Valadares: avaliação do primeiro ano de Lula tem que levar em conta a "herança maldita"



Para se fazer uma avaliação séria do desempenho inicial do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é preciso levar em conta o legado econômico dos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a chamada -herança maldita-, afirmou o senador Antônio Carlos Valadares nesta terça-feira (16). Qualquer que fosse o governo atual, de acordo com o senador, ele obrigatoriamente teria que atuar na estrutura de dependência internacional e de restrições macroeconômicas que inibem escolhas, sacrificam políticas públicas e carreiam mais da metade da produção nacional para o pagamento de juros.

A herança do governo anterior, conforme Valadares, acentuou a vulnerabilidade externa do país, colocando-o num patamar superior de dependência econômica e de submetimento nacional, -dos quais não se pode fugir repentinamente sem conseqüências gravíssimas-.

- A cada vez que a crise econômica internacional incidiu sobre nossa economia, a reação do governo FHC, invariavelmente, se deu na linha da ampliação exponencial do endividamento em dólar e do aprofundamento da dependência financeira nacional em relação ao dólar - explicou o parlamentar.

Valadares relembrou que Fernando Henrique enfrentava as crises internacionais buscando o Fundo Monetário Internacional (FMI), oferecendo juros altíssimos, assumindo empréstimos de curto prazo e fortalecendo a moeda artificialmente, sempre ao custo de mais endividamento. Essa política chegou a seu ápice quando, na crise da Rússia, em 1998, Fernando Henrique elevou os juros a 49,7% ao ano, destacou o senador.

Foram essas conexões com o poder econômico internacional, enfatizou Valadares, que lançaram o Brasil num círculo vicioso de alto risco e o resultado está sendo colhido hoje, em que a economia está amarrada à necessidade de gerar bilhões de dólares e superávits primários crescentes para poder continuar no mercado internacional.

- Essa -herança maldita- imobilizou a Nação em mais uma década perdida e, por isso, não pode ser esquecida, até porque ela invade o nosso cotidiano, como o demonstram a favelização, a informalização da economia e a concentração da renda - disse Valadares.



16/12/2003

Agência Senado


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