Tucanos homenageiam Fernando Henrique Cardoso no Senado



Oito anos depois de deixar o Palácio do Planalto, Fernando Henrique Cardoso foi homenageado pelo seu aniversário de 80 anos em evento promovido pelo PSDB, na manhã desta quinta-feira (30), no Auditório Petrônio Portella, no Senado. A cerimônia foi conduzida pela atriz Fernanda Montenegro e encheu o auditório de senadores, deputados, ministros de tribunais superiores e autoridades do cenário político brasileiro.

Ao chegar ao Congresso, o ex-presidente se disse emocionado, pois, no Senado, passou 12 anos de sua vida. Mas foi a descontração que marcou seu aperto de mão com o presidente da Casa, José Sarney. "Estamos ficando velhos, Sarney", disse ele. E o presidente da Casa: "Velhos não. Velho é aquele que tem um ano mais do que eu". Fernando Henrique completou 80 anos no último dia 18. Sarney fez 81 anos no dia 24 de abril.

Na sala de audiências da presidência do Senado, lotada por parlamentares e funcionários que vieram cumprimentar o ex-presidente, foi indagado ainda a Fernando Henrique Cardoso qual o segredo da longevidade. Ele respondeu rindo:

- Trabalhar pouco. Era isso que Tancredo dizia. Tancredo dizia que fazer exercício faz mal à saúde.

Em seguida, Fernando Henrique Cardoso dirigiu-se ao Auditório Petrônio Portella. Lá, ele falou das formidáveis mudanças em curso no mundo e de sua resolução de dedicar-se agora a causas como o combate ao crime organizado e às drogas, flagelos que, em sua opinião, não só angustiam a sociedade como ultrapassam as fronteiras do país. Ele afirmou que, quando se chega a um certo momento da vida, é preciso refletir sobre as missões em que se pode render mais.

- Acho que, nessa altura, posso render mais se realmente me despir de todas as ambições pessoais. Pra mim é fácil, eu tive tanto, eu ganhei tanto nessa vida, quase sem perceber, quase sem ter lutado. Eu nunca imaginei, apesar do que dizem por aí, que ia ser presidente do Brasil, nem uma vez. Fui duas.

Presente à cerimônia, o ex-senador e ex-vice-presidente Marco Maciel disse que homenagear Fernando Henrique Cardoso estava acima das conjunturas políticas do país.

- Ao homenagear o ex-presidente, nós estamos reconhecendo o trabalho que ele realizou durante o período de sua extensa vida pública. Ele aliou um grande desempenho intelectual com relevantes funções no campo da administração pública - disse Maciel.

Organizador do evento no Senado, o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE), disse que a homenagem não era do partido, mas da política como um todo.

- Estão presentes aqui diversos amigos e colegas que reconhecem o seu valor como um dos principais políticos brasileiros, afirmou Guerra.

Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes também elogiou o papel político que FHC desempenhou no Brasil.

- Sem dúvida nenhuma, nós estamos falando de um dos maiores estadistas que o Brasil já teve. Tudo que nós tivemos de progresso nos últimos anos está ligado ao nome de Fernando Henrique Cardoso - afirmou o ministro.

Num vídeo enviado de Minas Gerais e exibido para o auditório, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) referiu-se ao aniversariante como grande pensador, vanguardista e intelectual sempre à frente do seu tempo.

- A sua coragem, lucidez e caráter foram fundamentais para que chegássemos até aqui - afirmou Aécio.

Em seu discurso, o ex-governador José Serra disse que foi nos anos 70 que FHC desenvolveu a capacidade de articulação, de conversa, de formulação de propostas.

Lembrou que trabalharam juntos na criação de um novo partido que sucedesse o MDB na redemocratização do país. E testemunhou a importância de Fernando Henrique Cardoso nos momentos de evolução da história recente do país, como no movimento pelas eleições diretas, nos trabalhos da Assembleia Constituinte e na transição do governo de Itamar Franco.

Redemocratização

Fernando Henrique Cardoso chegou ao Senado como suplente de Franco Montoro, que elegeu-se governador de São Paulo em 1982, deixando-lhe a vaga. Em Brasília, ele atuou na campanha pelas Diretas-já e na articulação da candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República, em 1984. Escolhido por Tancredo para ser líder do governo no Congresso, conduziu diversos acordos que contribuíram para a redemocratização do país.

Depois do afastamento do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, FHC assumiu o Ministério das Relações Exteriores do governo Itamar Franco. Em maio de 1993 tornou-se ministro da Fazenda e lançou um plano econômico que inaugurou o Real. Deixou aquele ministério para disputar a presidência da República. Elegeu-se em 1994 e reelegeu-se em 1998.

Recentemente, em carta de cumprimento pelo seu aniversário, a presidente Dilma Rousseff reconheceu sua importância na evolução política do país e o parabenizou pelos feitos durante o período em que ocupou o Palácio do Planalto.



30/06/2011

Agência Senado


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