Acesso a bibliotecas reduz evasão escolar, confirma pesquisa do Ipea



Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Instituto Ecofuturo, em 2007, avaliou o impacto do Projeto Bibliotecas Comunitárias Ler é Preciso, mostrando que a implantação de 55 unidades levou à redução, nesses lugares, de 0,6% do índice de evasão escolar.

- Ter [menos] 0,6% é quase um ponto adicional de redução e estamos otimistas com relação à taxa [de evasão escolar] - salientou a pesquisadora do IPEA, Mirela Carvalho.

O estudo foi mencionado pela pesquisadora durante o seminário "Expansão do acesso à leitura: integração entre ações públicas e privadas", realizado nesta quarta-feira (14), por iniciativa da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). De acordo com Mirela, a pesquisa avaliou como as bibliotecas poderiam influir, por exemplo, na aprovação e reprovação de alunos e no abandono da escola. Foram implantadas 80 bibliotecas em nove estados, pelo projeto realizado pelo Ecofuturo em parceria com a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

Mirela foi uma das debatedoras do tema "Como ampliar o acesso à leitura e como articular as ações entre os setores públicos e privados", em mesa presidida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Ela explicou que a pesquisa mencionada englobou as bibliotecas implantadas antes de 2005 e após esse ano e comparou os resultados com comunidades onde não existe nenhuma biblioteca. Conforme Mirela, a pesquisa revelou ainda que a comunidade contribui mais com doação de livros que com a gestão e a utilização das bibliotecas.

O estudo sugere premiar as melhores bibliotecas e criar um sistema de capacitação continuada de bibliotecários. Promover troca de experiências entre bibliotecas sobre planejamento, gestão e realização de atividades de apoio e incentivo à leitura também estão entre as sugestões levantadas pela pesquisa.

Leitores

Jaqueline de Grammond, pesquisadora do departamento de Ciências da Educação da Universidade Federal de São João Del Rey (UFSJ), em Minas Gerais, responsável pela pesquisa de avaliação da biblioteca escolar, salientou o objetivo de orientar "políticas de promoção de leitura".

- Os dados mostram uma relação direta entre a escolarização e o gosto pela leitura - revelou, citando estudo feito em Portugal pela pesquisadora Maria de Lourdes Dionisio, que também aponta a escola como fator determinante na formação de leitores.

Já o Programa Literatura em Minha Casa, encerrado em 2003, também citado por Grammond, teria comprovado que a escola pode ser o único local que propicia acesso à leitura.

Grammond ainda mencionou pesquisa realizada em conjunto pelo Ministério da Educação (MEC) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O levantamento teria comprovado que as bibliotecas, de modo geral, não funcionam como incentivadoras de ações de leitura, sendo dada maior ênfase à sua estrutura física.

- Há maior necessidade de formação de professores e outros profissionais da escola para que a biblioteca seja o coração da escola - sugeriu.



14/10/2009

Agência Senado


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