Zambiasi recebe sugestão e criará comissão especial









Zambiasi recebe sugestão e criará comissão especial
O deputado Sérgio Zambiasi (PTB) reassumiu ontem o cargo de presidente da Assembléia Legislativa. A transmissão do cargo, ocupado pelo 1º vice-presidente, deputado Francisco Appio (PPB) ocorreu no início da tarde de ontem, na sala da presidência. Na oportunidade, o deputado Appio entregou ao presidente Zambiasi alguns encaminhamentos, entre eles, um pedido para a criação de uma Comissão Especial de Segurança Pública.

Conforme Appio a proposta para a criação da CPI, na Assembléia, "vai estimular a discussão e mobilização da sociedade contra o crime". Zambiasi disse que esta comissão chega em boa hora, no momento em que "é preciso realizar uma ampla e séria discussão sobre o assunto".

Sérgio Zambiasi (PTB), após assumir o cargo, recebeu a visita do presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado, João Vanderlan Rodrigues. Ele convidou o deputado para a cerimônia de posse dos juízes eleitos para a administração do Tribunal para o biênio 2002/2003.

A solenidade será realizada no dia 6 de fevereiro. Na ocasião, assumirá o cargo de juiz-presidente João Carlos Bona Garcia e de vice-presidente, o corregedor-geral Geraldo Anastácio Brandeburski.


Fernando Henrique reúne hoje partidos governistas
O presidente Fernando Henrique Cardoso se reúne hoje com os presidentes dos partidos da base governista - PSDB, PFL, PMDB e PPB - no Palácio da Alvorada para pedir pressa na votação de projetos considerados fundamentais para o combate à criminalidade. Entre as propostas tidas como prioritárias está o projeto apresentado pelo Executivo a pedido do ex-governador de São Paulo Mário Covas (PSDB), falecido em março do ano passado, que trata da unificação dos comandos das polícias civil e militar.

O anteprojeto foi encaminhado por Covas ao Palácio do Planalto em 1997, transformado em projeto de lei pelo governo em seguida, mas até agora está parado no Congresso em meio a outras 132 propostas na área de segurança pública que estão na fila de espera para votação nas comissões e no plenário. Ontem, Fernando Henrique recebeu em seu gabinete o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no Planalto, para tratarem do sequestro e morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel.

"Não há como fugir desse tema relativo à segurança. O Congresso tem o dever de dar ao poder Executivo os instrumentos necessários para o combate à violência", disse o presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP), convidado para o encontro com Fernando Henrique, juntamente com os presidentes do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e do PPB, deputado Pedro Correa (PE). O ministro Arthur Virgílio Netto, secretário-geral da Presidência da República, defendeu a inversão da pauta do debate entre o presidente da República e os representantes de partidos. Para ele, mais importante do que a medida provisória do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), da reforma política e da manutenção da aliança que hoje integra o governo, é a segurança pública. "É hora de fazermos um grande pacto nacional em torno da segurança", disse o ministro.

Em fevereiro, na volta dos trabalhos do Congresso, Aécio Neves e o presidente do Senado, Ramez Tebet (MS), devem se encontrar para discutir o assunto. A idéia de Tebet é definir uma agenda de projetos prioritários.


Estiagem eleva preços de grãos
A estiagem que atinge municípios da Região Sul do País já provoca reflexos nas cotações dos produtos agrícolas. O preço do milho, que historicamente apresenta redução no início da colheita, está fortalecido em importantes regiões produtoras. O analista da Safras e Mercados, Miguel Biegai Jr., conta que na semana passada, um grande número de compradores catarinenses e gaúchos consultaram o mercado do oeste paranaense em busca de milho. "Normalmente isso não ocorre nesse período, quando a colheita recém iniciou. O fato atípico acabou elevando os preços nessa região", afirma. Segundo ele, a saca, que estava cotada em R$ 11,50 há duas semanas, passou a valer R$ 12,00. No Rio Grande do Sul, a alta foi de R$ 0,50 desde o começo do mês, chegando aos atuais R$ 13,00.

