Universidade: Alunos da Unicamp participam do Projeto Rondon no Amazonas
Finalidade é diagnosticar problemas e propor projetos que contribuam para o desenvolvimento local
Seis alunos e dois professores da Unicamp chegaram ao município de Eirunepé (AM) nesta segunda-feira, dia 6, para participar do Projeto Rondon. Desembarcaram na capital amazonense no final de semana, onde participaram de dois dias de treinamento, que incluiu palestras promovidas pelo Ministério da Defesa e da Educação sobre o Rondon e a região, e até aulas de de sobrevivência na selva. Depois da estada em Manaus, seguiram para Eirunepé, após escala em Tefé. A permanência dos estudantes na cidade, a 1,2 mil quilômetros da capital do Estado no limite entre o Amazonas e o Acre, será de oito dias. O grupo conta com o apoio do Exército (está hospedado no quartel) e utilizará os computadores da Marinha, por falta deste recurso na cidade.
Outra equipe da Unicamp esteve em Eirunepé em janeiro do ano passado. O relatório produzido pelo grupo que integrou o Projeto Rondon em 2005 está servindo de guia para turma que desembarcou lá esta semana. A equipe anterior coletou informações a fim de caracterizar socioeconomicamente o município. O professor do Instituto de Geociências (IG), Francisco Ladeira, um dos coordenadores da atual expedição com Sérgio Resende, professor da Faculdade de Ciências Médicas, acredita que as maiores contribuições do IG serão ambientais e sociais vinculadas à educação e ao espaço urbano. Como o objetivo dessas viagens é traçar mapa amplo das necessidades do município, a equipe é composta por estudantes de várias áreas.
Parcerias
A nova visita ao município vai coletar novas informações e discutir a possibilidade de realizar projetos conjuntos com a comunidade e o poder público, no sentido de minimizar as dificuldades pelas quais a população passa. A Unicamp está empenhada em participar do Projeto Rondon, que havia sido interrompido pelo governo federal em 1989 e retomado em 2004, só que agora com destaque mais restrito à Amazônia. Neste ano, 80 equipes de vários Estados trabalharão simultaneamente em outras localidades. "São dois grupos a cada 40 cidades", calcula Ladeira.
Diagnóstico do município
Nos dois dias de palestras em Manaus, os estudantes receberam informações sobre as carências de Eirunepé traçadas pela prefeitura, algumas das quais haviam sido constatadas pela equipe anterior, como a falta de recursos humanos na área da saúde. A expedição de 2005 constatou que o hospital municipal, apesar de bem equipado, possuía apenas um clínico geral e um ginecologista.
Segundo dados constatados na primeira visita, o quadro de desemprego no município é grande. As pessoas que possuem emprego geralmente são públicos. Mas não há quadro de fome, pois a população produz a própria subsistência.
Aliás Eirunepé vive quase exclusivamente da agricultura de subsistência e da pesca, distribuídas em área 15 mil quilômetros quadrados. De alguns municípios mais próximos levam seis dias viajando de barco. Muitas casas são feitas sobre palafitas. A população é de quase 30 mil habitantes e 60% têm mais de 19 anos. Entre os problemas mais sérios estão a lepra, a alta taxa de natalidade, a prostituição infantil, a falta de saneamento básico e o reduzido número de profissionais na área da saúde.
Experiência de vida
Para o professor Ladeira será uma grande experiência de vida. "Vamos a um lugar desconhecido visitar uma cultura completamente diferente do Estado de São Paulo." O geógrafo recorda de sua primeira participação no Projeto Rondon, em 1987, quando ainda era aluno. Passou um mês em Eldorado (SP), perto da Caverna do Diabo. "Vivenciamos ali situações de grande perplexidade, em virtude da pobr
02/09/2006
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