Valdebran nega responsabilidade na compra do dossiê



O empresário Valdebran Carlos Padilha da Silva negou nesta terça-feira (21), em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, que tenha sido um dos principais responsáveis pelo esquema que resultou na tentativa de compra de um dossiê que, supostamente, ligava políticos tucanos à máfia das ambulâncias. Ele também afastou qualquer participação de integrantes da direção do PT na operação.

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Valdebran Padilha garantiu que em nenhum momento participou das negociações de valores ou de informações relativas ao dossiê, e que fora escalado apenas para acompanhar toda a operação. Mas admitiu que chegou a participar de encontros com a família Vedoin, proprietária da empresa Planam, destinados a acertar o pagamento da compra do dossiê.

O empresário, que era filiado ao PT de Mato Grosso, foi preso pela Polícia Federal em um hotel de São Paulo, junto com o advogado Gedimar Passos, semanas antes da realização do 1º turno das eleições de outubro. Com eles, a Polícia Federal apreendeu R$ 1,7 milhão. O dinheiro, segundo as denúncias, seria entregue ao empresário Luiz Antônio Vedoin em troca do dossiê. A família Vedoin é acusada de comandar a máfia das ambulâncias, esquema que superfaturava a compra de ambulâncias adquiridas irregularmente com recursos do Orçamento da União.

Contradições

Em um depoimento considerado pela maioria dos membros da CPI como contraditório, Valdebran Padilha disse ainda que não viu qualquer ilegalidade na compra do dossiê e adiantou que ambas as partes - os Vedoin e os emissários do PT escolhidos para fechar a operação, Gedimar Passos e Expedito Veloso - comprometeram-se a protocolar o acerto na Justiça Federal, por considerar o processo legal. Ele também negou que conhecesse Freud Godoy, acusado de ser um dos principais "cabeças" da operação.

- Na verdade, foi um negócio malfeito entre as partes. Uma não tinha a totalidade do dinheiro acertado para pagar o dossiê e a outra não possuía todas as informações desejadas - resumiu Valdebran, que não soube responder qual seria a origem do dinheiro encontrado em suas mãos, incluindo dólares e reais.

Parlamentares, a exemplo do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), detectaram várias contradições no depoimento de Valdebran, principalmente quando o empresário afirmou que toda a operação da compra do dossiê seria registrada na Justiça Federal, apesar de deixar claro que ambas as partes não cumpriram o acordo firmado entre elas. A outra contradição identificada pelos parlamentares diz respeito à declaração de Valdebran de que teria entrado na operação por pura amizade com militantes do PT.



21/11/2006

Agência Senado


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