O Brasil, que segundo previsões iniciais importaria 700 mil toneladas de milho neste ano, pode comprar um milhão de toneladas devido aos efeitos da estiagem. Até agora, de acordo com levantamento da Emater, a quebra na safra gaúcha de milho será de 5,48%, ou uma redução de 264,1 mil toneladas.

Os preços do milho devem voltar a cair no Paraná a partir da próxima semana, quando a colheita será intensificada. Contudo, a tradição de forte queda observada todos os anos, não será confirmada. "Certamente os preços vão baixar, mas em função da estiagem, o Paraná terá um maior volume de compradores neste ano", assinala Biegai.

A insegurança quanto às variações climáticas está retendo as vendas de soja, que também apresenta alta na Bolsa de Chicago. "Inexiste a comercialização de soja. Os produtores brasileiros ainda não sabem quanto vão ter para vender e nem o valor que vão aplicar", salienta o diretor da Brasoja, Antonio Sartori. Ontem, foi feriado nos Estados Unidos, mas, na sexta-feira passada, o valor do bushel na Bolsa de Chicago era de US$ 4,49, uma alta de 30 pontos em relação ao dia 02 deste mês. Na avaliação de Sartori, a alta deve-se à estiagem no Rio Grande do Sul e em algumas áreas de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Argentina e Paraguai.

Segundo o dirigente, a colheita de soja gaúcha, inicialmente estimada em 7,6 milhões de toneladas, deve ter uma redução de 7%, chegando a 7,1 milhões de toneladas. "As perdas calculadas até agora são irreversíveis, mas se ocorrer uma chuva significativa nos próximos dias, a quebra vai paralisar", diz Sartori.

Os preços do feijão não estão sofrendo alterações apenas em função da seca, mas também pelo excesso de chuvas em regiões de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. O analista Sonivaldo Paulino explica que o movimento das cotações é pouco comum para a época do ano. "A saca no Rio Grande do Sul está com preço médio de R$ 65,00, mas é possível que alcance R$ 70,00 com o prolongamento da estiagem", salienta. Paulino lembra que a seca que atingiu a Região Sul do Paraná no ano passado fez a cotação do feijão preto chegar a R$ 100,00. A primeira safra de feijão registra até o momento uma quebra de 12,97%, o que significa uma redução de 16,7 mil toneladas. No município de Machadinho, onde 300 hectares são plantados com feijão, a perda já atinge 90%.


Estado pode ampliar negócios com a Rússia
A missão brasileira à Rússia pode resultar em bons negócios para o Rio Grande do Sul. Aumentar as exportações gaúchas de carne suína para aquele País é uma das principais metas do Estado, e pode abrir caminho para uma série de relações comerciais, como a exportação de arroz orgânico e a importação de trigo.
Conforme o assessor especial da Fiergs, Francisco Turra, que acompanhou a missão, o importante agora é retomar o mercado perdido com o problema da febre aftosa. "Queremos mostrar que temos um grande trabalho de sanidade e de qualidade no Rio Grande do Sul", declara.

Uma missão sanitária virá ao Brasil em fevereiro para avaliar as condições de produção da carne. Segundo Turra, o presidente Fernando Henrique Cardoso pediu ao presidente Vladimir Putin que não houvesse discriminação entre as regiões do Brasil, pois todos seguem os padrões da OMC.

"Há mais condições de exportarmos carnes suínas e de frango", comenta o assessor, em função do excesso de oferta de carne bovina pela União Européia neste período. A Rússia importa 600 mil toneladas de carne bovina ao ano. Em 2001, Santa Catarina exportou 130 mil toneladas para aquele mercado e o Rio Grande do Sul 20 mil toneladas. "Poderíamos exportar nosso excedente. Temos condições de colocar 70 mil toneladas naquele mercado", acredita Turra, defendendo a tomada de um posicionamento mais agressivo com relação à oferta dos nossos produtos. "Temos que criar uma agência de promoção do agronegócio."

Para Turra, o Estado deve preparar, também, a oferta do arroz orgânico, que apresenta boa aceitação na Rússia. "Com 205 bilhões de habitantes, não há oferta suficiente. Por pouco que seja, há espaço para prospectar nosso produto."

