ADEMIR ANDRADE QUER DEBATER SITUAÇÃO DO MUSEU GOELDI NA CAS



O senador Ademir Andrade (PSB-PA) quer reunir a Comissão de Assuntos Sociais, que preside, para debater os problemas que estão afetando o funcionamento do Museu Paraense Emílio Goeldi. O senador protestou contra o corte de R$ 3 milhões no orçamento do Museu.- Lamentavelmente, estou obrigado a ocupar esta tribuna para falar do corte de míseros R$ 3 milhões, quando o governo reserva R$ 68 bilhões para pagamento dos juros das dívidas interna e externa este ano, com previsão de R$ 88 bilhões para o ano que vem - disse Ademir.O senador traçou um quadro desolador da situação atual do museu. O aquário público, o mais antigo do país, em funcionamento desde 1912, está sendo desativado. Duas turmas de 20 alunos, cada, do Clube do Pesquisador Mirim tiveram o mesmo destino. As visitas monitoradas também foram extintas, prejudicando somente em outubro 800 alunos. Foram paralisados os projetos de educação ambiental Cidade Limpa, Cidade Linda, Museu Itinerante e Ciência e Comunidade. Falta dinheiro para pagar água, energia, telefone e até para a alimentação dos animais no Parque Zoobotânico.- Diante de um quadro de tantas dificuldades, o que nos causou maior espanto foi o fato de que os recursos próprios da instituição foram confiscados, inclusive os provenientes de financiadores externos - afirmou Ademir, culpando o decreto 2.773/98. Segundo ele, essa retenção de recursos próprios tem causado o descumprimento de contratos com fornecedores.O senador quer promover uma audiência pública na CAS, com a presença de representantes do museu, do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério da Administração e Reforma do Estado. Ademir convidou também todos os senadores que desejarem a participar da discussão.O parlamentar pelo Pará lembrou o papel principal do museu, que é o de catalogar a diversidade biológica e sócio-cultural da Amazônia, atividade que desempenhou com exclusividade até meados deste século. Hoje, o museu é um centro internacional de referência, considerado como prioridade no Programa Piloto para a Proteção de Florestas Tropicais do Brasil, o PPG-7.A instituição conta com uma enxuta equipe de 70 pesquisadores, sendo 49 doutores ou doutorandos e 20 mestres e mestrandos. Há ainda 200 tecnólogos e técnicos administrativos e 100 bolsistas. Com a crise, foram demitidos 28 estagiários e 11 prestadores de serviço. O corte de pessoal ameaça 53% do quadro atual do museu. Para efeito de comparação, Ademir citou o número de doutores na região Norte: apenas 482, contra mais de cinco mil na região Sudeste.O senador listou o patrimônio histórico e científico do museu, segundo ele um dos mais importantes da Amazônia: uma coleção biológica com 151 mil plantas herborizadas, 7.200 amostras de madeira, 7.200 de pólen, 1.600 de células e tecidos vegetais, 46 mil espécimes de répteis e anfíbios, 66 mil de aves, 25 mil de mamíferos, 1,7 milhão de insetos, 2.700 de outros invertebrados e 40.500 de peixes.

12/11/1998

Agência Senado


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