Aceleram-se preparativos da eleição
Aceleram-se preparativos da eleição
Além dos 141 mil mesários que atuarão no dia 6 de outubro, mil funcionários já trabalham no processo
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) se mobilizará para as eleições deste ano com 142 mil pessoas voltadas a atender aos 7.352.139 eleitores no Rio Grande do Sul. Serão 141 mil mesários trabalhando a 6 de outubro, dia das eleições. Em cada uma das 23.672 seções eleitorais das 173 zonas espalhadas pelo Estado há a necessidade de seis pessoas para auxiliar e fiscalizar. Poderão votar, no máximo, 500 eleitores em cada seção de Porto Alegre. No Interior, o limite será de 400.
O TRE conta com cerca de mil funcionários em todo o Estado para trabalhar no processo eleitoral. Em Porto Alegre, na sede do tribunal, atuam 330 servidores efetivos, além de 40 profissionais na Central de Atendimento ao Eleitor, localizada na avenida Padre Cacique, 96. No Interior, mais de 600 pessoas, muitas delas prestando serviço temporário, estão auxiliando nos cartórios eleitorais. O diretor-geral do TRE, Antônio Augusto Portinho da Cunha, lembrou que até as eleições de 1994, quando ocorreu pela última vez o processo de votação manual, a apuração demorava vários dias, com muito mais gastos para o TRE, que mantinha número alto de escrutinadores. Cunha ressaltou que a partir de 1996, com o uso das urnas eletrônicas e a informatização das eleições, além da agilidade na contagem dos votos, as chances de erros ficaram praticamente nulas e houve economia na contratação de profissionais. Para as eleições, o TRE dispõe de projeto orçamentário de R$ 10 milhões. Recebeu até agora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) R$ 6,5 milhões.
O presidente do TSE, ministro Nelson Jobim, prevê que às 16h do dia 6 de outubro 98% dos votos para Presidência da República deverão estar totalizados pela Justiça Eleitoral. Pelas contas do ministro, depois de oito horas de votação o TSE terá condições de conhecer o resultado de 100 milhões de votos, mas não serão divulgados para não tumultuar a votação nos estados com fuso horário. Segundo Jobim, cerca de 7 milhões dos 115 milhões de eleitores testarão o voto impresso, que deverá ser adotado totalmente na disputa de 2008.
Odila jamais abre mão do voto
Aparentemente frágil, Odila Ilgenfritz da Silva, 88 anos, expõe a sua força quando o assunto é política. A mesma senhora que pode ser vista em Ijuí cuidando de flores ou tricotando demonstra vitalidade quando sai para a rua em defesa de suas convicções. Ainda hoje, Odila empunha bandeiras e faz campanha para os seus candidatos. Mesmo que a idade não torne obrigatória a sua participação, Odila jamais admitiria deixar de exercer a cidadania. 'Quem não vota não tem o direito de criticar ou aplaudir', disse. Ela até convenceu uma professora aposentada a 'tirar o pó do título' para votar em outubro.
O gosto pela política começou a ganhar forma quando o marido, Ruben Kessler da Silva, assumiu a Prefeitura de Ijuí em 1947, nomeado para período de transição de pouco mais de um mês. O envolvimento mais direto veio com a eleição municipal de 1951. Ruben concorreu à prefeitura pelo Partido Social Democrático, coligado com o Partido Libertador. O adversário era Eugênio Michaelsen, do Partido de Representação Popular. A vitória era difícil e ela percorreu bairros na organização de núcleos de mulheres para reverter o quadro. O marido venceu por diferença de oito votos. No período, Odila atuou ativamente. Dos filhos, o arquiteto Clóvis foi o único a seguir os caminhos da política. Concorreu ao Piratini, foi deputado e secretário estadual e é conselheiro da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados.
Articulador de FHC ajudará Serra
Entra na campanha disposto a mostrar ao eleitor diferenças entre candidatos e aposta nos indecisos
O estrategista político das vitoriosas campanhas de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República, Antônio Lavareda, entrou com atraso na campanha de José Serra, da aliança PSDB-PMDB. Como os outros integrantes do comando da candidatura, Lavareda aposta no horário eleitoral de rádio e TV, que começará dia 20. Garantiu que não irá apelar a ataques aos adversários para melhorar o desempenho de Serra. 'É momento de fazer o eleitor entender as diferenças entre os candidatos', observou. Acredita que a maioria apenas toma decisão na última semana. Para Lavareda, até o voto definido poderá mudar depois da propaganda gratuita.
