Velhas doenças podem ser vencidas em cinco anos, diz Tião Viana



Se houver decisão política e investimentos efetivos, o Brasil poderá superar o quadro grave de retorno de velhas doenças que afligem atualmente o país e que trouxe de volta, em elevados índices de mortalidade, males como a tuberculose, a hanseníase (lepra), a malária e a dengue. A opinião é do senador Tião Viana (PT-AC), que atribui a atual situação aos elevados cortes feitos pelo governo nos investimentos na área de saúde.

Para Tião Viana, o que acontece hoje com o surto de dengue é vergonhoso, porque tal situação poderia ter sido evitada se o governo não tivesse ignorado o alerta feito por diversas autoridades sanitárias há vários anos sobre a possibilidade da volta de surtos endêmicos no país em razão do reduzido nível de investimentos em saúde e saneamento básico e da falta de um pacto verdadeiro entre os estados, os municípios e o governo federal, agravada pela não existência ou pelo não cumprimento de metas pactuadas. Entre os que chamaram a atenção do governo para o problema, citou, estão a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e o Congresso Brasileiro do Amazonas.

Segundo o senador, a resposta do governo a esses insistentes apelos das autoridades sanitárias veio na forma de um corte de quase R$ 2 bilhões na programação dos investimentos em saneamento básico e de um corte de R$ 769 milhões só na Fundação Nacional da Saúde (Funasa), que tem como ação prioritária o combate a endemias.

- Há uma enorme distância, no Brasil, entre o que os técnicos pensam e dizem e o que o governo decide fazer. Lamentavelmente, temos um governo preocupado somente com as "tesouras orçamentárias", com os cortes, ignorando que fazer saúde pública não é caro - afirmou, para quem "o caro é ser omisso, é não fazer saúde pública" .

Tião Viana ressaltou não concordar com aqueles que responsabilizam a Funasa e seus dirigentes pela situação atual: "o problema real é muito mais político do que técnico".

O senador registrou que a cada 12 minutos uma pessoa é vitimada no Brasil pela hanseníase, o que leva o país a ocupar a segunda colocação mundial em nível de incidência desse mal, perdendo somente para a Índia. O governo, segundo Tião Viana, ignorou também um pacto que havia feito com a Organização Mundial de Saúde (OMS), para erradicar a hanseníase no país. "E agora já se fala em partir para a eliminação dessa doença em 2005. Isso é gravíssimo" - disse.

Tião Viana acrescentou que a tuberculose atinge hoje, no Brasil, cerca de 90 mil pessoas a cada ano: "temos ainda grande participação nos 2 milhões de mortes provocadas pela malária em todo o mundo e também nos mais 2 milhões de mortes provocadas pelas hepatites" - continuou.

O senador criticou o fato de os recursos da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) não serem destinados apenas ao setor de saúde, como inicialmente previsto, e disse que o orçamento do Ministério da Saúde não chega a US$ 10 bilhões por ano, soma que os Estados Unidos gastam para combater uma única doença - o choque infeccioso.

Para Tião Viana, é um absurdo que um país gaste fábulas na construção de prédios luxuosos e espelhados para abrigar poderes da República e se esqueça do Jeca Tatu (personagem criado por Monteiro Lobato para retratar o homem pobre do interior do Brasil) às margens da sociedade, com enxada na mão, pés descalços e morrendo de verminose.

14/02/2002

Agência Senado


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