A importação de trigo é outra possibilidade de negócio bastante relevante para o Brasil. "A Ucrânia abriu o banal de importação de trigo e tem 9 milhões de toneladas disponíveis", declara Turra. Seria quantidade suficiente para substituir as importações da Argentina, hoje de 6 milhões de toneladas. "Com o problema do câmbio, se ficarmos na dependência da Argentina podemos pagar o que o trigo deles não vale", comenta Turra.


Missão do FMI chega hoje para avaliar orçamento
A missão do FMI que chegaria ontem à Argentina só deverá desembarcar no país hoje, conforme informações da assessoria de imprensa do Ministério de Economia. Composta por especialistas em assuntos fiscais, a missão avaliará todos os detalhes da proposta de orçamento para 2002.

A primeira reunião dos técnicos do FMI será com o secretário de Fazenda, Oscar Lamberto, hoje à tarde. A diretoria do FMI deverá enviar uma nova missão, desta vez negociadora, após o recebimento dos relatórios fiscal e financeiro/monetário.

Ontem, cerca de três mil moradores de Buenos Aires, reunidos numa assembléia popular, decidiram convocar um "panelaço" geral para a próxima sexta-feira, com o objetivo de pedir a renúncia do atual governo. Os moradores dos bairros da capital federal alegam que o governo de Eduardo Duhalde não é mais do que os anteriores e por isso a população não deve reconhecê-lo.

Desde 20 de dezembro, data do primeiro panelaço que derrubou o governo de Fernando de La Rúa, os moradores de diversos bairros da cidade começaram a reunir-se numa esquina estratégica para deliberar sobre o "movimento popular pela luta e defesa dos interesses dos argentinos". As assembléias foram surgindo, espontaneamente, ao longo de dezembro e de janeiro, até chegar à grande assembléia geral, realizada no domingo passado. O movimento pretende fazer muito barulho contra a pesificação dos depósitos em dólares.
Os ministros das Finanças dos quinze países da União Européia (UE) começam, hoje, a avaliar um plano de ajuda para a Argentina. Os ministros irão aproveitar a primeira reunião do ano para debater de que forma os europeus poderiam auxiliar o governo a superar a crise econômica que afeta o país.

A idéia de introduzir o tema na agenda da UE partiu do governo espanhol, que preside o bloco europeu até julho e que destina metade de seus investimentos externos ao mercado argentino.

"Vamos iniciar com um debate informal, que poderá ser a base para uma decisão que seria tomada no início de fevereiro", afirmou o porta-voz do Conselho Europeu. Uma das propostas seria formar uma coalizão dos países europeus no FMI, pressionando a instituição para que aprove um plano para salvar a economia argentina.

Outra idéia seria avaliar o apoio a programas que tenham como objetivo a redução da pobreza na Argentina. A UE poderia aprovar verbas de até 67 milhões de euros para esses projetos nos próximos quatro anos.


Pane deixa dez estados sem luz
Sinaleiras desligadas, trens e metrôs parados, pessoas presas em elevadores e congestionamento nas operadoras de telefonia. O apagão que deixou às escuras nas tarde de ontem dez estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País e o Distrito Federal durou cerca de quatro horas e causou prejuízo a diversas empresas.

O blecaute foi causado pela queda de um cabo de uma linha de transmissão de 440 KV que liga a hidrelétrica de Ilha Solteira à subestação de Araraquara, em São Paulo. A informação foi dada no final da tarde ao Ministro de Minas e Energia, José Jorge, pelo secretário de São Paulo, Mauro Arce. O ministro disse que o apagão "caracteriza uma vulnerabilidade do sistema elétrico que precisa ser investigada".

Na hidrelétrica de Itaipu - responsável por 30% do fornecimento de energia do País - 13 das 18 turbinas foram automaticamente desligadas por volta de 13h por medida de segurança. As cinco que não pararam são as que fornecem energia para o Paraguai.

