Ademir exige poder público investindo em saneamento



O senador Ademir Andrade (PSB-PA) disse que o poder público tem a obrigação de investir em saneamento básico e corrigir as gravíssimas distorções apontadas pelo censo sobre saneamento básico, divulgado em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o IBGE, no Sudeste, a região mais rica do país, apenas 53% dos domicílios têm água e esgotos tratados, com os números se reduzindo no Nordeste (14,7%) e Norte (2,4%).

Para Ademir, o Brasil não pode curvar-se às exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) e privatizar o saneamento básico no país. O senador assinalou que há uma tendência mundial de privatização do setor, porque a água é um bem escasso e, por isso, tem a cotação do metro cúbico cada vez maior no mercado internacional:

- Na Itália, há uma recomendação de que todos os municípios devem privatizar o saneamento básico. Na Suíça, foi até criado um fundo de investimentos para o setor. Mas esses são países onde não há mais problemas de saneamento ou água tratada. No Brasil, ao contrário, chegamos ao absurdo de ter dez municípios sem qualquer tipo de saneamento básico, zero - ressaltou Ademir Andrade.

Segundo o IBGE, das dez cidades inteiramente sem saneamento, cinco são no Maranhão, duas no Pará, uma em Rondônia, uma em Santa Catarina e uma no Rio Grande do Sul, o que, segundo o senador comprova o abandono dos estados do Norte e do Nordeste. Ademir denunciou também que o governo destina apenas 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para saneamento básico e que seria necessário investir 0,4% do PIB, ou seja, R$ 1,6 bilhão a mais.

Ademir informou que a água mais cara do país é cobrada no Rio Grande do Sul, pela Companhia Riograndense de Saneamento, a Corsan - R$ 23,57 por metro cúbico. A mais barata é a do Rio de Janeiro, que custa R$ 5,99:

- Mesmo assim, a companhia gaúcha opera no prejuízo, o que comprova que saneamento básico, no Brasil, é uma obrigação de União, estados e municípios. Mas temo que o governo ceda às pressões do FMI e privatize todo o setor. A crise de energia no país, por exemplo, nada mais é do que uma preparação para privatizar de vez todo o setor.



10/06/2002

Agência Senado


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