Uso da energia nuclear deve ser visto com ressalvas, diz Eduardo Azeredo



Em pronunciamento nesta terça-feira (28), em Plenário, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) disse que a sociedade precisa refletir sobre a proposta do governo de retomar a construção da usina nuclear de Angra 3, localizada no litoral fluminense, tendo em vista o alto custo do projeto e a existência de dúvidas quanto à eficácia do empreendimento. Segundo ele, o Brasil ainda precisa avançar na construção de hidroelétricas e adotar uma matriz energética diversificada, que favoreça o aproveitamento de novas tecnologias, como os biocombustíveis, e modelos de prospecção mais adequados ao gás natural.

- Para cada um gigawatt, ou mil megawatt, são necessários de 1,5 a 1,7 bilhões de dólares americanos. O prazo de construção [das usinas] é de cinco anos, sendo que a média histórica é de 8,6 anos. Não existiram projetos privados nos últimos 20 anos. Uma das razões é o crescimento, desde 2004, de 565% do preço do urânio, cujas reservas existentes serão extintas em 60 anos - explicou, referindo-se ao mineral radioativo usado como combustível na geração de energia nuclear.

Em seu pronunciamento, Eduardo Azeredo destacou sobretudo os problemas ambientais decorrentes do uso da energia nuclear. Ele lembrou que os depósitos de materiais usados pelas usinas são uma preocupação constante nos países que utilizam esse tipo de matriz energética, por exigirem atenção e manutenção constantes das autoridades. Também alertou que as centrais nucleares contam com uma vida útil de 40 a 60 anos, tornando-se, ao final desse período, um "monumental lixo a ser cuidado", a requerer recursos por tempo indeterminado.

- Enquanto o mundo todo desperta para o aquecimento global, tentando equacionar o problema da produção de gás carbônico e seu seqüestro pela produção de florestas plantadas e com manejo sustentável, o ciclo nuclear, grande produtor do gás, não entra na matriz de solução. Usando combustível de alto teor, as emissões de gás carbônico equivalem a um terço ou um quinto, na melhor hipótese, das emissões de uma central energética a gás natural. Se o combustível é de pior qualidade, as emissões são até maiores. Conclusão: o balanço energético é negativo - concluiu.



28/08/2007

Agência Senado


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