O apagão desta segunda-feira foi semelhante ao ocorrido em 1999, quando um defeito numa subestação de energia em Bauru, no Estado de São Paulo, também afetou as três regiões. O diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), José Mário Abdo, disse que no caso de um defeito como esse, o procedimento normal seria o de isolar apenas a área afetada pelo acidente, reduzindo ao máximo as conseqüências para os consumidores.

O ministro José Jorge e o diretor da Aneel iriam passar a noite recebendo informações dos grupos técnicos que investigam as causas do apagão. Os consumidores que tiveram equipamentos queimados ou prejuízos decorrentes do blecaute poderão pedir ressarcimento junto às suas respectivas distribuidoras, informou a Aneel.

José Jorge reafirmou que o apagão não tem relação com o racionamento e não deve interferir nas medidas da Câmara de Gestão da Crise de Energia (CGCE), como a flexibilização das metas de economia para indústria, que deveria ser anunciada hoje. Mas a reunião foi adiada para amanhã por causa do apagão.

O apagão também causou o desligamento das usinas nucleares de Angra I e Angra II. Segundo informou o diretor de operações da Eletronuclear, Pedro de Figueiredo, "as usinas desligam quando ocorre uma perturbação de grande porte no sistema como medida de segurança". Os técnicos das usinas nucleares estão aguardando o restabelecimento das linhas de transmissão para que as usinas nucleares voltem a produzir energia.

No Rio de Janeiro, o Laboratório Noel Nutels, que concentra os testes de sangue no Estado, teve um prejuízo de cerca de R$ 100 mil com o apagão. Cerca de 1,1 mil amostras de sangue estavam sendo testadas para dengue e foram danificadas por causa de quatro piques de luz.

O blecaute causou "perplexidade" aos industriais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Segundo Luiz Gonzaga Bertelli, diretor-adjunto do Departamento de Infra-Estrutura da federação, há excessiva dependência do sistema de transmissão de energia de Itaipu. "Toda vez que ocorrem problemas no sistema de transmissão entre as regiões Sul e Sudeste, o parque industrial do Sudeste pára."

O estado mais atingido foi São Paulo, que teve 84% de sua carga cortada. Já o Mato Grosso perdeu 78% do abastecimento; Rio de Janeiro e Espírito Santo, 74%; Rio Grande do Sul, 25%; Paraná, 44%; Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, 27%; e o sistema Goiás-Brasília, 27%.


Artigos

Financiando o desenvolvimento
Paraskevi Bessa-Rodrigues

Quase imperceptível aos olhos da mídia, o mundo está debatendo um novo processo de relacionamento internacional. O grande destaque é que, neste processo, a própria ONU está envolvida. O organismo internacional vem patrocinando uma série de discussões preparatórias que podem determinar o início de novas formas de financiamento para o desenvolvimento, em âmbito global. Esses encontros vêm preparando o espaço para a grande Conferência da ONU em março de 2002, que acontecerá em Monterrey, no México, onde serão discutidos o financiamento e o desenvolvimento mundial. A importância da conferência Financiando o Desenvolvimento pode ser comprovada pelo fato de que, pela primeira vez, ocorrerá uma reunião em nível de cúpul a, com a participação ativa de instituições financeiras, como Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, além de representantes de governos, da sociedade civil e do setor privado.

Dentro do contexto altamente imprevisível em que vivemos, marcado pelos acontecimentos do dia 11 de setembro, em Nova Iorque, e as suas conseqüências na alocação dos recursos financeiros internacionais, a conferência apresenta uma oportunidade única para o sistema das Nações Unidas internalizar essa discussão. E se apresentar, ao mesmo tempo, como indutor de novas parcerias entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, promotor da cultura democrática, estimulador da cooperação internacional e criador de novas estratégias globais de desenvolvimento baseadas em formas inovadoras de articulação e de financiamento na luta contra a pobreza.

