Valor da cesta básica cai em fevereiro, diz Procon



Preço médio de R$ 264,87 passou para R$ 260,38

O valor da cesta básica de fevereiro apresentou queda de 1,7%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta era de R$ 264,87 em 31 de janeiro e passou para R$ 260,38 em 29 de fevereiro. O grupo Higiene Pessoal foi o que registrou a maior queda: -2,71%.

Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacamos os que registraram as maiores quedas de preço neste mês: batata – kg (-13,38%); carne de primeira - kg (-10,82%); frango resfriado inteiro – kg (-8,81%); feijão carioquinha – pac. 1 kg (-8,75%) e farinha de trigo – pac. 1 kg (-8,23%). A dúzia de ovos brancos aumentou 14,23% (maior variação positiva mensal de preço do produto nos últimos três anos).

Dos 31 produtos pesquisados, na variação mensal, 11 apresentaram alta e 20 diminuíram de preço. Os grupos Alimentação, Limpeza e Higiene Pessoal apresentaram queda de, -1,56%, -1,97% e -2,71% respectivamente.

A variação no ano é de 0,7% (base 27/12/07) e, nos últimos 12 meses, de 22,76% (base 28/02/2007).

É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para “desovar” estoques através do rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês.

Batata

Em dezembro do ano passado os preços da batata começaram a declinar, depois de três meses de altas consecutivas (fim do pico da safra de inverno). Neste início de ano, a colheita de batata da safra das águas elevou significativamente a oferta nos atacados do Sudeste, contribuindo para o movimento de queda dos preços. A intensificação da colheita em Água Doce (SC) e em Bom Jesus (RS), aliada ao início da safra no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (MG) também colaboram para o aumento da oferta.

Em 2007 o preço da batata (kg), na pesquisa da cesta básica, teve variação no ano de 97,59%.

Carne Bovina

No final de 2007, os preços da carne bovina já ensaiavam um movimento de desaceleração. Esse comportamento se manteve no início deste ano.

No início de fevereiro a União Européia interrompeu a importação de carne bovina brasileira por problemas técnicos e de fiscalização. Apesar dessa decisão provocar, num primeiro momento, queda nos preços do boi gordo no mercado futuro, acabou por não interferir nas cotações do produto, que voltaram a subir em seguida.

No final do mês, após vinte e sete dias de embargo, a União Européia anunciou a retomada de importações de carne bovina “in natura” do Brasil. Inicialmente, apenas 106 propriedades poderão vender aos 27 países do bloco europeu. A maior exigência imposta ao Brasil é a rastreabilidade dos rebanhos.

O declínio dos preços no mercado interno, neste momento, parece estar mais associado ao fim da entressafra do que ao embargo da União Européia à carne brasileira, já que somente 18% da carne produzida pelo Brasil vão para os países da União Européia. Nesse sentido, o pequeno excedente seria absorvido pelo mercado interno e por outros compradores, como Rússia e Oriente Médio.

Na pesquisa da cesta básica de fevereiro/08, o preço da carne de primeira apresentou a maior variação negativa desde junho de 2006 (quando registrou queda de 11,47% em relação ao mês anterior).Frango

O preço médio do frango (in natura e industrializado) vinha se elevando no final do ano passado, em virtude do crescimento mais acentuado dos custos de produção (aumento dos preços do milho e da soja – insumos da ração), afetando os preços de exportação e no mercado interno.

Por outro lado, embalada pela aquecida demanda por frango no país e no exterior, a produção brasileira de pintos de corte atingiu o recorde em 2007. Em decorrência disso, no início deste ano o nível de oferta aumentou, provocando um excedente pontual de carne de frango no mercado e, conseqüentemente, deprimindo os preços.

Na pesquisa da cesta básica de fevereiro/08, o preço da carne de frango apresentou a maior variação negativa mensal desde julho de 2006 (quando registrou queda de 9,45% em relação ao mês anterior).

Feijão

O longo período de estiagem que atingiu a região sul, notadamente o Estado do Paraná – um dos maiores produtores de feijão carioquinha do País -, provocou atraso no plantio. Em conseqüência disso e da redução da área plantada, a oferta foi restrita e os preços atingiram patamares muito altos nos últimos meses de 2007. Em janeiro deste ano os preços continuaram em alta, tendo em vista que problemas climáticos nas principais regiões produtoras provocaram quebra de um percentual significativo da safra.

Apesar disso, no mês de fevereiro os preços do feijão deram uma trégua, em função do aumento da oferta com as safras em Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Goiás e São Paulo. Analistas do setor prevêem que a partir de março os preços devem voltar a subir porque a oferta está enxuta. A próxima safra só ocorrerá no final de abril.

Na pesquisa da cesta básica de fevereiro/08, o preço do feijão carioquinha apresentou a primeira variação negativa mensal, depois de nove meses de altas consecutivas.

Trigo

Os preços do trigo mantiveram-se firmes no ano passado, em grande parte devido a alta cotação do cereal no mercado internacional.

Neste início de ano a situação não é diferente e os estoques estão baixos. Além disso, com as dificuldades de importação de trigo da Argentina (que suspendeu licenças para vendas externas), aumentou a demanda dos moinhos pelo produto nacional.

Preocupado com a possibilidade de faltar trigo no mercado, o que poderia provocar mais inflação, o governo publicou resolução da Câmara de Comércio Exterior autorizando a importação de um milhão de toneladas do produto, sem imposto de importação, de países que não integram o Mercosul. A medida vale até 30 de junho. Os principais fornecedores de trigo fora do Mercosul são Canadá e Estados Unidos.

Quanto à farinha de trigo, o declínio dos preços na pesquisa da cesta básica pode ser explicado pela entrada do produto importado, que incrementou a oferta no mercado interno. No ano passado, o governo argentino elevou os impostos de exportação de trigo em grão, mas não elevou as taxas incidentes sobre as exportações de farinha de trigo.

Na pesquisa da cesta básica de fevereiro/08, o preço da farinha de trigo apresentou a primeira variação negativa mensal, depois de sete meses de altas consecutivas.Ovos brancos

Após dois anos difíceis para os produtores de ovos, 2008 mostra um cenário de recuperação de preços. A recuperação do setor se deu graças a uma adequação da produção em relação à demanda. A produção tem sido reduzida gradativamente, desde o ano passado, com o descarte de galinhas.

A redução da produção também esteve ligada ao aumento dos custos da ração para as aves (principalmente o milho e a soja, que se encontram muito valorizados). Além disso, houve um incremento pontual do consumo por ocasião da quaresma. Esses fatores conjugados determinaram a elevação de preços observada em fevereiro.

Na pesquisa d a cesta básica de fevereiro/08, o preço dos ovos brancos apresentou a maior variação positiva mensal desde fevereiro de 2005 (quando registrou alta de 17,82% em relação ao mês anterior).

Da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania



03/07/2008


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