TV Senado discute problema do endividamento das famílias brasileiras
A situação do endividamento das famílias brasileiras é grave e é uma espécie de bomba-relógio que deverá explodir no futuro, caso o governo não tome sérias providências. O alerta foi feito pelo economista Ronalde Silva Lins, do Conselho Regional de Economia - Seção DF (Corecon), durante entrevista concedida ao programa Agenda Econômica, da TV Senado.
O programa vai ao ar no próximo sábado (11), às 16h30 e às 22h; e será reapresentado no domingo, às 4h, às 8h e às 20h.
O problema do endividamento crescente - explica o economista - atinge principalmente os funcionários públicos de Brasília e de todo o país. Somente em Brasília, 80% das famílias de funcionários públicos encontram-se em níveis de endividamento muito superior a sua capacidade de pagamento, afirma.
Segundo pesquisa elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Brasil, 11,08% das famílias encontram-se muito endividadas. Dessas, 38% se dizem sem condições de pagar suas contas atrasadas no mês seguinte. As famílias que de algum modo estão endividadas, segundo o Ipea, somam 54% do total, enquanto 45,5% das famílias não têm dívidas.
Ronalde Silva Lins considerou alto o nível de inadimplência de todas as operações financeiras realizadas no país, de 5,6%, no mês de julho último, segundo o Banco Central do Brasil.
Ao comentar os elevados juros cobrados no Brasil, principalmente nas operações com cartões de crédito e cheque especial, o economista considerou as taxas "altamente extorsivas, de cobrança inconcebível em qualquer outro país". Mas alertou, também, contra os perigos do crédito consignado que aos poucos vai arruinando as contas familiares, sem que as pessoas percebam a tempo.
Segundo o economista, o governo tem de agir rapidamente na questão do endividamento das famílias brasileiras. Além de campanhas pelos veículos de comunicação de massa, ele recomenda a introdução de uma disciplina no currículo escolar, para ensinar às crianças, desde cedo, como lidar corretamente com o seu orçamento pessoal e mais tarde com o orçamento familiar.
Para as famílias que já estão com suas contas paralisadas por causa das dívidas ele recomenda a procura de um especialista para ajudá-las."Do mesmo modo que se vai a um médico ou a um dentista quando se tem um problema de saúde ou um problema dentário, deve-se buscar o socorro de um especialista do mercado financeiro quando a família cai na insolvência", assinala.
A entrevista de Ronalde Silva Lins, autor de livro sobre o assunto, foi concedida aos jornalistas Helival Rios e Davi Emerich.
10/09/2010
Agência Senado
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