Seis áreas chaves foram definidas, que abrangem, de um modo geral, todo o amplo espectro de problemas que os países em desenvolvimento enfrentam. As seis áreas são: mobilização de recursos financeiros dentro dos países; aumento do fluxo e ampliação dos investimentos internacionais; acesso aos mercados e comércio mais justo e equilibrado; fortalecimento da assistência oficial ao desenvolvimento; discussão sobre as dificuldades quanto à dívida dos países em desenvolvimento; maior coerência nas estruturas financeiras, tanto em nível global, quanto regional, bem como na representação justa dos países em desenvolvimento nas tomadas de decisões. Mesmo nos cenários mais otimistas não podemos esperar a eliminação desses problemas através de uma conferência, mas esse encontro representa um grande desafio para que os esforços dos países em desenvolvimento -entre eles o Brasil - para fortalecer as políticas de erradicação da pobreza, comprometimento na promoção de práticas democráticas, estímulo aos investimentos nas áreas da saúde, educação e infra-estrutura e no incremento da capacidade produtiva em geral tenham resultados práticos.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Conexão Brasília
O ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, recebeu no último dia 6 de dezembro, um relatório da direção do PT intitulado "Violência contra membros do Partidos dos Trabalhadores". O documento, de mais de 30 páginas, contém um minucioso balanço das mortes e ameaças sofridas por representantes do partido em todo o País. Foram 94 ocorrências no período de 1997 a 2001, sendo que a maioria, 42, apenas no ano passado. Em um trecho do relatório, a direção do PT solicita a participação da Polícia Federal na apuração desses casos.

Minas Gerais
De acordo com o levantamento, Minas Gerais foi o Estado no qual foi registrado o maior número de ocorrências, num total de 21. Em seguida, estão São Paulo e Bahia, com 15 ocorrências cada um. Em todo o País, foram registradas 15 ocorrências em 1997, seis em 1998, 12 em 1999, 19 em 2000 e 42 no ano passado. Em 2001, o Estado de São Paulo registrou 12 ocorrências e Minas Gerais 13.

Direitos Humanos
No documento, que também foi encaminhado ao secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, o secretário nacional de Direitos Humanos do PT, Nilmário Miranda, alerta que ameaças, intimidações pessoais e familiares, atentados e assassinatos, extrapolam o cenário institucional de debate e discussão política e "devem ser rechaçadas com todo o rigor". E, em face da gravidade dos fatos, requer a designação da Polícia Federal para ajudar nas investigações.

Documento
Os casos listados no documento encaminhado ao Ministério da Justiça não incluem os trabalhadores rurais vítimas de assassinatos ou outros atos de violência. Segundo o PT, a razão da não inclusão é a dificuldade em determinar a ligação com o partido. Apesar disso, o relatório cita alguns indicadores coletados pela Comissão Pastoral da Terra. Segundo esses dados, em 2000 foram mortos 21 líderes rurais e, em 2001, o número subiu para 25. Além disso, 992 trabalhadores rurais foram vitimados por algum tipo de violência, em 2000, incluindo 98 tentativas de assassinato.

Mártires
O documento, que além de Nilmário Miranda é assinado pelo presidente do partido, José Dirceu, pelo líder na Câmara dos Deputados, Walter Pinheiro e pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Nelson Pellegrino, diz que "ao PT não interessa produzir mártires" e que nem sempre as pessoas alvos de crimes políticos são ligadas ao partido. Porém, adverte que uma parte expressiva das vítimas do banditismo político pertence ao partido.

Empenho
"O que nos leva a exigir do Estado o empenho que não está havendo até agora," reiteram os dirigentes petistas. No resumo de todos os casos registrados, há a ressalva de que "todas as vítimas são militantes e dirigentes do PT e que não foram considerados os casos sobre os quais concluiu-se não se tratar de crime político". Entre os casos listados, estão o do presidente do diretório municipal do PT de Caruaru (PE), José Ribamar Alves Godim, assassinado com três tiros em outubro de 2000 depois de denunciar ações do crime organizado na região.

Toninho
Um dos casos em destaque no relatório é a morte do prefeito de Campinas (SP), Antônio Costa Santos, o Toninho, assassinado em 10 de setembro de 2001 com quatro tiros. O assassinato, até hoje não elucidado, coloca em pauta a organização auto-intitulada Frente de Ação Revolucionária (Farb), que assume a autoria do crime em cartas dirigidas, e também contendo ameaças, a vários prefeitos e membros do PT.


