USP estuda performance de veículos para exportação
Método permite prever o desempenho dos carros do Brasil nas condições de outros países
Um modelo estatístico para estimar a performance de veículos brasileiros para exportação foi desenvolvido em pesquisa da Escola Politécnica (Poli) da USP. O método de análise estatística desenvolvido pelo engenheiro Joel Soares dos Anjos permite prever o desempenho dos carros do Brasil nas condições de outros países e identificar aspectos que podem ser aperfeiçoados antes das vendas para o exterior.
“A partir dos dados de campo de veículos similares, é possível entender se o veículo projetado e produzido no mercado brasileiro atende a necessidade dos países a ser exportado”, explica o engenheiro. As informações de campo são obtidas por intermédio das manutenções realizadas durante o período de garantia dos veículos e registradas no banco de dados de garantia das montadoras pelas concessionárias. “Por meio da análise estatística, pode-se identificar que aspectos precisam ser melhorados visando uma melhor performance em termos de qualidade”.
A pesquisa fez uma comparação do desempenho de um veículo brasileiro na Argentina, Chile, Colômbia, México e África do Sul, países que já importam automóveis do Brasil. “Com as informações do período de garantia de veículos similares no exterior, é feita a comparação com os dados de desempenho obtidas aqui para se acessar a performance”, afirma Soares. “A vantagem do método está em conseguir essas informações e incorporá-las ao desenvolvimento de produtos, antes que seja exportado, num trabalho preventivo”.
Segundo o engenheiro, o modelo ajuda a adequar os veículos às particularidades de cada país, apontadas pelos levantamentos de cada mercado. “No Chile, por exemplo, a cidade de Santiago possui grandes avenidas pavimentadas em concreto, ao contrário de São Paulo e outras grandes cidades brasileiras, onde o asfalto predomina”, conta o engenheiro. “A análise estatística de veículos similares irá indicar se a resposta de campo dos pneus, em condições diferenciadas como essa, será satisfatória ou se haverá necessidade de usar outro tipo de pneu”.
Garantia
De acordo com Soares, a principal diferença encontrada entre os países está na existência de políticas diferenciadas de garantia. “Cada país pratica sua política de garantia de acordo com a legislação local e estratégias de marketing para cada mercado”, ressalta.
Na pesquisa, a aplicação do modelo foi feita para o veículo como um todo e para seus subsistemas específicos, mas pode ser adotada ainda para componentes isolados, como bancos, pneus entre outros. Segundo o engenheiro, a ferramenta também pode ser aplicada para calcular a extensão do período de garantia dos veículos.
“Como os dados de campo são obtidos por meio da garantia, é possível estimar com as informações coletadas em um ano qual será o impacto na extensão do período de garantia”, explica. O modelo estatístico foi testado por Soares em sua dissertação de mestrado em Engenharia Automotiva na Poli, orientada pelo professor Gilberto Francisco M. de Souza.
No último mês de abril, ele foi aplicado em um estudo no subsistema da suspensão e apresentado no 5º Colloquium Internacional SAE BRASIL de Suspensões e Implementos Rodoviários & Mostra de Engenharia que ocorreu na cidade de Caxias do Sul (RS). “A análise mostrou que a suspensão do veículo brasileiro exportado para a Argentina não apresenta diferenças de performance”, aponta o engenheiro. O modelo também já é utilizado na indústria. Soares é engenheiro sênior de qualidade atuando no desenvolvimento de novos produtos na General Motors.
Da USP
(L.F.)
09/14/2008
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