Ademir Andrade critica privatização de geradoras de energia elétrica



A disposição do governo federal de privatizar as geradoras de energia elétrica do país, como Furnas, Chesf e Eletronorte, foi criticada em plenário, nesta sexta-feira (dia 9), pelo senador Ademir Andrade (PSB-PA). A polêmica em torno do tema levou o senador a apresentar requerimento para a convocação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Alcides Tápias, à frente do Conselho Nacional de Desestatização do BNDES, e do ministro interino das Minas e Energia, Hélio Vitor Ramos Filho, para prestar esclarecimentos à Casa sobre a desestatização do setor elétrico da Amazônia e da hidrelétrica de Tucuruí.

"Gostaria de saber por que o presidente Fernando Henrique Cardoso teima em fazer isso a qualquer custo", declarou. Na sua opinião, a instalação de uma comissão parlamentar mista de inquérito para investigar denúncias de irregularidades no governo federal poderia revelar também "o que há por trás" da privatização das centrais elétricas. Andrade se disse surpreso, inclusive, com a decisão do governo de transferir o processo de privatização do setor do Ministério das Minas e Energia para o Conselho Nacional de Desestatização do BNDES.

Para o senador paraense, o Executivo demonstra uma atitude incoerente ao tratar da questão. Ademir Andrade questiona, por exemplo, o fato de o poder público continuar investindo em um setor prestes a ser repassado à iniciativa privada. Ele citou a construção da segunda etapa da hidrelétrica de Tucuruí, que deve consumir US$ 1 bilhão em recursos da Eletronorte. Segundo informou, já foram aplicados ao todo US$ 6,5 bilhões nessa obra, cujo faturamento anual chega a US$ 1 bilhão, mas a União quer vendê-la por apenas US$ 1 bilhão.

"O governo está querendo vender a galinha dos ovos de ouro", afirmou Andrade, observando que ninguém quer comprar o que dá prejuízo nem fazer o que pode conseguir de graça. O parlamentar socialista também lançou suspeita sobre o desperdício dos recursos oriundos de privatizações. E admitiu ter chegado a essa conclusão diante do crescimento contínuo da dívida interna, que passou de R$ 60 bilhões para R$ 540 bilhões nos seis anos de governo FHC. "Para atrair investimentos externos, o governo chegou a pagar 49,5% de juros ao ano pelos títulos da dívida", comentou.

09/03/2001

Agência Senado


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