CARLOS BASTOS

Britto afirma que Zambiasi pacifica
Numa bela entrevista para a Revista Press, que deve circular a partir de amanhã, o ex-governador Antônio Britto sustenta que o nome do presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi (PTB), está maduro para servir como pacificador das oposições, e serve inclusive para distensionar o ambiente político. Britto diz a certa altura que "nem agora que todos os partidos já foram governo, a gente vai poder ter uma conversinha verdadeira. Registrando tudo o que proclamava a campanha de Olívio candidato, o ex-governador disse que "sem molecagem, se eu não me cuido até eu poderia ter votado nele". Britto também declara que "a proposta econômica do atual governo é de um conservadorismo reacionário, tenta nos vender que o nosso futuro está no passado". Mais uma vez, Antônio Britto se coloca fora da equação sucessória no Estado.

Diversas
Governador Olívio Dutra afirmou em São Paulo que a segurança está a merecer atenção redobrada e todos devem fazer um mutirão capaz de construir a verdadeira paz, com investimentos em recursos humanos para as polícias e, principalmente, em políticas sociais.

Deputado Padre Grazziottin (PT), presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, diz que neste ano de 2002, vai realizar várias audiências públicas e seminários, para aprofundar a discussão sobre segurança pública.

A bancada estadual do PT lançou nota oficial dizendo que o governo federal tem sido condescendente no combate ao crime organizado, e exigiu que sejam apuradas as circunstâncias das mortes dos prefeitos de Campinas e Santo André, respectivamente o Toninho do PT e Celso Daniel.

O líder do PMDB, deputado José Ivo Sartori defendeu um plano nacional para a área da segurança pública, abrangendo o governo federal, os Estados e municípiios. Para Sartori, o Planalto deixou muito solta esta questão da segurança. No caso do Rio Grande do Sul, o deputado peemedebista diz que há muita conversa, muita filosofia e pouca administração.

O deputado Vilson Covatti, líder do PPB, afirmou que o episódio da morte do prefeito Celso Daniel (PT), de Santo André, evidenciou que a violência no país atingiu níveis alarmantes e está cobrando medidas enérgicas das autoridades.

Transpiram informações da pesquisa encomendada pelo PT ao Ibope. Tanto Olívio Dutra, como Tarso Genro, perderiam num possível segundo turno para Antônio Britto, Sérgio Zambiasi e Pedro Simon. E mais, Luís Inácio Lula da Silva seria derrotado no Rio Grande do Sul pela candidata do PFL, governadora Roseana Sarney (PFL).

Última
O PDT e a Fundação Alberto Pasqualini promovem hoje,terça-feira, dia 22, em todas as sedes regionais do PDT, atos cívicos em homenagem aos 80 anos do ex-governador Leonel Brizola. Ao meio-dia haverá um ato na Esquina Democrática. Brizola está sendo lançado hoje candidato à Presidência da República, num manifesto assinado por toda a direção nacional do partido, pelos líderes do PDT na Câmara e no Senado, e pelos presidentes dos 27 diretórios regionais.


FERNANDO ALBRECHT

Começo de conversa

Dois pesos...
Ao buscar informações junto ao 8º Distrito de Meteorologia, repórter do JC soube que dois dos três meteorologistas estavam ausentes. O terceiro, Cléo Kuhn, insistiu que ele deveria procurar seus colegas - que não estavam, ora. Foi preciso ligar para o Inmet de Brasília, cujo meteorologista, Chico Alves, estranhou a atitude de Kuhn, que aliás é funcionário público. Já para outros veículos, Cléo Kuhn é mais solícito. Por que será?

Combate à criminalidade...
Se os governos não melhorarem suas polícias certamente a população o fará por sua conta, para azar de todos. Já vimos este filme diversas vezes. O melhor é Minha Vontade é Lei, com Henry Fonda e Antony Quinn. O xerife contratado limpa a cidade, mas avisa que depois vão querer a cabeça dele, porque o poder gera corrupção. Dito e feito. O personagem de Fonda pintou o sete após limpar a área. Mas também existem experiências positivas, como em Caracas, Venezuela.

