Adiada votação de requerimento para ouvir empresários que acusam José Dirceu de fazer tráfico de influência



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) recuou da tentativa de votar na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), nesta quarta-feira (18), requerimento em que solicita o comparecimento dos empreiteiros José Augusto Quintelle Freire e Romênio Marcelino para explicar denúncias de corrupção publicadas pela revista Veja, com base em entrevista com os dois. O ex-ministro José Dirceu é citado por tráfico de influência a favor da Delta Construções, empresa de Fernando Cavendish, a quem os denunciantes ainda atribuem a afirmação de que, "com alguns milhões, seria possível comprar um senador".

Ao desistir do pedido de votação, Alvaro Dias adiou o exame do requerimento, evitando que ficasse prejudicado pelo reduzido quórum já ao fim da reunião. Antes, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), já havia anunciado que iria pedir votação nominal da matéria, o que provocaria sua queda.

Com relação à acusação de que seria fácil "comprar um senador", Alvaro Dias argumentou que não pode pairar dúvidas sobre a conduta dos senadores.

- Se não reagirmos, estaremos convalidando denúncias caluniosas que sempre possam ocorrer. Sabemos que alguns políticos se vendem, mas a generalização é desonesta - afirmou.

Providências

Jucá disse considerar desnecessária a vinda dos empresários. Segundo ele, se o Senado for chamar para audiência "qualquer boquirroto", a Casa se transformará em delegacia de polícia.

Aníbal Diniz (PT-AC) também considerou dispensável o convite, já que a Advocacia Geral do Senado já havia sido encarregada de adotar providências em relação ao caso. Como explicou, o presidente da Casa, José Sarney, tomou essa decisão na terça-feira (17), quando o próprio Alvaro Dias levou a questão ao Plenário.

Influência

Alvaro Dias explica no requerimento que, em reportagem publicada em 4 de maio, os dois empresários denunciaram a Veja que José Dirceu estaria exercendo influência a favor da Delta, citada como a empreiteira que mais recebeu recursos referentes a obras federais em 2010. José Dirceu teria sido contratado para aproximar Cavendish, presidente do Conselho da Delta, de pessoas influentes do PT.

Freire e Machado eram donos da Sigma Engenharia, comprada pela Delta em 2008. Durante as negociações para a fusão das empresas, no entanto, teria havido um desentendimento entre eles e Cavendish. Ainda de acordo com os denunciantes, Cavendish contratou a JD Assessoria, de José Dirceu, por meio da Sigma. O motivo seria encobrir a relação entre a Delta e Dirceu - que foi ministro da Casa Civil no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deixou o cargo em meio às denúncias do episódio conhecido como o "Mensalão do PT".



18/05/2011

Agência Senado


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