Visita parlamentar buscou aproximação do Brasil com países do Caribe e da América Central



Em nove dias de viagem, cinco parlamentares da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) visitaram a Guiana, o Panamá, a Jamaica, a República Dominicana e o Haiti e estreitaram as relações do Brasil com essas nações. Após a viagem, em discurso no Plenário do Senado, o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) afirmou que os países visitados esperam que o Brasil proponha aos seus governos programas e projetos em parceria como forma de ajudá-los a se desenvolverem.

Além de Mesquita Júnior e do presidente da CRE, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), participaram da comitiva os senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Virgínio de Carvalho (PSC-SE) e Marco Antônio Costa (DEM-TO). Também integrava o grupo o embaixador José Marcus Vinicius de Sousa, que representou o Poder Executivo na viagem, ocorrida entre 31 de agosto e 9 de setembro.

Dentro da filosofia da diplomacia parlamentar, que promove o diálogo entre os países com menos limitações protocolares do que a diplomacia tradicional, a comitiva, chefiada por Heráclito Fortes, visitou autoridades em cada um dos países e formulou convites para que essas autoridades visitem o Brasil.

O secretário-geral da Autoridade Internacional do Fundo do Mar (Isba), Satia Nandan, por exemplo, comprometeu-se durante visita dos senadores a Kingston, Jamaica, a participar de audiência na CRE com o objetivo de debater a mineração submarina. Após o encontro, Marco Antônio Costa destacou que a exploração de minérios submarinos em águas internacionais, prática regulamentada pela Isba, representa a abertura de novas fronteiras de exploração de recursos naturais.

Heráclito Fortes, por sua vez, ressaltou diversas vezes durante a viagem a importância estratégica da instituição, que é o órgão responsável pela normatização das atividades de exploração de minérios no fundo dos oceanos e em seus subsolos além dos limites das jurisdições nacionais.

- Esses recursos são patrimônio comum da Humanidade - destacou o senador.

Autoridades de países visitados também pediram a ajuda do Brasil em diversos setores e, ao elogiarem a atuação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, formularam pedidos de instalação de escritórios dessa empresa em seus países. No Panamá, o pedido da presença da Embrapa foi apresentado pelo próprio presidente do país, Martín Torrijos. De acordo com o embaixador José Marcus Vinícius de Souza, a Embrapa já mandou uma missão ao Panamá e estuda a possibilidade de instalação do escritório naquele país. Na ocasião, o presidente do Panamá confirmou que virá a Salvador em dezembro deste ano para a reunião da Cúpula América Latina e Caribe (CALC).

A comitiva também visitou Porto Príncipe, capital do Haiti, com o objetivo de prestigiar as tropas brasileiras que coordenam missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) na região desde 2004. Atualmente, há 1.200 militares brasileiros no Haiti. Os parlamentares chegaram ao Haiti no momento em que o país lidava com os estragos causados pelos furacões Gustav, Hanna e Ike, que atingiram principalmente cidades do norte.

Sempre sob escolta da ONU, os parlamentares visitaram o bairro mais pobre de Porto Príncipe - Cité Soleil -, onde vivem cerca de 400 mil pessoas. Os senadores passaram pelas vielas do bairro sem presenciar cenas de violência e o comboio da ONU foi saudado pela população. Muitos haitianos pediram, em português, comida aos militares e parlamentares.

Durante a visita, a primeira-ministra do Haiti, Michele Pierre-Louis, agradeceu a presença de tropas brasileiras no comando de missão de paz da ONU. A primeira-ministra pediu aos parlamentares que as tropas continuem no país.

- O Haiti viveu muito tempo em ditaduras e nessa época havia alguma forma de estabilidade. Há vinte anos estamos tentando construir a estabilidade na democracia e é muito difícil - afirmou a primeira-ministra.

Pedido semelhante foi feito aos parlamentares pelo presidente do Senado haitiano, Kely Bastien.

- O Haiti é prioridade para o Brasil - tranqüilizou-os o senador Heráclito Fortes.

As dificuldades pelas quais passa o Haiti também foi assunto durante a visita dos senadores brasileiros à República Dominicana.

O presidente do Senado dominicano, Reinaldo Pared Pérez, elogiou o auxílio que o Brasil vem prestando ao Haiti e pediu que a comunidade internacional continue ajudando o país que está, na avaliação do parlamentar dominicano, "destruído, inviável e em miséria generalizada".

- Sem auxílio internacional, o Haiti é um problema que explodirá - afirmou Pérez em defesa do país vizinho.

Florestas e aviões

Na Guiana, o presidente do país, Baharrat Jagdeo, combinou com os parlamentares da CRE que a embaixadora da Guiana no Brasil, Marylin Miles, debaterá com o colegiado as políticas adotadas pela Guiana para preservar suas florestas. Jagdeo defende que florestas preservadas, como são em grande parte as da Guiana, passem a receber também recursos do mercado de troca de carbono.

Os cinco senadores brasileiros encontraram-se na Guiana também com o presidente da Assembléia Nacional, Hari Ramkanan, e com o primeiro-ministro, Samuel Hinds. Os parlamentares tiveram reunião ainda com o secretário-geral da Comunidade do Caribe (Caricom), Edwin Carrington. A sede da Caricom fica em Georgetown, capital da Guiana.

No dia 5 de setembro, quando chegaram à República Dominicana, os senadores e o embaixador brasileiro no país, Ronaldo Dunlop, foram bastante assediados pela imprensa local, que questionou se a delegação teria ido ao país tratar da compra de oito aeronaves Super Tucano da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para a Força Aérea Dominicana, que acabou sendo autorizada pelo Senado dominicano 11 dias depois.

Durante a visita, em entrevista coletiva à imprensa dominicana, o senador Heráclito Fortes afirmou que os parlamentares brasileiros não tinham ido tratar da compra dos aviões da Embraer e que respeitavam a soberania do Senado da República Dominicana em relação à decisão de fechar ou não o negócio.

Um empréstimo de US$ 93,6 milhões acabou por ser aprovado pelo Senado dominicano no último dia 16 para a compra das aeronaves. O acordo de financiamento foi assinado entre o governo dominicano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Embraer, e será quitado em 12 anos, de acordo com informações do Senado dominicano.

18/09/2008

Agência Senado


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