Wellington Salgado questiona trabalhos da comissão



O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) criticou nesta quarta-feira (19), em entrevista à imprensa, o andamento dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas, o que poderá provocar, na opinião do parlamentar, o questionamento futuro das ações da comissão na Justiça, em razão do suposto descumprimento de dispositivos regimentais e constitucionais. O senador chegou a propor a interrupção dos trabalhos da CPI, com a retomada das atividades depois das eleições.

Wellington Salgado refere-se ao pedido feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) para a obtenção do fim do sigilo das investigações e a divulgação recente dos nomes dos 57 parlamentares que estariam sendo investigados pela Procuradoria Geral da República (PGR) por suposta participação no esquema fraudulento de compra de ambulâncias.

- Eu estou tomando conhecimento das decisões da CPI pela televisão. Eu não estou sendo convocado para os encontros e estou muito preocupado com isso. Está acontecendo que um grupo de quatro ou cinco, no máximo, estão se reunindo e tomando as deliberações. Eu já participei de várias CPIs nesta Casa. Tudo é marcado, colocado em requerimento e votado. E isso não está acontecendo - disse Wellington Salgado, que é um dos cinco membros titulares do PMDB na comissão.

O senador por Minas citou nominalmente o presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), o relator da CPI Mista, senador Amir Lando (PMDB-RO), o vice-presidente do colegiado, deputado Raul Jungmann (PPS-PE) e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) como os responsáveis pelas deliberações que estariam sendo tomadas de forma isolada pela comissão.

- A CPI foi nomeada pelo Congresso. Os parlamentares têm de se reunir para votar requerimentos e convocações. Eu estou vendo o regimento interno e está tudo diferente do que manda a lei. O que não pode é um grupo de pessoas íntegras e experientes querer tomar a frente da comissão e sair decidindo tudo. Na hora em que eu for convocado, estarei aqui para participar das decisões da comissão - garantiu.

O senador pelo PMDB de Minas Gerais acha que a CPI Mista poderia suspender temporariamente os trabalhos e retomar suas atividades depois das eleições, tendo em vista que as principais acusações sobre o esquema fraudulento de aquisição de ambulâncias já vêm sendo investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

- As provas já estão levantadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Se existem depósitos em conta, documentação de carro transferido, isso não vai mudar nada, já está realizado. O que não podemos é colocar uma lista em que há gente inocente e uma lista em que está faltando gente. Isso teria que ser votado. Será que estão faltando nomes nessa lista? E se estiverem faltando, vão aparecer depois das eleições? Ou vão aparecer antes? - perguntou.

Ao final da entrevista, Wellington Salgado disse que está disposto a não abrir mão de votar nas deliberações futuras da CPI Mista dos Sanguessugas. E garantiu que será o primeiro a questionar os trabalhos da comissão caso não sejam observadas as regras regimentais que deveriam nortear os trabalhos do colegiado.

- Eu não vi esse tipo de procedimento em outras CPIs. Já participei de outras comissões, como a CPI dos Bingos, que teve uma condução perfeita, com oposição e situação em uma discussão onde tudo era votado;, membros importantes do governo foram chamados a depor;, caseiro derrubou ministro, mas com tudo sempre sendo votado. Tudo tem de ser votado. Eu não abro mão de meu voto. O único poder que o parlamentar tem é o poder do voto. E estão tirando esse meu direito. Eu estou sendo conduzido por essa nova Revolução Francesa que está acontecendo: decapitar, decapitar, decapitar, sem direito à defesa - concluiu Wellington Salgado, comparando o momento atual com o movimento ocorrido em 1789, na Franca, que depôs a monarquia naquele país.



19/07/2006

Agência Senado


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