Universidade desenvolve tecnologia para monitoramento de águas



Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) em parceria com o Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento (IRD) e com as universidades federais do Amazonas (Ufam) e do Ceará (UFC) vão desenvolver um drone para ajudar no monitoramento das águas de reservatórios artificiais, lagos e rios do País.

Segundo Henrique Roig, professor do Instituto de Geociências da UnB, o objetivo do AquaVant – junção das palavras água e Vant que dá nome ao projeto – é capturar imagens difíceis de se obter em campo e por satélite e, assim, preencher uma lacuna existente no sistema de sensoriamento remoto. A intenção, em resumo, é diversificar as plataformas de observação para registrar as mudanças ambientais dos corpos d´água com mais precisão.

“O drone pode voar abaixo das nuvens logo após uma chuva forte, por exemplo, e registrar a movimentação de sedimentos na água, coisa impossível de ser vista das estações terrestres e orbitais”, diz Roig.

Entre as vantagens, o professor cita também o custo e mais agilidade na hora de detectar problemas, como manchas de óleo na água. “Com ele, é possível acessar determinada área sem precisar de pista de decolagem, piloto e co-piloto”, explica. “Vazamentos de óleo, como os ocorridos recentemente no lago Paranoá [em Brasília], também podem ser monitorados mais rapidamente com a ajuda da nova tecnologia”, acrescenta.

Regulamentação

Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants), mais conhecidos como drones, são usados para atender às mais diversas finalidades. A cada dia ficam mais comuns, mesmo sem uma regulamentação definida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No Brasil, só as aeronaves com o Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave) têm permissão para voos.

“Estamos no processo de obtenção do Cave. Enquanto a certificação não sai, os estudos são realizados com Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), embora já tenhamos toda a tecnologia para voos totalmente autônomos”, explica Roig.

O fato de não existirem estudos com drones que monitoram a qualidade das águas no país faz do AquaVant um trabalho inédito. “Drones existem às centenas, mas quase todos estão voltados para segurança, mapeamento territorial e agricultura de precisão”, observa o professor.

O projeto, com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), envolve quatro pesquisadores da UnB que, em breve, começam a testar lentes e câmeras multi e hiperespectrais de pequeno porte (700g) nas aeronaves. “Nosso trabalho é descobrir qual das aeronaves servirá melhor para o transporte das câmeras e, assim, obter os resultados desejados”, diz Roig.

Para os primeiros testes, foi escolhido o modelo com seis a oito hélices e sistema eletrônico de voo e registro de imagens. Ele é chamado de multirrotor por ter vários eixos de motor, que proporcionam mais equilíbrio à aeronave. A expectativa é que exemplares de asas fixas sejam usados para sobrevoar áreas maiores no futuro.

O robô – um protótipo de 2,5kg e um metro de diâmetro – atinge uma altura máxima de 150 metros e fica no ar de 15 a 30 minutos. O tempo de duração da bateria varia de acordo com o peso dos sensores transportados.

As aeronaves são construídas pela TerraSense, empresa incubada no Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da UnB. Lentes e câmeras ainda são importadas. Para que se avalie o poder dessas lentes, “cada foto obtida por uma hiperespectral registra 232 pontos num único disparo”, conta Alexandre Moreno, mestrando e integrante do grupo de pesquisa responsável pela construção dos Vants.

Fonte:
Agência Espacial Brasileira



19/03/2014 17:41


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