sobre o que ele havia falado. E hoje, nos jornais, estava que eu havia batido boca com ele. Não houve nada disso, mas como eu vi que ele se queixou da polícia, eu disse que em todas as vezes que a polícia precisou intervir, ela interveio. Outro dia aconteceu um pega entre perueiros e motoristas de ônibus na porta da Câmara Municipal quando estava sendo votada a lei. E que foi lá e foi muito criticada, foi a polícia. E toda vez que estiver na linha das suas obrigações, ela vai estar presente. Agora, eu estranhei porque existe uma guarda municipal cujo objetivo pela lei é a guarda dos bens patrimoniais. Repórter – O senhor julga que não é um caso de segurança pública? Covas – Não é que não seja um caso de segurança pública. Ela entra, quando o evento ocorrido tem a ver com ela. Mas aprovar uma lei na Câmara, dizendo que só pode ter quatro mil perueiros, e a partir daí, pedir para mandar a polícia para tomar conta? Isso não. O prefeito de Jundiaí me telefonou, de Campinas, de São José do Rio Preto me telefonou. Todos eles querem que a polícia fique por conta dos perueiros. Agora, chega a uma circunstância agrava, a polícia entra. Ou então, a polícia que não consegue dar conta de todos os crimes que existem, vai ficar tomando conta de perueiro? Não. Se o perueiro cometer um crime que implique na presença da polícia, ela se apresenta. Mas se ele está pensando que vai fazer briga com os perueiros e vai pedir para a polícia vai ficar na frente, não. Pede à polícia municipal para fazer isso. IMIGRANTES Repórter – Governador, o prefeito mostrou preocupação com a segunda pista da Imigrantes, que as cidades aqui da baixada talvez não tenham ainda uma estrutura para receber a demanda reprimida decorrente deste feriado. O que o senhor acha disso? Covas – Nós vamos fazer um desvio direto para Praia Grande e outro direto para o Guaruja, assim ninguém virá para cá. Desde que eu assumi que me pedem uma Segunda pista, de repente você começa as fazer e ninguém quer. Repórter – O senhor acha que as cidades estão preparadas? Covas – Eu não sei. Se não tiver que se preparem. Repórter – Não tem nada que o Governo possa fazer? Covas – Pode suspender a segunda pista. Se for o caso. Se ela atrapalhar muito, é melhor suspender. Aliás, para se chegar ao Litoral Norte, você pode chegar por várias descidas diferentes. Agora, está sendo feito um projeto, e para isso que existe a região metropolitana, para verificar que tipo de implicações a pista poderá causar para as cidades. Repórter – Mas é sobre isso que eu estou falando. Covas - Mas isso não está na concessão, não. O que acontece dentro de cada município você não pode pedir que a concessão faça. Concessão é para fazer estradas. Se for alguma coisa impossível e indispensável do município fazer, a gente examina em conjunto, mas não dá para pensar: vai fazer estrada e agora con

01/26/2000


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