USP propõe novos destinos para computadores velhos e usados



Proposta do Cedir é garantir a destinação correta dos equipamentos descartados, como aproveitá-los em projetos sociais

Responda rápido: quantos computadores e impressoras você já teve até hoje? E telefones celulares? Na era digital, com o rápido avanço da tecnologia e o crescente aumento do consumo, é raro encontrar alguém que não queira ter um equipamento mais moderno. E quando opta pela troca, vê apenas a possibilidade de se livrar de uma sucata, ou melhor, de um lixo tecnológico.

Muitos, porém, não sabem que equipamentos eletrônicos como computadores, impressoras, carregadores de celular, pilhas e baterias descartadas têm em sua composição substâncias que podem contaminar as pessoas, animais e o ambiente, como metais pesados (chumbo, cádmio, mercúrio) e outros elementos tóxicos. Por isso, o descarte deve ser feito de maneira adequada e nunca no lixo comum.

Entretanto, mesmo trazendo risco ambiental, o lixo eletrônico abre oportunidade de crescimento para outras pessoas, caso passe por uma reforma. E que talvez esta seja a única maneira que uma criança ou jovem carente tenha para aprender a utilizar um computador.

Lixo eletrônico 

A substituição de equipamentos eletrônicos por novos cresce 40 milhões de toneladas por ano, de acordo com o relatório Reciclando - do Lixo Eletrônico aos Recursos, publicado em fevereiro de 2010 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Segundo o documento, o Brasil descarta 96,8 mil toneladas de computadores por ano.

O relatório analisa a situação do lixo eletrônico na África do Sul, Quênia, Uganda, Marrocos, Senegal, Peru, Colômbia, México, Brasil, Índia e China. E informa que aparelhos eletrônicos possuem placas com circuitos eletrônicos que podem chegar a usar mais de 60 tipos de elementos químicos.

O crescimento do consumo no setor aumentou a utilização de recursos naturais para suprir essa necessidade; e isso está levando à escassez desses recursos. Por outro lado, o descarte inadequado de aparelhos obsoletos contamina o ambiente, pois esses elementos químicos ou são valiosos ou são tóxicos, ou ambos. As atividades de mineração consomem altas taxas de combustível, com alta geração de CO2, contribuindo negativamente para o efeito estufa.

Portanto, o mais sensato seria recuperar os metais utilizados nos aparelhos descartados, em vez de produzir novos metais, ou seja, 'minerar' o lixo eletrônico: uma tonelada de telefone celular sem bateria contém 3,5 quilos de prata, 340 gramas de ouro, 140 gramas de paládio e 130 quilos de cobre.

Segundo o relatório, em 2007 mais de 1 bilhão de celulares foram vendidos em todo o mundo - aumento de 896 milhões em comparação a 2006. Especialistas no setor asseguram que em uma tonelada de PCs existe mais ouro do que 17 toneladas de minério bruto do metal. Por isso, é fundamental que a sociedade se mobilize para encontrar alternativas para lidar com essa realidade.

Responsabilidade social

Entre janeiro e junho de 2011, o Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (Cedir) da USP recebeu quase 42 toneladas de equipamentos da comunidade acadêmica e de pessoas físicas. São CPUs, monitores, teclados, mouses, estabilizadores, no-breaks, impressoras, telefones, celulares, fios e cabos, CDs, DVDs, além de pequenos objetos como câmeras fotográficas, pilhas, baterias e cartuchos. Somente nesse período foram descartados 1.439 monitores, 1,2 mil CPUs e 511 impressoras.

Desde que foi inaugurado, em dezembro de 2009, o Cedir reformou cerca de 600 equipamentos, entre CPUs, monitores, impressoras, scanners, projetores e aparelhos de fax, que foram encaminhados para 30 unidades da USP e 52 entidades assistenciais cadastradas. O Centro de Descarte funciona em um galpão de 400 metros quadrados, na Cidade Universitária, em São Paulo.

"A proposta do Cedir é garantir que os equipamentos eletroeletrônicos da USP tenham destinação correta e que a maioria do material descartado possa retornar à cadeia produtiva e evitar, por exemplo, a extração de mais metais da natureza", destaca a professora Tereza Cristina Carvalho, coordenadora do centro.

Outra vantagem é possibilitar o reúso de equipamentos em projetos sociais, beneficiando comunidades que não teriam acesso a esse tipo de recurso, além de fornecer algumas peças de reposição para equipamentos da própria USP e de auxiliar pessoas físicas com a destinação correta de lixo eletrônico.

Prêmios

O trabalho do Cedir rendeu menções honrosas de 2008 a 2010 no Prêmio Governador Mario Covas na categoria Inovação. Em 2011 foi laureado com a Iniciativa Verde, da revista InfoExame. A divulgação dos trabalhos possibilitou que muitas universidades, prefeituras e cidadãos despertassem para a questão do lixo eletrônico e começasse a trabalhar na mesma direção.

"Muitos empresários procuram o Centro de Descarte para saber da possibilidade de abrir um negócio na área", afirma Tereza. Segundo ela, o centro foi concebido para receber 500 computadores por mês (cerca de 5 toneladas). Mas, em alguns meses, chegam ao centro de 10 a 12 toneladas de descarte. O número mensal de computadores reaproveitados varia entre 40 e 60. Porém, ainda existe uma demanda reprimida dentro da USP.

"Precisamos ampliar a vazão de saída para aumentarmos a vazão de entrada. Para cada tipo de material necessitamos de um volume mínimo para comercialização. Para plástico são 300 quilos; para as placas, 5 toneladas. A venda das peças cobre o custo de reciclagem de monitores de tubo. Não temos lucro", declara.

Tereza ressalta que é necessário refazer o ciclo de operação do Cedir, criando, por exemplo, o conceito de células especializadas em desmontagem de computadores, outra em impressoras, etc., "pois isso possibilitaria o aumento da produtividade".

Da Agência Imprensa Oficial e da USP



11/28/2011


Artigos Relacionados


João Ribeiro propõe doação a escolas de computadores usados do Senado

País apresenta novos destinos para Negócios e Eventos

Novos destinos europeus buscam atrair turista brasileiro

Escolas estaduais vão ganhar 15 mil novos computadores

Acessa SP ganha novos computadores no Bom Prato Santos

Relator propõe rejeição pela CAE de projeto que isenta de IPI equipamentos usados em reciclagem