...e o exemplo venezuelano
Famosa por seus índices de criminalidade, Caracas (pré-Chavez) contratou a empresa do ex-chefe de polícia de Nova York, William Bratton. Os US$ 180 mil foram bancados por preocupados empresários. A criminalidade caiu 48% com a reorganização da corrupta e ineficiente polícia da capital. No distrito mais perigoso da cidade, Catia, os homicídios caíram 29%. Entre 1994 e 1996, Bratton reduziu em 50% os homicídios em Nova York, e em 39% os crimes graves.

Salto do Jacuí
A prefeitura de Salto do Jacuí contesta as afirmações do deputado Alexandre Postal (PMDB), dizendo que a situação dos índios na região melhorou com a administração Lindomar Elias, que em 2001 assentou 72 famílias em 420 hectares. Está sendo providenciada a abertura de poços artesianos. Postal ouviu apenas um pequeno grupo de assentados, diz a nota da prefeitura.

No tempo do CCC
O bárbaro assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel trouxe a lembrança do CCC - Comando de Caça aos Comunistas, que aterrorizou as esquerdas brasileiras. Em São Paulo tinha origem no famoso Colégio Mackenzie. Em Porto Alegre, o CCC promoveu o espancamento de atores da peça Roda Viva, 1968. O editorial de um grande jornal chegou a defender a ação do CCC, alegando que o “pundonor da família gaúcha” havia sido maculado. Um colunista de outro jornal da mesma empresa também lascou um “bem feito”.

Atlas da Arenização
A Secretaria de Estado da Coordenação e Planejamento está lançando um trabalho monumental, o Atlas da Arenização Sudoeste do RS, que consolida uma pesquisa de mais de 15 anos, a cargo de técnicos da Ufrgs comandada pela professora Dirce Suertegaray. Convém lembrar que o correto é falar em arenização e não desertificação, tal como é definida pela ONU, pois nestas regiões ocorrem chuvas. O lançamento será hoje às 11h na Secretaria com a presença do secretário Adão Villaverde. É um belo trabalho e um primor de edição.

Senai
Hoje é a data oficial de fundação do Senai, que oferecerá um almoço especial aos funcionários e colegas do sistema Fiergs em comemoração aos 60 anos da entidade. Os funcionários verão um show do músico Emerson Ribeiro. De Brasília, o presidente da Fiergs, Renan Proença, e o diretor regional do Senai, José Zortéa, saudarão a todos através da infovia direto da reunião do CNI, onde será apresentado o balanço dos 60 anos.

Assalto da porta
Atenção para uma nova modalidade de assalto que acontece nas sinaleiras. Uma senhora que parou no sinal sentiu uma sacudida no carro e um exame pelo retrovisor não acusou nada num primeiro momento. Olhando melhor, ela viu que um assaltante tentava abrir a porta traseira dos carros atrás do dela, obviamente para entrar e fazer o serviço. Tranquem todas elas.

Boa notícia
As reclamações de usuários dos parquímetros tiveram resposta da Estapar, que colocou em ação campanha especial de venda de cartões. Até o próximo dia 1º, o cartão poderá ser adquirido junto à equipe de monitoramento da Área Azul. Os fiscais também distribuirão folhetos com a lista dos postos de venda oficial de cartões. A página sente-se gratificada com a medida.

Miúdas
Novidade no mercado imobiliário: Sinosserra Consórcios e Guarida Imóveis acabam de se unir.

Presidente da CNPL, o gaúcho Luis Eduardo Gautério Gallo, deixa a presidência da União Mundial de Profissões Liberais.

Sul Imagem Diagnóstico é a primeira clínica de tomografia do país a receber o ISO 9001.

Novo presidente da Câmara Rio-Grandense Do Livro, Geraldo Huff, toma posse amanhã às 20h.

Águas do Sul é tema da edição 2002 do tradicional calendário da Impresul/Portfólio.

Plaza São Rafael venceu a licitação da Smic para hospedagem e alimentação de convidados do Fórum Social Mundial. Envolve 100 apartamentos.

Reestruturação no PGQP: agora também tem quatro vice-presidentes no Conselho Diretor.