As orientações de Lavareda aos seus clientes só ocorrem depois de detalhados estudos quantitativos e qualitativos. São atribuídas ao estrategista, por exemplo, algumas das últimas ações do presidenciável, como o encontro com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e a briga contra o preço do gás de cozinha. Mesmo sendo candidato do governo, Serra vai tentar construir identidade própria. Lavareda também é responsável pelas campanhas de Jarbas Vasconcelos, do PMDB, em Pernambuco; José Reinaldo, do PFL, no Maranhão; e Lúcio Alcântara, do PSDB, no Ceará.
Lavareda admitiu que não há forma de fugir do debate sobre a situação econômica, mas acredita que a campanha não será totalmente tomada pela crise atual. 'Quem mora no sertão pernambucano não está preocupado com o Fundo Monetário Internacional ou a Área de Livre Comércio das Américas. Quer saber o que o candidato fará para melhorar a sua vida', afirmou o estrategista.
O programa de governo de Serra será lançado quarta-feira. O candidato vai se comprometer a melhorar o que foi realizado por Fernando Henrique Cardoso. Apontará o desemprego e a violência urbana como inimigos. Segundo o plano, com 80 páginas, a prioridade da gestão de Serra será a melhoria dos indicadores sociais.
No primeiro dia da propaganda eleitoral, o PSDB vai prometer a criação de sistema único para a segurança. 'Será necessário desenvolver nova estrutura', admitiu Luiz Paulo Vellozo Lucas, coordenador do programa e prefeito de Vitória, Espírito Santo. Ele citou a parceria entre a União e as prefeituras para o Sistema Único de Saúde como exemplo bem-sucedido que deve ser copiado na segurança. Serra também pretende criar o Ministério da Segurança Pública, atribuir aos municípios papel na prevenção e na punição de pequenos delitos e abrir presídios federais para criminosos envolvidos com o narcotráfico.
Agenda dos candidatos
Domingo
11 Celso Bernardi (PPB)
10h: Triunfo.12h: Lançamento da candidatura da chapa majoritária em Taquari. 15h30min: Bom Retiro do Sul. 17h30min: Fazenda Vila Nova. 19h30min: Tabaí.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
12h: São Sebastião do Caí. 13h: São Leopoldo. 15h: Itapuã, em Viamão. 17h30min: Reunião no partido.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
11h: Reunião com representantes da Fundação Ulysses Guimarães.
22 Aroldo Medina (PL-PGT-PSD)
15h: Santa Cruz do Sul.
40 Caleb Oliveira (PSB)
10h30min: Caminhada na Redenção. 13h: Almoço com o deputado federal Beto Albuquerque e apoiadores.
Newsweek aponta evolução de Lula
A última edição da revista norte-americana Newsweek, contendo reportagem sobre a eleição presidencial brasileira, apontou que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, mudou. A revista considera que suas idéias anticapitalistas deram lugar a termos como responsabilidade fiscal e mercado global. 'Ele entende que dívida é questão aritmética, não problema de ideologia', avaliou o investidor Walter Molano, da BCP Securities. A revista observou que, após perder três eleições, Lula decidiu abandonar o discurso contra o capitalismo selvagem e a simpatia pela suspensão do pagamento da dívida externa. Questionou a proposta de criar 10 milhões de empregos em quatro anos.
< b> Perguntas e respostas
Como justificar o voto?
O eleitor deverá comparecer a qualquer seção eleitoral do país e apresentar o número do título.
O que deverá fazer o eleitor que estiver em outro país?
Terá prazo de 30 dias, a contar de sua volta ao país, para apresentar justificativa no seu cartório eleitoral. Deverá levar o comprovante de ausência, o passaporte e o bilhete de passagem.
Como deverá proceder o eleitor que esquecer o título em casa?
Deverá apresentar identidade.
