Zôo Safári permite proximidade com animais selvagens em plena cidade



No parque, administrado pelo Estado há seis anos, maior parte dos animais fica solta e pode ser vista bem de pertinho pelos visitantes

O emu, ave australiana parecida com a nossa ema, recebe o visitante com muita curiosidade. Não hesita em colocar a cabeça dentro do carro e encarar quem encontrar. Se lhe oferecem ração, normalmente vem sem demora comer na mão. Afinal, isso acontece numa trilha, em meio à Mata Atlântica, num território que leva o seu nome. Mais curioso que ele, só o macaco-aranha, que só não entra no automóvel porque a orientação é de que este esteja todo fechado.

Essa proximidade com os animais, num ambiente propício, é possível dentro da área urbana de São Paulo. É o que oferece o Zôo Safári, parque paralelo ao Zoológico, onde os animais que o habitam, em sua maioria, vivem soltos. São cervos, pavões, emas, avestruzes, bisões, lhamas, camelos, zebra, girafa, jacarés, tartarugas, hipopótamo e antas, além dos “bisbilhoteiros macacos, aranha e prego, e emas”. Alguns felinos selvagens também estão lá, como os leões, tigres siberianos e tigre branco. Mas estes não estão soltos por questão de segurança.

“Ficou decidido que as grandes e belas feras ficariam num solarium cercado para garantir a integridade tanto delas como dos visitantes”, explica o biólogo André Penha Simplício,  assistente da administração do parque. Ele conta que essa preocupação englobou muito mais a possibilidade de ousadia das pessoas do que de ataque gratuito dos animais. “Bem alimentados, não costumam ter esse instinto, a não ser que se sintam ameaçados”, informa.

Qualidade de vida

A visita ao Zôo Safári deve ser feita em carro próprio ou nas nove vans que ficam estacionadas na entrada do parque. Todas dispõem de motoristas-guias – profissionais preparados para dar informações sobre os animais durante o passeio. Por todo o circuito, há placas com o aviso de que não é permitido descer do carro. O percurso é de quatro quilômetros e leva cerca de uma hora para ser realizado.Localizada num fragmento de Mata Atlântica do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, a atração gerida pelo Estado desde 2001 ocupa área de 80 mil metros quadrados. A mata abriga também animais nativos de vida livre. Eles dividem o ambiente com os mais de 350 animais de 26 espécies, das faunas nativa e exótica, divididos em 18 territórios, conforme as possibilidades de convivência pacífica. Segundo André, os habitantes do Zôo Safári passam por um condicionamento diferenciado para ficarem aptos à interação com os humanos e livres num ambiente onde circulam os carros. Em comparação com os animais do Parque Zoológico, ganham em qualidade de vida, pois embora sejam criados em cativeiro, têm mais liberdade e espaço. Mas também ficam mais expostos, o que exige maior atenção dos tratadores e mais voz de comando dos 43 funcionários. “Há um manejo diferente em cada território, conforme o grau de liberdade e as características de seus habitantes”, informa.Além de serem vistos bem de pertinho, alguns podem inclusive ser alimentados com ração própria, vendida no local por R$ 1,00 a caixa. O trajeto começa no espaço dedicado à anta, que fica com parte do corpo na água a maior parte do tempo. Porteiras separam um território do outro e são controladas pelos funcionários, já que é necessário cuidado para não haver mistura de animais que não têm boa convivência. Na primeira parada do veículo, os pavões azuis tomam a frente do carro, muitos com a plumagem aberta, se exibindo para as fêmeas. E, ao sinal de arranque do veículo, se retiram.

Logo após a porteira, surgem os emus, que interagem com as pessoas com a naturalidade de quem se sente à vontade. Sabem comer nas mãos do visitante, embora o tamanho de seu bico cause alguma aflição nos menos tranqüilos. Depois deles, é a vez dos cervos nobres encantarem com sua majestade. Por causa do grande chifre, ficam limitados por uma cerca elétrica, pois, sem intenção, podem machucar ao se aproximarem. Pelo mesmo motivo, as árvores do seu território têm os troncos protegidos, para que não os raspem.

