DISCUSSÃO SOBRE FUNDOS ESCONDE DISPUTA PELO PODER, DIZ ADEMIR ANDRADE
Ao comentar o debate iniciado pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA) em torno da medida provisória que impõe juros fixos para programas de desenvolvimento geridos pelos fundos constitucionais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) afirmou que a discussão tenta escamotear uma clara disputa de poder entre dois segmentos da base governista no Senado. Segundo Ademir Andrade, os jornais estão divulgando algo muito diferente do que estava sendo discutido em plenário e colocam o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, como principal defensor da fusão do Banco da Amazônia (Basa) e da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) numa única agência regional de desenvolvimento.Ele disse que a discussão não leva em conta se a medida será boa ou ruim para a população da região, mas sim que essa fusão gerará um órgão que terá mais dinheiro que o governo estadual e poderá tornar-se um governo paralelo no estado. O senador lembrou que o Fundo Constitucional do Norte (FNO) tem R$ 400 milhões e a Sudam outros R$ 600 milhões que ainda não foram aplicados em nenhum projeto ou programa de desenvolvimento. - O Basa é hoje uma instituição popular e querida na região. Todos os movimentos organizados se levantaram contra a proposta de extinção do Basa, feita há três anos. É preciso que o governo Fernando Henrique diga o que quer e pare de assombrar todo mundo com essas ameaças - assinalou Ademir.Em aparte, o senador Francelino Pereira (PFL-MG) disse ser contra medida idêntica envolvendo a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Ele informou ter sido informado de que a Sudene não seria transformada em uma agência de desenvolvimento. O senador Agnelo Alves (PMDB-RN) lembrou que o próprio presidente da República, na solenidade de assinatura da MP, enalteceu a atuação do BNB na região.O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) afirmou que tem conversado muito com o ministro Fernando Bezerra sobre o assunto. De acordo com Alcântara, o ministro garantiu que não enfraqueceria o BNB, instituição que é responsável por 75% do crédito disponível no Nordeste. "Por estar atuando no mercado financeiro, o BNB é uma instituição sensível e não pode transparecer insegurança ou instabilidade de qualquer natureza, e sabemos que tem muita gente que, se pudesse, acabava com Sudene, Sudam, Basa, com tudo", avaliou Alcântara.O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) reafirmou que o ministro Fernando Bezerra conseguiu um feito inédito ao priorizar a produção com a redução da taxa de juros. Para Barbalho, o ministro deve lutar para que seu Ministério dê orientação às políticas de integração do governo federal. "O ministro Fernando Bezerra só merece elogios", concluiu. A senadora Heloísa Helena (PT-AL) considerou muito interessante toda a discussão porque percebeu um alargamento da oposição ao governo no Senado, quando se trata do desrespeito do governo pelo Nordeste.
18/01/2000
Agência Senado
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