O eleitor poderá pedir ajuda aos mesários na hora de votar?
Sim, mas apenas sobre como utilizar a urna eletrônica.
É permitido votar com o distintivo ou a camiseta do candidato?
Sim. É lícita a manifestação individual. É proibida a distribuição de material no dia da eleição.
Quem deixar de votar terá punição?
Quem não justificar nos casos previstos em lei será multado.
O eleitor que não votou na última eleição poderá participar desta?
Poderá votar normalmente. Só será cancelado o título de quem deixar de ir, sem justificativa, a três eleições consecutivas.
O eleitor poderá usar celular?
Não. Os eleitores não poderão entrar na seção com telefone celular ligado ou qualquer outro aparelho de radiocomunicação.
O eleitor é obrigado a votar nos dois turnos da disputa?
Sim.
Simulação vai comprovar lisura
Uma novidade para estas eleições será a votação paralela, que ocorrerá no Foro Central de Porto Alegre, em 6 de outubro, das 8h às 17h, mesmo horário da votação em todo o país. A Justiça Eleitoral busca comprovar a eficiência da informatização do processo e demonstrar que é praticamente nula a possibilidade de haver uma fraude. No dia anterior, haverá o sorteio de duas urnas eletrônicas, uma do Interior e outra da Capital, que serão enviadas ao Foro. No local, haverá sistema informatizado com as duas urnas e mais um computador. Dez funcionários do Tribunal Regional Eleitoral irão se revezar no preenchimento das cédulas de cada urna, digitando os números dos candidatos, desde os que disputam a Assembléia até os que concorrem à Presidência da República. Cada funcionário votará sempre no mesmo candidato para os respectivos cargos. Às 17h, os votos serão impressos em duas vias de cada urna e o resultado final terá de coincidir. Haverá duas câmeras filmando todo o procedimento. Candidatos e representantes de partidos políticos poderão acompanhar a simulação de perto.
TRE tem telefones para tirar dúvidas
O eleitor de Porto Alegre que quiser esclarecer dúvidas pode ligar para o número 3230-9600. Quem mora no Interior deve entrar em contato com o cartório de cada região. A 16 de setembro, o TRE lançará o disque-eleição. Na Capital, bastará ligar para 3231-1000 e no Interior o número disponível será 0300-1470137, com custo de R$ 0,27 o minuto. O atendimento, em Porto Alegre, é das 11h às 19h, inclusive nos finais de semana, quando as três zonas responsáveis pela propaganda eleitoral fazem revezamento.
Vedada campanha de servidores
A Comissão de Ética Pública, ligada à Presidência da República, divulgou sexta-feira nota de esclarecimento sobre a participação de autoridades da alta administração federal nas campanhas eleitorais. Segundo o texto, os ministros e os cerca de 700 servidores não podem permitir que o local de trabalho seja utilizado para distribuir material de propaganda ou para comícios e eventos de caráter partidário. O código de conduta os proíbe da função de administrador de campanha mesmo que informalmente. Constranger subordinados a apoiar determinado partido ou candidato ou praticar qualquer ato de discriminação relacionado às eleições são também vedados. A Comissão de Ética esclareceu que é permitido manifestar preferências, divulgar informações apenas de acesso público e, em caráter pessoal, participar de comícios desde que não envolvam recursos públicos.
Artigos
Pai, o bom piloto
Victor Faccioni
No próximo domingo, comemoraremos o Dia dos Pais, pessoa tão importante que, junto com a mãe, forma a base da família. Hoje vivemos uma crise generalizada (na economia, na política, nos partidos, nos municípios, nos estados, no país, o próprio mundo). A família não escapa, talvez sua crise esteja na raiz das demais. Se ela está doente, todo o organismo social se ressente. Os valores éticos e morais estão sendo contestados, a união do casal, a autoridade dos pais, as responsabilidades de cada membro no lar. A crise, como um todo, mas especialmente a familiar, repercute na formação dos filhos, trazendo insegurança e criando verdadeiros traumas nas crianças, que são os adultos de amanhã.