Macacada

A próxima área é dedicada às nascentes do riacho do Ipiranga, cujas margens estão sendo reflorestadas devido à erosão. Nela há cisnes pretos, irerês e avestruzes. Na seguinte, é preciso fechar os vidros, pois a macacada quer se chegar o máximo possível. O líder dos macacos-aranha foi batizado pelos próprios tratadores como Tom e, segundo eles, tem grande influência sobre os demais. A turma tem 16 integrantes. Se tiverem chance, sobem no carro curiosos para olhar tudo. O tratador cuida para que isso não aconteça e recorre à atenção de Tom nesse intuito.Um casal de bisões constitui a vizinhança, no território que vem à frente. São grandes e adoram uma lama. Perto deles, estão os cervos dama, que foram reproduzidos pela Disney para dar vida ao famoso Bambi. Por terem chifres menores que os dos nobres (só os machos têm), no período em que estes estão em formação, podem ser alimentados. Nessa fase são aveludados, não machucam. Logo depois, descascam, e o que possuir o maior, acaba como líder. Entre março e abril caem, e um novo ciclo começa. A história do pequeno hipopótamo de pouco mais de um ano que se vê logo depois é quase triste. O animal veio para o Zôo Safári, enviado por um zoológico do Ceará, porque seu pai o machucava, por rejeitá-lo. Na casa nova, ganhou o nome de Pororó e, assim que possível, terá uma companheira para ficar mais feliz. Os camelos, que habitam mais adiante, também vêm ao carro, mas a instrução é para manter os vidros fechados, porque eles gostam de colocar a cabeça para dentro. A zebra e a girafa ficam em frente uma da outra, com um limite eletrificado. A primeira normalmente ficaria solta, sem nenhuma contenção, mas Simplício explica que ela mudou o comportamento nos últimos dias e está um pouco agressiva, o que exigiu a medida temporária. Gifo, a girafa, é contida apenas por uma única linha na altura de seu pescoço. “É para mantê-la condicionada a não chegar no carro, pois é muito grande”, conta o biólogo.

Intercâmbio

O tigre branco veio da Argentina e está sendo preparado para cruzar com a fêmea francesa que mora no Zoológico com o irmão. Sua presença nos dois parques foi definida por ser considerado animal exótico de grande importância. Na área dos macacos-prego também há proteção nos troncos, porém, por motivo diferente que na dos cervos. É uma forma de impedir que fujam para o interior da mata e, por serem espertos, dominem todo o território, originalmente do macaco Bugio. O líder entre eles atende pelo nome de Severino.

Seguindo em frente, há um laguinho para os répteis, representados pelos jacarés de papo-amarelo e pelas tartarugas, antes do território dos leões. São três machos e quatro leoas, mas não ficam todos juntos. O Quirongozi fica rodeado pelas quatro fêmeas, porque passou por vasectomia, enquanto Vatuzi e Yuri estão separados. “Se não for assim, nascem quatro filhotes com cada leoa por ano. E precisamos manter a população estável”, explica André. “Uma fêmea do Zoológico está sendo preparada para cruzar com o Vatuzi”, conta.

Isso porque além da atividade recreativa, os dois parques desenvolvem programa de reprodução e preservação de espécies, assim como pesquisas biológicas. “Nosso trabalho visa à integração desses objetivos, inclusive no que diz respeito à mata”, explica o biólogo.

Os últimos territórios são o da ema branca, que além dos animais dessa espécie abriga os pavões brancos e as lhamas, e dos imponentes tigres siberianos, dois machos e uma fêmea. É o fim do passeio, que deixa a sensação de integração com a natureza, mesmo na área da cidade grande.

Portal do Zôo

Há uma opção de acesso ao Safári para o visitante do Parque Zoológico, por um preço especial: é o Portal do Zôo, que liga as duas atrações. Nele, foi criado um receptivo, onde os monitores da educação ambiental informam ao público as características dos animais que serão vistos e apresentam vários objetos relacionados a eles, como ovos de emas e avestruzes, chifres de cervos, além de animais taxidermizados. As vans saem do Portal, na Alameda Leão-Zoológico, de terça-feira a domingo, das 10 às 16 horas. O ingresso promocional custa R$ 10,00. Crianças pagam meia-entrada.

SERVIÇO

Zôo Safári

Avenida Cursino, 6.338 – Vila Moraes

De terça-feira a domingo, das 9 às 17 horas

(Abre às segundas-feiras somente em feriados ou vésperas de feriados)

Bilheteria fecha às 16h30.

Outras informações, no site www.zoologico.sp.gov.br/zoosafari

Telefones 6336-2131 / 6336-2132

Da Agência Imprensa Oficial

(L.F.)



12/22/2007


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