ACM diz que não pediu lista e se omitiu para "preservar o Senado", mas admitiu telefonema



Num depoimento de quase seis horas ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, nesta quinta-feira (dia 26), o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) afirmou que não pediu, "nem direta nem indiretamente", a lista da votação secreta da sessão em que foi cassado o senador Luiz Estevão e que, após receber uma cópia do senador José Roberto Arruda (sem partido-DF), preferiu omitir-se "para não prejudicar a imagem do Senado".

Pela primeira vez, Antonio Carlos admitiu que telefonou para Regina Célia Borges, ex-diretora do Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal (Prodasen), "para tranqüilizá-la" e, ao mesmo tempo, "admoestá-la". Ele elogiou a competência de Regina Célia, mas citou casos em que ela teria agido por conta própria, acreditando estar agradando ao então presidente do Senado. A ex-diretora afirmou em seu depoimento que a lista foi feita a pedido de Arruda, que dizia falar em nome de Antonio Carlos.

O ex-presidente do Senado repetiu várias vezes que não deu ao senador José Roberto Arruda "qualquer incumbência" para conseguir a lista com os votos da sessão que cassou o senador Luiz Estevão, em 28 de junho do ano passado. Indagado pelos senadores, concordou em participar de uma acareação com a ex-diretora do Prodasen e com Arruda.

O relator do processo no Conselho de Ética, senador Roberto Saturnino (PSB-RJ), afirmou durante o depoimento que tinha "dificuldades em dar credibilidade" ao senador Antonio Carlos, porque ele ocupou a tribuna há alguns dias para dizer que nunca vira ou recebera a lista, mudando agora sua versão. Saturnino e Jefferson Péres (PDT-AM) disseram ser "difícil entender" que o ex-presidente do Senado tenha telefonado para a ex-diretora "para acalmá-la, ao invés de condená-la".

A mesma opinião foi manifestada durante a reunião pelos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Marina Silva (PT-AC). Marina observou que não se sentia convencida pelas respostas de Antonio Carlos, acrescentando que "a sociedade também deve estar pensando assim".

Apenas três senadores apoiaram Antonio Carlos durante o depoimento - Waldeck Ornelas (PFL-BA), Paulo Souto (PFL-BA) e Bello Parga (PFL-MA). Ornelas sustentou que a atitude de Antonio Carlos de omissão para preservar o Senado era "patriótica e de estadista".

O momento mais tenso do depoimento, acompanhado por quase duas centenas de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, com transmissão ao vivo pela TV Senado, Rádio Senado e outras emissoras, ocorreu durante as perguntas feitas pelo o senador Antero de Barros (PSDB-MT), logo após o senador Antonio Carlos confirmar que havia destruído a lista.

- Vossa Excelência não prevaricou? - perguntou Antero.

- Nunca prevariquei e não aceito isso. Vossa Excelência tem de usar termos adequados - respondeu Antonio Carlos.

O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), convocou reunião para as 9h desta sexta-feira (dia 27), quando será ouvido o senador José Roberto Arruda. Em discurso feito na segunda-feira (dia 23), Arruda afirmou que apenas consultou a ex-diretora Regina Borges sobre a possibilidade de se obter a lista com o resultado da votação secreta.

26/04/2001

Agência Senado


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