Teorias surgem sobre a educação. Umas mandam dar total liberdade para que as crianças possam usar suas capacidades, mas isso pode gerar a loucura, já que não dá limites e, por isso, favorece sair da realidade. Outras pregam a repressão, o castigo, a proibição, que pode gerar a submissão com a falta respectiva de iniciativa ou de revolta, e ficamos saltando de um lado para outro. Tudo corre tão rápido. Evoluímos mais na prática ou na técnica do que no emocional, daí nos vemos de repente sem os valores antigos e ainda não assumimos outros; ficamos perdidos sem saber para onde nos leva esse modernismo. O bom senso orienta para o meio-termo, principalmente na forma do trato dos pais para com os filhos e nas relações sociais. O pai que exige com amor, acolhe com serenidade, compreende com segurança garante a retaguarda para que seus filhos tenham uma visão mais otimista, tranqüilidade e capacidade para seguir e bom senso nas suas decisões. Serão pilotos capazes de superarem as turbulências da crise atual.
Mas a harmonia no lar não é fruto do acaso. Li num jornal uma espécie da Carta Magna da Família, sintetizada nestes conselhos ao casal: 'Os dois nunca devem se irritar ao mesmo tempo; se alguém deve ganhar a discussão, que seja o outro; se for inevitável criticar, faça-o com amor; nunca ir dormir sem ter chegado a um acordo; quando um não quer, dois não brigam'. Belo programa de vida em família. Que o próximo Dia dos Pais nos estimule a refletir sobre isso se quisermos sobreviver às crises e chegar com segurança ao destino de nossa viagem.
Colunistas
PANORAMA POLÍTICO - A. Burd
CHAPA É DE CENTRO-ESQUERDA
1) O senador José Alencar, vice de Lula, peregrinou desde 4a-feira por Santa Catarina e Paraná afirmando, em palestras para empresários e entrevistas, que 'a chapa do PT é de centro-esquerda'. Precisará fôlego para repetir no Rio Grande do Sul outra definição sua: a de que não existe mais antagonismo ideológico entre PT e PL. Dono de complexo têxtil, espera convite.
2) No cassino eleitoral, candidatos e partidos apostarão todas as fichas nos programas de rádio e TV. A roleta começará a girar a 20 de agosto. Sob efeitos especiais de luzes e cores, os marqueteiros serão os crupiês da exposição da forma. Quanto ao conteúdo, os eleitores, dizem eles, que deduzam como melhor lhes aprouver. Afinal e como sempre, o show não pode parar.
BATE-BOCA NA TV
Brizola: 'Filhote da ditadura'; Maluf: 'Desequilibrado'; Brizola: Filhote'; Maluf: 'Desequilibrado. Ficou 15 anos no exílio e não aprendeu nada'. Baixaria ao vivo em debate da campanha de 1989.
NOVA RODADA
Terminou à 1h30min deste sábado a reunião de lideranças de PPB, PMDB, PSDB, PDT e PTB que tratou de sucessão estadual. Na noite deste domingo, nova rodada da operação contra a bipolarização.
HÁ UM ANO
Equívocos passageiros: 1) na primeira semana de agosto de 2001, Luiz Inácio Lula da Silva declarou, em Guarani das Missões, que 'voltaria a subir em palanque com FHC. E m política nunca se pode dizer que isso ou aquilo não acontecerá'; 2) Leonel Brizola apontou o caminho à oposição: 'Itamar e Ciro serão derrotados pelo candidato do governo se não se unirem numa única chapa para a eleição presidencial de 2002'.
REPETIÇÃO
Problema de Paulinho da Força Sindical não é o primeiro. Em 1994, diante de denúncias durante a campanha, os senadores Guilherme Palmeira, vice de FHC, e José Paulo Bisol, de Lula, foram substituídos.
VEIA POÉTICA
Em todas as campanhas, até agora, José Fogaça impediu o uso de suas composições musicais na propaganda. Desta vez, todos os marqueteiros com quem conversa dizem que precisa deixar pruridos de lado.
NO MESMO LUGAR
O TRE publicou decisão mantendo a formação da aliança PDT-PTB em Santa Catarina, conforme deliberaram as convenções de junho. Um grupo de pedetistas queria se bandear para candidatura de Sérgio Grando, do PPS. A Justiça decidiu que o problema é de responsabilidade exclusiva do partido e ponto final.
