Universidade de Coimbra, em Portugal, estimula pesquisa sobre relações com o Brasil



A criação de um fundo de investigação e bolsas para doutorado vão contribuir para pesquisas em acervo da universidade sobre o Brasil

A Universidade de Coimbra, localizada em Portugal, criou um fundo de investigação e uma bolsa de doutorado para pesquisas sobre as relações entre a instituição e o Brasil. O fundo terá 3 mil euros anuais e a bolsa 980 euros mensais, por quatro anos.

O objeto de pesquisa consiste em acervos guardados no arquivo da universidade referentes à cartografia, geografia e fauna brasileiras; a alunos e professores brasileiros que estudaram ou trabalharam na universidade; ao conteúdo estudado por bispos brasileiros formados na universidade; além de passaportes de pessoas que viajaram para o Brasil.

Segundo José Pedro Paiva, diretor do arquivo da Universidade de Coimbra, se todos os documentos fossem colocados em linha reta formariam uma faixa de cerca de 10 quilômetros. Pelo menos 500 metros são formados por “material inédito”, nunca pesquisado, estima o diretor. “É plausível que a investigação leve a repensar parte da história entre Brasil e Portugal”, considera.

As duas primeiras bolsas serão concedidas a historiadores brasileiros. A historiadora Ediana Ferreira Mendes tem como projeto de pesquisa "A Formação Intelectual e Ação Episcopal dos Arcebispos da Bahia (Séculos 17-18)" e o estudante Guilherme de Souza Maciel (da Universidade Federal de Minas Gerais), que pesquisa "Espetáculo da Natureza. A História Natural a Serviço da Coroa Portuguesa (1770-1808)".

Universidade de Coimbra

A Universidade de Coimbra teve papel fundamental na formação da elite brasileira. Até meados do século 19, a maioria dos ministros brasileiros graduou-se (e até lecionou) em Coimbra, como é o caso de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), considerado Patriarca da Independência (1822).

A instituição é uma referência histórica para o Brasil desde a época colonial. A Universidade de Coimbra, uma das mais antigas da Europa (século 13), acolhe brasileiros desde o século 16. Segundo o vice-reitor, Joaquim Ramos de Carvalho, 78% dos ministros brasileiros, entre 1822 e 1840, foram estudantes em Coimbra.

Atualmente, a Universidade de Coimbra é a instituição no exterior com mais estudantes brasileiros (entre eles, bolsistas do Programa Ciência sem Fronteiras e do programa de licenciaturas). A universidade, referência internacional na área de direito, tornou-se mais recentemente também um polo respeitado na Europa em pesquisa em saúde e produção de tecnologia.

Ciência sem Fronteiras