Editorial

FALTA PLANEJAMENTO URBANO AO LITORAL NORTE

O final de semana foi melhor que a encomenda. Sol, águas límpidas e sem vestibular. Cerca de três milhões de gaúchos se transferem para o Litoral Norte do Estado, além do Cassino, em Rio Grande, e do Laranjal, em Pelotas. É um fenômeno que tem mais de meio século e que lota Tramandaí, Torres, Capão da Canoa, Imbé, Cidreira, Pinhal e Quintão. O acesso ao mar sempre foi aspiração dos gaúchos, desde o final do século 19.

Consolidou-se no século 20 para as elites, popularizou-se a partir dos anos 70, com a facilidade da auto-estrada Porto Alegre/Osório e, depois, com a Estrada do Mar. Mas, passou a fase que se pode qualificar de "romântica", até o final dos anos 60. Nela, as moças desfilavam na Rua da Praia com vestidos "tomara-que-caia", exibindo as partes bronzeadas do corpo e marcas dos "maiôs", para deleite dos rapazes e inveja dos que ficavam na Porto Alegre do calor "senegalesco". Sequer o progresso era bem visto. Ildo Meneghetti declarou, em Cidreira, onde veraneava, que, por ele, jamais aquela praia teria ligação asfáltica com Porto Alegre, muito menos edifícios, enquanto ele fosse governador. Depois, as praias iniciaram processo de emancipação, num movimento duvidoso em suas intenções e criticado nas conseqüências, algumas desastrosas. Finalmente a explosão dos moradores fixos, além dos milhares e milhares de veranistas. A euforia por Florianópolis, se ainda não se esgotou, pelo menos perdeu o ímpeto inicial, são mais de seis horas para alcançar a famosa capital catarinense, numa BR-101 que é uma avenida congestionada, estreita e perigosa. Pois este ano o veraneio, quando o Litoral Norte refaz suas finanças e deve, feito formiga, economizar e pensar no inverno, parece que está mais para o canto da cigarra, nada prático.

Os turistas argentinos não vieram e os que têm moradias no Litoral Norte continuam se queixando. Afinal, o planejamento e investimentos que deveriam ser a tônica, de Quintão a Torres, são poucos, se exis tem. Há excesso de construções sem um Plano Diretor e, muito menos, metas, envolvendo os prefeitos. Entra ano e sai ano e problemas são crônicos. A pavimentação das ruas e avenidas é pobre, prejudicada pela falta de esgotos pluviais. A canalização de valões não sai e alguns são conhecidos há 30 ou 40 anos. O recolhimento de lixo, sem coleta seletiva e destino adequado, constrange, a iluminação pública é paupérrima, quando tem, nas vias secundárias. Vivendo do IPTU, pago na maior parte com descontos em janeiro e fevereiro, de um retorno paupérrimo do ICMS e da cobrança de taxas, os prefeitos, por mais que se esforcem, não fazem além do trivial. Espigões de 15, 20 ou mais andares bloqueiam o sol, congestionam ruas, entopem as tubulações e são fontes de poluição cloacal. Não existem estações de tratamento de esgotos, muito caras. O comércio estabelecido, que fatura bem nos três meses de verão para sustentar-se em nove meses de vacas magras, enfrenta os varejos de fábrica, que instalam-se de maneira oportunística, descompromissados. A queda nas vendas está calculada em 10%, no mínimo, sobre a temporada 2000/2001. Piorando, as pessoas começam a se gradear, a insegurança chegou na orla marítima e favelas surgem. Está, então, na hora de uma forte ação conjunta, Estado e municípios, para atrair fábricas de doces, de vassouras, de produtos de limpeza, de serem implantados conjuntos habitacionais, cursos do Senac/Senai/Senar, colônias especiais para a terceira idade, especialmente aposentados. Zona pobre do RS, o Litoral Norte poderia progredir mais e não deixar que os problemas se expandam e fiquem fora de controle, conforme se deduz, facilmente, após uma circulada pelas nossas ainda sedutoras praias, mesmo com sol e mar convidativos.


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01/22/2002


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