Acervo sobre ditadura militar repatriado ao Brasil será digitalizado



Uma série de documentos sobre violações dos direitos humanos por agentes do Estado durante a ditadura militar foi repatriada ao Brasil. O acervo que estava nos Estados Unidos foi entregue pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e pelo Center for Research Libraries a autoridades brasileiras, na terça-feira (14), na Procuradoria Regional da República em São Paulo.  

O material faz parte do acervo Brasil: Nunca Mais, que será digitalizado e colocado à disposição para consulta pela internet. São cópias de 707 processos judiciais do Superior Tribunal Militar (STM). Outros 4 mil documentos do CMI sobre o período também farão parte do coleção digital, que começa a ser construída em julho e deve estar disponível para acesso em 2012. O Arquivo Público do Estado de São Paulo ficará responsável pelo trabalho.

Essa iniciativa de difusão e pesquisas de documentos é resultado da ação de grupo que contou com a liderança e apoio do arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns e do pastor Jaime Wright. Entre 1979 e 1985, eles copiaram clandestinamente processos do STM e enviaram aos Estados Unidos, na tentativa de preservar a história do País durante os “anos de chumbo”.

As cerca de 1 milhão de páginas dos processos datados de 1961 a 1976 mostram informações e evidências de violações dos direitos humanos. Já o acervo do CMI é formado principalmente por correspondências trocadas entre Dom Paulo Evaristo Arns e Jaime Wright, ainda inéditas, durante os seis anos de execução do projeto.

Para o presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, a iniciativa promove o direito à memória e à verdade e amplia o acesso dos brasileiros as informações de um período extremamente duro da história brasileira. “O projeto Brasil: Nunca Mais está em plena consonância com as políticas que o governo federal vem desenvolvendo desde ações da Secretaria de Direitos Humanos, da Comissão de Anistia e do Arquivo Nacional”, ressaltou. A digitalização desses arquivos, segundo Abrão, é um marco que se soma ao Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985) - Memórias Reveladas.

O projeto do Ministério Público Federal, do Armazém Memória e do Arquivo Público do Estado de São Paulo conta com o apoio da OAB/RJ, do Center for Research Libraries (EUA), do Conselho Mundial de Igrejas (Suíça) e do Instituto de Políticas Relacionais.

 

Fonte:
Ministério da Justiça



15/06/2011 11:16


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