DOS LEITORES
' Eva Prates: 'Ciro Gomes abraçado com ACM. Isso estava previsto no script da Frente Trabalhista?
' José Jordão Disconzi: 'O Congresso Nacional está gastando em torno de R$ 500 mil dos contribuintes na instalação de um novo painel eletrônico no plenário para evitar as fraudes. Isto é uma vergonha!'.
' Aida Maria dos Santos: 'Passou-se mais uma semana da campanha à sucessão estadual e os candidatos primaram pela obviedade. Entre estocada e outra, declarações vagas e sem maior conteúdo'.
' Alzira Couto: 'Gostaria muito de dever em reais e receber em dólares. Será possível essa operação?'.
' Ernesto Renzo: 'Os governantes da América Latina são pessoas de baixa confiabilidade. Não passam de perdulários e ineficientes. O secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, tem toda a razão no que diz'.
APARTES
Leonel Brizola confirma: estará às 14h de 2a-feira em Porto Alegre para a reunião decisiva sobre sucessão.
Mal terminou o recesso e já ferve a chaleira na Câmara Municipal.
Cidades que têm antecipado o fechamento de bares à noite reduzem fortemente as ocorrências policiais.
Novo Código Civil só terá vigência a partir de janeiro de 2003 e já existem 188 projetos para alterá-lo.
Chuchu já foi o vilão da inflação. Agora, o gás, cuja produção nacional atende a 70% do consumo interno.
Ataques aos bolsos: os reajustes da energia elétrica caminham a passos largos na frente da inflação.
Não foi só com Garotinho: em março de 2001, ruiu o palanque no qual discursava o então senador ACM.
Deu no jornal: 'Lula se prepara para os eleitores das classes C, D e E'. Sem terno estrangeiro, é claro.
Fabricantes de dossiês com agendas lotadas. Novas encomendas só para primeira quinzena de setembro.
Editorial
VOTO CONTRA A APATIA
A crise que se abateu sobre o país está atingindo não apenas nossa economia, o que não é pouco, mas também a auto-estima e a esperança do povo brasileiro. Em muitas pesquisas de opinião, mesmo quando os entrevistados respondiam que a situação geral do país tendia a se agravar, normalmente acreditavam que a sua condição particular iria melhorar. Hoje, quantos diriam o mesmo?
A ausência de otimismo, de confiança no futuro, está sendo, inclusive, notada no momento em que atravessamos um período de eleições. Noutros tempos, ainda que desconfiados das promessas mirabolantes dos candidatos, não obstante um certo messianismo, havia ainda uma ponta de esperança de que as propostas pudessem ser colocadas em prática. Para um povo historicamente otimista na sua própria sorte, acreditar sempre fez parte do seu cotidiano.
Nas eleições atuais, em que pese aos presidenciáveis se mostrarem retoricamente preparados para gerir os destinos do país, com aptidão para gerar empregos, investir em saúde pública e educação, contornar as mazelas da segurança pública e renegociar as dívidas interna e externa, a população não parece se entusiasmar com as plataformas dos concorrentes. As campanhas parecem imersas em banho-maria. Falta ainda que os candidatos consigam empolgar seu público-alvo.
Nesse quadro em que reina o pessimismo, resta a indagação de até que ponto o início do horário eleitoral gratuito poderá reverter a apatia que cerca as eleições gerais do corrente ano. Marqueteiros à parte, é lícito esperar que em seus programas os candidatos possam efetivamente oferecer subsídios para que os eleitores possam fazer suas escolhas, resgatando neles a chama da esperança.
Sem dúvida, os brasileiros que já participaram de outras eleições devem estar percebendo o contraste entre a campanha atual e outras anteriores, quando havia intensas mobilizações. Contudo, há que se esperar que esse quadro seja revertido, que o povo volte a acreditar que é possível mudar o Brasil, assumindo seu papel de protagonista e elegendo candidatos comprometidos com tais mudanças, usando seu voto como instrumento para tanto. Se gato escaldado tem medo de água fria, os dissabores eleitorais já vividos pelo povo brasileiro podem ensiná-lo a votar com responsabilidade.
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08/04/2002
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